61 - Counting Stars

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POV Carina
Junho de 2016.

- Sei que vai ir bem. Mais tarde eu apareço por lá pra torcer por você.

- Obrigada, Ca. - deixou um beijo na minha testa após roubar um selinho um pouco mais demorado e se levantou da cama, pegando a mochila que já estava pronta na cadeira ao lado.

- Pegou tudo que precisava?

- Acho que sim. - abriu a mochila para conferir e começou a procurar por algo que eu não fazia ideia do que era. - Você viu uma maletinha cheia de peças de metal?

- Eu vi ontem, quando você tava mexendo nela. Mas não vi mais.

- Não estão aqui. - foi até onde estavam nossas malas e começou a procurar. - Preciso delas pra ir. Não posso correr sem elas, literalmente.

- Como assim? - me sentei na cama, passando a mão no olho.

- São as travas da minha sapatilha, preciso rosquear na sola e tudo mais. Ajudam na hora de correr.

- Oh, okay. Eu te ajudo a procurar.

Maya não costumava ser do tipo que se desesperava fácil, mas quando se via numa situação de vulnerabilidade e que algo pudesse dar muito errado, eram poucos instantes para que entrasse em pânico.

- Você lembra onde eu deixei?

- Não. Lembro de você mexendo nas coisas quando foi arrumar tudo e vi a maleta, mas não sei onde deixou.

- Eu preciso achar, Carina. É sério. - eu já conseguia perceber um tom mais desestabilizado na voz da atleta, mas não queria que ela se abalasse.

- Maya, okay. Olha pra mim. - fui até o lado do quarto onde ela estava e a segurei por trás. A levei até a beirada da cama e fiquei agachada em sua frente, segurando as mãos em cima dos joelhos dela. - A gente vai achar, certo? Não é uma coisa pequena e eu tenho certeza que não saiu daqui.

- Era pra estar na mochila, Ca.

- Se não tá lá, a gente vai achar. Fica tranquila, May, vai dar certo. - ela tentava soltar minhas mãos, mas segurei com mais força. - Você só não pode entrar em pânico, okay? Temos tempo para achar.

- Não temos, tenho que sair em menos de quinze minutos. - queria por tudo desviar o olhar, então, num relance, soltei as mãos para colocar nas laterais de seu rosto.

- Dá pra fazer muito em quinze minutos. Olha pra mim, Maya. - segurei seu rosto com firmeza, mantendo seu olhar na mesma linha do meu. - Vai dar certo. Você só precisa ter calma. Lembra do que eu te ensinei anos atrás? Você precisa respirar.

Esperei alguns segundos até que ela se acalmasse um pouco, só então levantando e voltando a procurar. Desde o dia anterior, Maya estava um pouco ansiosa e agitada, mas preferi não questionar - podia ser apenas pela corrida. Eu tinha memória sobre ela ficar nervosa nos momentos pré-provas, mas talvez tivesse piorado desde o ensino médio.

Ela ficou mais alguns segundos sentada até que se levantou e procurou também, não demorando a achar no meio das roupas que estavam amontoadas dentro de uma mala, que nem sequer era pra estar fechada do outro lado do quarto. Finalmente conseguiu se acalmar.

- Te falei que ia achar. - pude perceber o alívio que ela sentia ao guardar na mochila que iria levar.

- Só você pra me fazer ficar calma no meio do caos.

- O segredo é respirar. - deixei um beijo na lateral da sua cabeça quando já estava pronta para ir. - Agora sim, boa sorte.

- Eu deixei o crachá na sua bolsa, okay? Quando chegar lá, você vai passar pelos detectores e tudo mais, procedimento normal, mas vai falar que você tem a credencial. Eles vão te mostrar direitinho e te levar até onde ficam os convidados. É tipo um camarote que fica na beira da pista. O Cooper e a Allison, por exemplo, vão estar lá, você vai ficar bem. Vou avisar ele que você vai chegar e pedir que eles achem um lugar que fique bom pra você assistir o revezamento, porque eu sou a última - disse quase sem pausar, me fazendo rir.

Depois de todo esse tempo - MARINAOnde histórias criam vida. Descubra agora