"Eu nao quero. Eu quero ser livre"

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00:00. E assim como todas as noites fujo para poder ver a única coisa que me entende. Vou para a superfície sentindo o vento frio sobre a minha pele e apreciando a melodia das ondas, me causando uma sensação agradável, e a observo. A lua é realmente a única coisa em que posso confiar e contar aquilo que me atormenta todos os dias. A lua é a única que me vê como eu sou e que me aceita, mesmo sabendo o que se passa na minha vida e mente, é a única que não me critica por algo que eu faça.

- Ser príncipe até que tem os seus privilégios, quer dizer, pelo menos não vou morrer á fome e sempre irei ter o que vestir. - e como todas as noites eu desabafo, mesmo sabendo que ela nunca me irá responder. - O pai quer que eu aprenda a defender o meu reino, eu tento, mas eu acho que não é o meu destino, sabe. É complicado, não é o que eu quero ser. - suspiro subindo em cima da rocha já bem familiarizada por mim.

O meu pai, o rei de Oceania, pede para que eu seja exatamente como ele, corajoso, calculista e soberano, que eu esteja preparado, para quando ele partir, finalmente governar o tão grandioso reino. Eu não quero. Eu quero ser livre. Livre com todas as letras. Quero poder nadar os 7 oceanos, quero poder conhecer e ver todas as espécies marinhas, mas acima de tudo eu quero andar. Andar pelas praias que veio todas as noites e correr os 4 cantos do mundo, visitar cada país e saber o que eles têm para oferecer. Quero comer todas as comidas que encontrar, até mesmo as mais picantes. Quero poder subir montanhas até as minhas pernas não aguentarem mais. Quero poder andar em cima de um daqueles grandes animais castanhos de quatro patas que tantas vezes os vejo correr por aqui.

Mas isso é impossível. Bem.... Improvável. Isso é bem improvável de acontecer.

- Eu gostaria que pelo menos por um dia eu possa concretizar o meu desejo. - peço em quase um sussurro na esperança de algum dia isso acontecer e me virando para ver terra e me perder a observar aquele monte de areia, aquelas estruturas tao altas e espelhadas que quase alcançam o céu depois do muro coberto com as algas que o mar leva.

Me viro de novo, para a minha querida amiga, mas desta vez me mantenho em silêncio, apenas apreciando o brilho, a paz e o encanto que ela me transmite, o que me faz ficar cada vez mais apaixonado e tentado a descobrir o que este mundo tem para oferecer.

Tenho a plena consciência de que a superfície não é uma mar de rosas mas sei que também, assim como nas profundezas, existem seres maravilhosos e abertos a descobrir o mundo assim como eu. Eu apenas espero encontrar alguém assim e conseguir me abrir para ele. Eu preciso.

Estava quase a entrar em um sono profundo quando ouço algo sobre a água. Assustado, logo olho para os lados, para ver se alguém me tinha descoberto, talvez um guarda real que me seguiu e irá contar ao senhor Park e a minha vida torna-se totalmente um inferno ou até mesmo o próprio rei avisando que me iria prender e proibir de subir até eu aprender a ser responsável e poder tomar decisões racionais, mas relaxo quando vejo uma pedra polida e oval nos três cantos que ela apresenta a saltitar sobre a água até finalmente afundar. Me viro e o vejo.

Ele está aqui.

Ele sempre está.

My little mermaid  - jikookWhere stories live. Discover now