"Borboletas na barriga"

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Ele está entre os meus braços. Parece tao certo. Parece que ele foi feito para ficar ali. O calor dos nossos corpos juntos é inexplicável. Mas, depois de longos minutos e de muitas lágrimas derramadas, Jimin parece se sentir melhor e quebra o nosso contato.

Foi bom.

Foi muito bom.

- Obrigado por tentar me compreender. - ele disse me olhando ainda com os olhos vermelhos devido ao recente choro. - Não é fácil falar para alguém a minha situação, mas é bom saber que você está me ouvindo.

- Eu sempre vou te ouvir. - disse o encarando, hipnotizado com o seu encanto - Então se você quiser trocar a lua por mim, eu terei muito prazer em ser o seu novo confidente.

Eu não sei explicar, mas é como se eu também pudesse confiar naquele ser em um nível absurdamente alto. Eu sei que lhe posso contar o que se passa la em casa, ou que eu ando fazendo na escola, sei que lhe posso contar o resto da minha tarde na lanchonete aturando tanto os clientes simpáticos e habituais, como aqueles que estão sempre de cara fechada e nem dizem bom dia. Eu sei que lhe posso contar aquilo que eu sinto em relação ao oceano e como ele consegue tornar um dia mau em um melhor. Como ele consegue ser a minha casa por vezes.

E também quero que ele me conte todas as suas histórias, das mais tristes e que deixam grande saudade até aquelas demasiado banais ou eufóricas, quero que me conte como foi o seu dia embaixo de água e que me conte os sonhos que teve durante a noite.

Eu quero ser o seu novo confidente. E vou cumprir o meu papel ao pé da letra.

- Nos vemos de novo amanhã à noite?

Fiquei surpreso de como isso saiu com tanta facilidade da minha boca, mas não menti, eu realmente o quero ver amanhã, eu o quero ver todas as noites.

- Claro. - ele respondeu com um sorriso e antes de ir embora, ele se aproximou e deixou um beijo na minha bochecha. Foi tao rápido que eu nem consegui reagir e quando dei por mim eu já estava sozinho, sentado naquela rocha.

(...)

Assim que cheguei a casa, pela janela do meu quarto, ouvi os gritos dos meus pais. Me aproximo da porta, a abrindo para tentar perceber o que estavam falando. A minha mãe estava, de novo, tentando fazer com que o meu pai se aproxime de mim e que se importe com a minha existência.

Eu nem me preocupo mais,  já sei que essa discussão não vai fazer com que o meu pai sinta algo pelo seu filho, além de desgosto, e que ele apenas fique mais frio comigo a cada dia que passa.

E é por isso que eu trabalho naquela maldita lanchonete. Para sair de casa. Quando for maior de idade, que felizmente é amanhã, eu vou poder parar de ver a figura do meu pai todos os dias. Estou acumulando tanto dinheiro á tanto tempo que assim que tiver os meus 18 irei embora para nunca mais o encarar e ouvir xingamentos da parte dele.

A única coisa que se passa pela minha cabeça é a minha mãe, mas eu vou tentar falar com ela todos os dias e pelo menos sei que o meu pai a ama. Ele a ama desde á muito tempo e eu apenas vim para arruinar tudo. Mas isso já não vai ser mais um problema.

Eu, o meu dinheiro e a minha casa. A minha vida.

Deito-me na cama e penso no quão bom foi falar com o Jimin hoje. Jimin. Eu finalmente sei o nome dele.

Eu acho que nós poderemos ser bons amigos, digo, eu gosto de falar com ele assim como eu falo com o Nam ou o Yoongi. Eu me sinto confortável só ao me sentar ao lado dele naquela pedra fria e húmida, assim como me sinto confortável ao me sentar na cantina ao lado do Nam e do Yoongi. Ele é uma boa companhia, assim como o Nam e o Yoongi.

Excepto que o Jimin me causa a famosa sensação de ter borboletas na barriga.

My little mermaid  - jikookOnde histórias criam vida. Descubra agora