Capítulo 24

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Revisado por Olemberg

                       Boa leitura 💛

— Hum… pois não? — Vitória atendeu a porta após desviar da cozinha ao ouvir a campainha tocar. — Aconteceu alguma coisa?

— É para mim, Vi — Alya surgiu de repente apoiando a mão no ombro da amiga em sinal de que conseguia cuidar daquilo sozinha e que Vitória poderia voltar a fazer o que queria. E embora tenha ficado surpresa com a visita repentina, além de um pouco confusa, a platinada assentiu dando de ombros e seguiu com seu plano inicial, fazendo nota mental de perguntar mais tarde o que ele queria ali.

— Oi — Alya cumprimentou ao ver Vitória se afastar. — Pode entrar e fique a vontade.

— Casa legal — Nino coçou a nuca sem jeito conforme entrava no apartamento vizinho e tentou esboçar um sorriso enquanto olhava ao redor, ouvindo Alya trancar a porta atrás de si.

Pensou que talvez tenha sido um pouco impulsivo. Sugerir ir à casa de alguém que ele acabou de conhecer daquele jeito era um pouco estranho e invasivo, considerando que ele podia simplesmente ter pedido o número da garota para que ela enviasse as fotos. Seria mais simples e bem menos sem noção, mas, em contrapartida, não é como se ela mesma não tivesse entrado na casa dele.

— Obrigada — agradeceu —, a sua também é — jogou para não se passar como má anfitriã e deixar o assunto morrer. Não funcionou.

Eles não se conheciam, não tinham muitos assuntos dos quais falar. Ele só estava ali por conta de uma improvável e quase nula coincidência e ambos tinham ciência disso suficiente disso para que o clima ficasse um pouco estranho durante os segundos que eles se encararam em silêncio.

— Bom… eu vou pegar meu notebook no quarto, você pode esperar um pouco? — ela comentou após um momento de pausa. Nino se esforçou para esboçar um sorriso melhor daquele primeiro que deu quando entrou e assentiu em concordância.

Alya então murmurou alguma resposta entrecortada e disparou em direção ao próprio quarto como se fugisse do constrangimento. Nos poucos segundos que ficou sozinha, buscando os materiais espalhados na cama, ela quis meter a mão em si mesma. No que estava pensando? Convidando uma pessoa que mal conhecia para entrar em um dos poucos lugares que ainda se sentia segura e que não estava no controle de outras pessoas? Se arrependimento fosse algum tipo de palavrão ela xingaria a si mesma como nunca xingou antes.

Quando voltou para a sala, se Nino havia percebido seu desconforto, não comentou e se sentiu um pouco de grata por essa omissão, ainda que ela não tenha ajudado muito quando Alya caminhou até o sofá e sugeriu que ele se sentasse ao seu lado.

— Aqui está… — o murmúrio da morena soou concentrado conforme ela passava os arquivos do próprio celular para o aparelho disposto em seu colo e conferia se todas as fotos haviam feito upload. Alguns minutos depois, quando teve certeza de que estava tudo certo, um pouco hesitante, ela passou o notebook para o colo do garoto e abriu a primeira foto.

Nino se sobressaltou com o gesto repentino, mas achou melhor fingir que nada havia acontecido e somente se inclinou analisar a imagem exibida na tela. Optou também por manter as mãos rígidas ao lado do próprio corpo, sem saber exatamente o que fazer com elas.

Os dois estavam sob uma alta dose de auto consciência da dimensão de espaço entre eles, ou da falta dela. Alya não sabia o que fazer com os pés, nem como se inclinar para também enxergar as fotos e poder passá-las à diante. Não queria se meter no espaço pessoal dele como se tivessem alguma intimidade, ela definitivamente odiava quando invadiam o seu sem ela ter dado liberdade. No final escolheu trocar a posição do corpo de tal forma que ela se virasse na direção do moreno, sem precisar efetivamente se inclinar para observar a tela do computador.

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