CAPÍTULO DEZESSEIS

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Seja corajoso mesmo com as palavras. Mesmo em seus pensamentos.
Racer, o Cavaleiro dos Pardais

POV Christian

Ouvi a caminhonete do Taylor antes de vê-la e saí da garagem, tirando as luvas enquanto o coração batia acelerado no peito. Ah, meu Deus, por favor, permita que ela esteja com ele. Estreitei o olhar enquanto a caminhonete se aproximava e notei o contorno de duas cabeças pelo para-brisa. Soltei um suspiro de alívio.

A caminhonete parou e vi quando Taylor saltou para fora, acenando de leve e sorrindo, gesticulando que ajudaria Ana a sair. Ela desceu do veículo e olhou nervosa para mim enquanto se ajeitava nas muletas.

Taylor começou a voltar para o lado do motorista, despedindo-se de lá mesmo de nós dois.

– Obrigado, Taylor– eu disse, desejando que ele entendesse a profunda sinceridade das minhas palavras.

Ele assentiu quando entrou de novo no veículo.

– Oi – eu disse, me voltando para Ana, que estava parada no caminho para a entrada, com a mesma incerteza nos olhos enquanto mordia o lábio, fazendo com que eu sentisse vontade de beijá-la e de confortá-la ao mesmo tempo.

– Oi.

Apontei para o balanço da varanda.

– Quer se sentar ali comigo?

Ela olhou de relance para trás.

– Sim.

Eu a ajudei a subir os dois degraus, embora ela já fosse capaz de se mover com as muletas, e nos sentamos no balanço, um pouco constrangidos por um momento. A varanda estava sombreada, e a hortelã que crescia na lateral da casa perfumava o ar.

Senti-me como um menino em seu primeiro encontro, com uma garota que não tinha certeza se queria estar ali comigo. E me senti como um homem que precisava se desculpar e não sabia por onde começar. Soltei o ar devagar. Imaginei que o melhor seria mergulhar de vez.

– Jesus, me desculpe, Ana.

Ela olhou para mim, virando um pouco o corpo do jeito que o meu estava, então ficamos praticamente de frente um para o outro.

– Você não tem do que se desculpar.

– Depois de tudo, não consegui mantê-la a salvo...

– Você não tem nenhuma responsabilidade com isso. – Ela baixou o olhar. – A
verdade é que provoquei o Elliot. Eu o encorajei a fazer o que fez. – Seus olhos estavam carregados de culpa, e isso condoeu meu coração, embora não pudesse negar a onda de ciúmes quente e desconfortável que percorreu meu corpo. Fiquei nervoso, com vontade de socar alguma coisa de novo. Ou melhor, alguém. Meu irmão beijara Ana antes de mim.

– Você quis beijá-lo?

– Não.

Prendi o lábio inferior entre os dentes, observando-a por um momento,imaginando o motivo de ela ter permitido, pensando que talvez nem ela mesma soubesse.

– Acho que devemos colocar a responsabilidade do que aconteceu no Elliot. O que me diz?

Um leve sorriso, um leve assentimento.

– Mas não quero ficar entre você e o seu irmão. Isso não é certo.

Olhei para além dela, observando as árvores que estavam acima do seu ombro
e o sol alto no céu, lembrando como minhas entranhas se reviraram quando vi Elliot prensando Ana no corredor, o rosto dele sobre o dela.

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