Prólogo

4.5K 542 67
                                    

Sua mão gelada cobria o calor fresco de minha mão trêmula, enquanto meu queixo dolorido se apoiava no colchão e meus joelhos curvados no chão

Oops! This image does not follow our content guidelines. To continue publishing, please remove it or upload a different image.

Sua mão gelada cobria o calor fresco de minha mão trêmula, enquanto meu queixo dolorido se apoiava no colchão e meus joelhos curvados no chão. Eu sabia que meus olhos deviam estar cansados e sonolentos, a cada vez que eu piscava, podia sentir a pele seca de lágrimas se contorcendo; Eu sabia, ela sabia.

Olhos vazios, pele pálida e rosto vermelho.

Assim eu me encontrava nesse momento, enquanto minhas irmãs mais novas eram poupadas da visão dolorosa de assistir a própria mãe morrer. Mas, eu não, eu não fui poupada, e por isso estava aqui, ao seu lado, derramando minhas lágrimas e trincando os dentes como uma guerreira. Todas elas tiveram seus momentos, de novo, parece que eu fiquei com o pior.

Não existia clareza na minha mente, eu não me lembrava exatamente quando entrei nesse quarto, mas me lembrava de estar ocupada com meu treino, as lições do meu dia a dia, uma distração dos problemas que caiam nos meus ombros, isso. Isso acabou quando Nestha apareceu no quintal, apertando a saia azul de seu vestido, os olhos nublados por lágrimas e os dentes expostos pelo choro; eu soube então, que não existia fuga.

Eu larguei meu arco e aljava na porta, batendo as potas no tapete antes de entrar, não adiantou. Quando entrei, minhas pegadas vermelhas de terra marcavam minha caminhada.

Quando cheguei, estavam os quatro parados do lado de fora. Vittório, meu pai adotivo e as meninas Archeron, Nestha, Elain e Feyre. Todos afundados em suas próprias preocupações.

Agora, estou aqui, ao lado da minha mãe adotiva quase morta; esquecida.

Eu senti quando unhas grandes e bem cuidadas se apertaram ao redor dos calos em meus dedos, me fazendo arquejar de dor crescente, meus olhos se apertam enquanto tento aguentar a dor.

— Você é a mais velha. Proteja elas.

— Eu irei — murmurei, puxando meu braço para longe.

— Prometa para mim, menina. — Ela me puxa. — Acolhi você no seu pior momento, prometa que cuidará de minhas filhas. Cumpra com sua obrigação.

— Eu prometo — respondi entre gemidos de dor, eu sabia que meu rosto transmitia pavor. — Cuidarei delas! Eu prometo!

Então eu caí, e ela soltou minha mão.

Quando a olhei, ela já parecia morta, antes de sair apertei a mão sangrenta no peito, escondendo isso dentro do meu casaco.

Assim que saí daquele quarto, aquela promessa começou a me perseguir. E com ela eu convivi.

A Quarta Archeron | ᵃᶻʳⁱᵉˡWhere stories live. Discover now