77 - Something In The Orange

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POV Carina
Dezembro de 2016.

Os três realmente não sabiam daquele assunto e me senti mal por ter mencionado. 

Resolvi ir atrás de Maya entender o que estava acontecendo, então segui até o banheiro feminino. Era um típico banheiro de restaurante, com poucas cabines, a decoração seguia todo o estilo do estabelecimento, e por sorte não foi difícil encontrar quem eu procurava. A outra cabine estava aberta, me restando apenas uma. 

- Maya? - perguntei fingindo não ter certeza que era ela. - Tá tudo bem? 

- Sim, sim. Não se preocupa, eu já vou voltar pra mesa. 

Era fácil perceber que sua voz não estava como sempre. Eu não sabia dizer se estava fraca por alguma coisa que pudesse estar acontecendo ou só estava abafada por algo. 

- Mesmo? Estou preocupada com você. 

- Eu tô bem. - ela saiu do banheiro forçando um sorriso sem desgrudar os lábios. 

- O que houve? Você já veio no banheiro umas quatro vezes. 

- Tô nervosa pelo prêmio de hoje, é só isso. - lavava as mãos com certa força, mas tentei ignorar aquilo. 

- Tem certeza que não é por não ter contado pro pessoal que vai se mudar? - me encostei na parede atrás dela. - Eu não sabia que não tinha falado e acabei mencionando, me desculpa. 

- Ah, tudo bem. Não é como se não fossem saber na terça-feira. 

Eu fiquei quieta, apenas a olhando pelo espelho sem esconder a expressão preocupada. Depois de ter secado as mãos com o papel toalha, ela se aproximou de mim até conseguir alcançar um beijo na minha testa, tendo que ficar na ponta dos pés para isso. 

- Eu tô bem, Bella. Não se preocupa - passou as mãos delicadamente pelas minhas bochechas, puxando meu rosto para alguns selinhos até que eu concordasse com sua resposta. 

Voltamos para a mesa e dessa vez ela realmente parecia normal. Chegou a comentar sobre a mudança com os três, mas não entrou muito em detalhes e nem sequer mencionou estar querendo se aposentar, mas também não interferi na conversa. 

Andrea, Vic e Ryan continuariam o passeio enquanto eu e Maya queríamos voltar para o hotel, então nos dividimos novamente e decidimos retornar a pé, o que nos custou mais de meia hora, quase quarenta minutos, porém foi tranquilo passar esse tempo sozinha com a Maya. Ela me contou sobre sua angústia em relação ao evento que aconteceria à noite, o que confesso ter feito meu peito apertar um pouco, eu odiava vê-la naquela sensação mesmo por algo bom, mas não tinha nada ao meu alcance, a não ser torcer pela sua vitória.  

Consegui convencê-la a tomar um banho quente e se deitar um pouco, assim se acalmaria ao menos por alguns minutos, porém o acordo foi que eu iria junto. 

Por mais que ela tentasse, eu não cedi às suas investidas a prometendo que faríamos aquilo depois. Ela resmungou um pouco a cada vez, e eu não conseguia evitar de rir da situação. Quando finalmente saímos do banheiro, Maya colocou o primeiro moletom que encontrou e foi direto para a cama, mas ficou mexendo no celular até que eu deitasse também. Ainda eram duas da tarde, então poderíamos dormir por um bom tempo antes de nos preocuparmos com a premiação que aconteceria pela noite. 

Eu acabei não dormindo, passei o tempo todo apenas abraçando Maya pelas costas com os olhos fechados para também descansar um pouco, mas era impressionante que se eu deixasse a cabeça vazia por um minuto sequer, a questão da mudança de Maya voltava a me perturbar. 

Não era por não querer que ela fosse feliz, ciúme, desconfiança, qualquer coisa do tipo. Era apenas por saber que isso acabaria nos afastando um pouco mais, e as já não tão frequentes viagens que ela fazia até a Itália diminuiriam mais ainda.  

Depois de todo esse tempo - MARINAOnde histórias criam vida. Descubra agora