CAPÍTULO QUINZE

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Vamos não pensar. Vamos apenas encontrar forças um no outro.
Lady Anastasia dos Campos de Narcisos

*sem revisão

POV Anastasia

A Pérola Platinada parecia desbotada e gasta sob a luz do meio da manhã. Saí do banco de trás do carro da Kate, onde tive de me sentar porque o banco do passageiro estava quebrado e não se afastava o bastante para acomodar meu gesso, e peguei as muletas. Eu continuaria engessada por mais umas duas semanas pelo menos, mas já sentia que estava melhorando bem. Fazia dois dias que não tomava analgésico e só sentia uma dorzinha fraca nas costelas.

– Precisa de ajuda? – Kate perguntou, batendo a porta do motorista e dando a volta até perto de mim.

– Não. Estou bem. Já virei especialista com estas coisas. – Levantei uma das muletas antes de apoiá-la no chão, mancando para junto da Kate.

Conforme passamos pela lixeira, virei a cabeça, sem querer pensar no que acontecera atrás dela naquela noite que parecia tão distante. Fiquei surpresa ao perceber que não era a surra que me inquietava, mas a lembrança do rosto bondoso do Christian sobre o meu no corredor do hospital, e de como ele estava lindo.

Christian...

Forcei-me a afastar meus pensamentos dele. Pensar no Christian não me faria bem algum. Depois da noite anterior, ficou mais do que claro que eu precisava voltar para a minha própria vida, para meu próprio trabalho. Levaria um tempo para recolher os cacos, mas eu não me esconderia mais do mundo na casa do Christian. Não era justo para ninguém. E, sem dúvida, eu já não era mais bem- vinda. Sem dúvida, ele estava tão desgostoso comigo quanto eu mesma estava.

Quando Kate me pegou, fiquei surpresa, mas também aliviada ao encontrar a casa do Christian vazia quando saí. Ainda estava sensível e envergonhada, e não queria enfrentar ninguém. Passei uma noite insone no sofá da colega de apartamento da Kate.

Kate manteve a porta aberta para mim e depois se despediu rapidamente.

– Tem certeza de que vai ficar bem? Sinto muito por não poder ficar.

Consegui formar um sorriso.

– Sem problemas, estou bem. Posso esperar aqui por umas horas até você conseguir voltar para me pegar. – O que eu esperava era poder usar desse tempo para aprender a fazer drinques ou, se Rodney permitisse, para me familiarizar com o bar.

– Ok. Mando uma mensagem quando estiver a caminho.

– Obrigada, Kate.

Manquei pela entrada e segui até o escritório do Rodney. Só de andar pela
boate senti um gosto azedo na boca. Não tive como deixar de comparar esse lugar escuro e sujo com o belo lar do Christian, sempre tão cheio de vida e luz. De repente, estar ali fez com que minha pele se retesasse de um jeito desconhecido até então. Forcei-me a engolir essa sensação.

Quando bati de leve na porta do escritório do Rodney, ouvi um latido – "Quem é?" – e empurrei a porta com a muleta.

Rodney ergueu o olhar da papelada que tinha na mesa e uma expressão de surpresa genuína surgiu no seu rosto enfadonho. Ele se recostou na cadeira enquanto eu entrava mancando.

– Oi, Rodney.

– Crystal. – Ele me olhou de cima a baixo antes de eu me sentar na cadeira diante da mesa dele. – Como você está?

Dei uma risada sem graça.

– Simplesmente ótima. – Obrigada por ter tentado saber como eu estava. Sua preocupação foi comovente.

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