19- Ego

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A ida até sua casa foi certamente desconfortável e silenciosa, não surpreendentemente.
Sina e eu parecemos perturbados e extremamente amedrontados. O fato de poder ouvir a respiração dela me deixa pensativo.

Podemos voltar a ser inimigos?
Não somos mais inimigos?
Vamos fingir que o sexo nunca aconteceu?
Vamos fazer sexo de novo?

- Chegamos.- Minha mãe diz olhando no retrovisor - Vocês estão bem?

- Sim, claro. - Dizemos em uníssono, fazendo que nos encaremos.

Céus, isso é ruim. Ela tem um olhar que nunca vi antes. Um assustado, confuso. Diferente daquele confiante e desafiador que ela sempre tem.
Rapidamente desvio para entrar em sua casa.

- Oi Jason... - Digo com aquela entonação do tipo "Fez merda, colega".

- Oi Urrea. - Ele me responde com um abraço.

Minha mãe passa direto por ele, tentando demonstrar sua desaprovação, mas não aguenta e volta para o dar um abraço desleixado.

- Você é péssimo. - Luce diz.

Sina é a que o encara com os braços cruzados e as sobrancelhas cruzadas.

- Filha, olha... O pai achou que você ia demorar mais.

- Não importa? É meio que assim... O meu aniversário hoje.

- Eu sei, eu sei... Foi mancada, não devia ter feito aquilo.

- Ela te satisfez pelo menos?

- Sina! - Minha mãe diz, tentando a chamar atenção enquanto segurava uma risada.

Eu explodo em risos. Sensacional.

- O que?! Não sei o que perguntar. Não vai casar com ela, certo?

- Não... - Jason a responde um tanto chocado com Sina.

- Pois então, espero que fazer sexo com uma aleatória no aniversário da sua filha tenha valido a pena.

- Sina Deinert! - Minha mãe ri.

- Você é sensacional! - Eu rio, levantando a mão para um high-five.

Ela ri também e no momento que nossas mãos se tocam, voltamos ao desconforto. Legal.

- O-okay... Já ouvi o que eu devia ouvir. - Jason diz brevemente antes de se sentar na mesa.

Nos momentos seguintes, todos nós apenas comemos. Sina e eu às vezes nós pegávamos espiando um ao outro pelo canto do olho, e no segundo que fazíamos, voltávamos a olhar o prato de comida. Foi um almoço normal com um bolinho de parabéns no final.
Assim que minha mãe tira o celular do bolso, soube que uma foto nossa iria ser tirada.

- Vai do lado dela Noah, quero uma foto.

Dito e feito.

Sina arregala um pouco os olhos antes de se ajeitar desconfortavelmente.
Vou até as costas da cadeira que ela está, e antes que minha mãe tirasse a foto, puxo o cabelo que escorria pelas suas costas para frente do seu pescoço. Seus chupões estavam quase aparentes.
Vejo que o simples ato de roçar os dedos pelo seu pescoço a faz cruzar as pernas.

happy ending | noartWhere stories live. Discover now