Capítulo 1

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Uma vez idiota, nem sempre um idiota

"Todos são arquitetos do destino, vivendo nestas paredes de tempo, então não se lamente pelo passado. Ele não voltará de novo"- Henry Wadsworth Longfellow.

Pi, pi, pi...

Eu sempre tive um tique.

Qualquer mínimo barulho, mentalmente, eu começava a sincronizar com uma música qualquer, mas parecia que no momento eu estava incapacitada de pensar em qualquer música pra sincronizar com aquele barulho irritante no meu ouvido.

Quer dizer, eu poderia sim, o barulho estava sincronizado com as batidas da minha cabeça, que no momento latejava.

Pi. pi, pi. 1, 2, 3. Dor, dor dor.

Preciso de um remédio. Merda de bebida.

Mas primeiro de tudo, eu preciso abrir os olhos, me levantar e procurar algum remédio dentro do criado mudo. Só que o grande problema é que eu não conseguia abrir meus olhos!

Pi, pi, pi...

E eu continuava a escutar aquele barulho irritante, que cada vez mais se tornava familiar.

Precisando de remédio ou não, agora era o momento de abrir os olhinhos, porque eu havia acabado de perceber que aquele barulho insuportável e familiar, era nada mais, nada menos, que o meu despertador, escandaloso indicando que eu precisava acordar para ir pra escola.

Coitado daquele pobre objeto que ficava ali, por horas tentando me acordar. Isso quando a histérica da minha mãe não escutava do seu quarto e vinha até o meu berrar na minha orelha. E se vocês querem saber, meus caros amigos, minha mãe consegue ser muito pior que esse pobre despertador.

E sabe o pior de tudo? Por mais irresistível que fosse, eu não podia dar um tabefe na minha mãe pra ela parar de gritar, mas eu podia fazer isso com o meu relógio, e foi isso que eu fiz, quando mudei de posição e dei um murro no objeto, fazendo-o cair no chão e parar de tocar.

Espero que não tenha sofrido nenhum dano, porque esse seria o terceiro despertador a ser comprado num mesmo mês. Delicadeza e sutileza nunca estiveram no meu dicionário, e muito menos em meus atos.

Ai não, escola, não! Tudo bem que eu tentava fazer com que minha vida fosse o menos monótona possível, mas com esse lance de escola ficava complicado. Não via a hora de me formar, montar minha banda e sair estrada a fora.

Ok, o lance da banda corta fora, porque se não quem cortaria o "bilau", que eu não tenho, seria minha mãe.

Tudo bem, eu não me importo, eu nem tenho uma banda, ainda.

- Ai, minha cabeça - Resmunguei, enquanto me sentava e abria a gaveta para pegar um remédio bem potente, que curasse a dor de cabeça que estava sentindo.

Mas que merda de vodka de baunilha era aquela que o Park havia me dado na noite passada? Só podia ter comprado no bar da esquina, aquelas que você normalmente acha, quando dá uma olhada no carrinho de mão dos mendigos.

Vodka "Fogo no Chão", vem até em garrafa de plástico e é menos de 3,99.

Ah, e se você está se perguntando como que eu sei a marca da vodka dos mendigos alheios, não estranhe, eu sei do que estou falando. Eu já olhei dentro do carrinho de mão de um mendigo, e até mesmo bebi um gole da "Fogo no Chão" dele.

Eca, eu sei, nojento. Esse era o tipo de memória que eu queria ter perdido depois de um belo porre num final de semana, mas infelizmente a bebida era tão ruim que nem pra apagar memória ela servia.

Wacko - LiskookOnde histórias criam vida. Descubra agora