6 - Mad World

1.9K 161 16
                                    

*FLASHBACK ON*
POV Maya
2011.

Eu e Jack tínhamos acabado de chegar em Madrid depois do fim da Liga de Diamante. Nós dois estávamos muito cansados, aquelas cinco horas de voo nos mataram. Acabei por nem desfazer as malas quando cheguei, fui direto para a cama e só acordei no outro dia.

– Ei, Jack, vem cá! – falei num tom mais alto, já que eu estava no banheiro e eu nem sabia em que cômodo ele estava.

- Oi, fala. - se apoiou no batente da porta enquanto me olhava.

– Você sabe onde tá o Allure Charming? – falei depois de me levantar, fechando as portas do gabinete da pia. Ele fez uma cara confusa, não pareceu entender o que eu dizia. - Aquele perfume do vidrinho quadrado.

– Acho que não vi não. Você não perdeu na viagem?

Fiquei olhando para ele com uma expressão um pouco assustada. Eu não podia perder aquele maldito perfume. Ele era uma das únicas coisas que eu ainda tinha dela e cuidava mais daquilo do que de mim mesma.

– Terra para Maya, Terra para Maya! – Ele estralava os dedos na minha frente, tentando me acordar dos meus pensamentos.

– Eu... Eu não sei. – Voltei o olhar para ele, que já tinha desencostado do batente e se aproximado. – Vou voltar a procurar, obrigada mesmo assim.

– May, é só um perfume, calma. Qualquer coisa a gente compra outro. – Ele deixou um beijo na minha cabeça e saiu dali.

- Não é só um perfume... - falei num tom baixo, quase inaudível. Ele nem estava mais ali, mas disse mesmo assim. Voltei a procurar nos armários e nas malas que eu levei para a viagem. - É o perfume dela.

Eu não o encontrava em lugar nenhum. Não estava nas malas, nem nos armários. Eu não lembrava se tinha levado ou não para a viagem. Apenas sentei no chão do quarto, perto da porta do banheiro. Encostei a cabeça na parede e fiquei alguns minutos ali, tentando lembrar quando tinha sido a última vez que eu tinha visto aquele perfume.

Era o último dia da Carina em Seattle quando ela me deu aquilo. Ele não era novo, não tinha nem metade, na verdade era o que ela usava todos os dias. Ela mesma pediu pra eu ficar com ele, assim como ela ficou com o meu. Pelo menos assim, teríamos algo "físico" pra lembrarmos.

*FLASHBACK OFF*

Outubro de 2015.

O dia passou rápido, quando percebi já era oito da noite. No dia seguinte, eu teria minha primeira sessão de fisioterapia depois da cirurgia, teria que ir ao Grey-Sloan para a Torres ver como seria esse primeiro tratamento. Decidi dormir cedo, já que o tédio me consumia cada vez mais. Eu já conseguia tomar banho sozinha, aos poucos eu reconquistava minha independência.

Na manhã seguinte, Emmett chegou na casa da Andy às 9:30. Ele iria me levar na fisioterapia e depois a Vic e o Travis iriam me buscar.

Chegando lá, fiquei alguns minutos com o meu irmão na sala de espera até que quando fui chamada, me despedi dele. A enfermeira me levou até a sala onde seriam feitos os exercícios e voltei a esperar. Mais alguns minutos e a Allie entrou na sala com a Dra. Torres, prontas para começar a fazer eu voltar a andar direito.

Confesso que não achei que seria tão dolorido. Cerca de meia hora se passou e eu já não aguentava mais, meu corpo tinha saído do ritmo. Elas me deram um tempo de descanso e eu fiquei deitada na maca, me recuperando de todo aquele esforço. Enquanto elas debatiam sobre meus resultados dos exames feitos na semana anterior, alguém bateu na porta. Eu estava cansada demais para sequer levantar a cabeça e ver quem era. Sinto muito, Maya fofoqueira, nessa você vai usar a imaginação.

– Doutora Torres, a Doutora Kepner precisa de você para avaliar uns exames de uma paciente do trauma 1. – Uma voz masculina falou. Não a reconheci e nem fiquei interessada no assunto, decidi voltar pros meus pensamentos.

– Veja se o Link pode ir, agora não posso. – Callie respondeu.

– Ele está em cirurgia, e o Doutor Kim não está de plantão. 

– Tudo bem, então. Já estou indo.

Escutei só por escutar mesmo. Não tinha nada melhor para fazer deitada ali e sentindo dor.

- Maya, eu já volto, ok? Fique mais alguns minutos descansando e quando eu voltar, a gente retoma os exercícios. A Evans vai ficar de olho em você. - apenas concordei com a cabeça quando ela se aproximou de mim. - Eu juro, DeLuca, se não for nada urgente... - disse enquanto saía da sala com o homem. Eu tive um estalo ao ouvir aquele sobrenome.

Ou aquilo era uma coincidência muito grande, ou era o destino brincando com a minha cara. Eu não reconheci a voz, podia não ser ele. Várias pessoas tem "DeLuca" como sobrenome na Itália, eu pesquisei. Podia ser alguém aleatório. Péssima hora para ter tido preguiça de levantar e ver quem era, Maya Bishop, péssima hora.

Ela realmente voltou rápido, não deu nem tempo de eu processar aquele acontecimento direito. Logo voltamos pros exercícios e dessa vez consegui aguentar um pouco mais.

Quando menos percebi, já tinha acabado a sessão e eu estava liberada. Torres teve que atender uma emergência então a Evans continuou explicando para mim sobre como seria o progresso e sobre os cuidados que eu tinha que ter em casa. Ela me fez companhia até que meus amigos chegaram e pediu para que eles ficassem de olho em mim antes que eu inventasse de voltar a andar sozinha.

Aos poucos, aquele assunto foi novamente se desmanchando na minha cabeça. O Travis estava certo, não era a Carina no dia da cirurgia e provavelmente também não era o Andrea chamando a Torres.

Depois de todo esse tempo - MARINAWhere stories live. Discover now