Capítulo 5

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Eu joguei as as camadas externas de roupas na comoda gasta, meus dedos frios massagearam o vão entre minhas sobrancelhas, respirando fundo com o cansaço que tomava meu corpo

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Eu joguei as as camadas externas de roupas na comoda gasta, meus dedos frios massagearam o vão entre minhas sobrancelhas, respirando fundo com o cansaço que tomava meu corpo. Eu me sentei na cama que dividia com minhas irmãs, deixando os braços soltos ao redor do corpo, finalmente olhando para frente.

Franzi a testa para as violetas e as rosas que Feyre havia pintado em volta dos puxadores da gaveta de Elain, para as chamas crepitantes que pintou em torno dos de Nestha, estrelas amarelas com um céu noturno para si mesma. E para mim... Eu não sabia o que Feyre realmente estava pensando ao pintar aquilo, se era isso que ela via quando me olhava. Mas, ali estava, em volta dos puxadores, cores misturadas para chegar a um escuro inebriante, e logo abaixo, a tinta vermelha como sangue formava arabescos estranhos e sem conexão. Quando comentei sobre isso, Feyre ficou em silêncio por um tempo, ninguém havia comentado... Nem Elain e tampouco Nestha, ignoraram aquele pequeno ato de Feyre, então, eu perguntei.

"Para mim você é uma escuridão cheia de confusão, mas que no fundo, bem distante e apagado dentro dos seus pensamentos existe uma força que não sei descrever."

Na época eu não tinha percebido como algo tão simples poderia descrever uma vida; minha vida.

Em silêncio mais uma vez eu desci para baixo após poucas horas de sono.

•••

Jantamos o cervo naquela noite, e embora eu achasse tolice desperdiçar, não disse nada quando as meninas comeram mais de uma vez até que eu declarasse ser o bastante.

Eu passaria o dia seguinte preparando as partes restantes da corça para o consumo, e então separaria as peles para levá-las ao mercado. Conhecia alguns mercadores que poderiam se interessar por tal compra embora nenhum provavelmente me daria a quantia merecida pela caça. Mas dinheiro era dinheiro, e eu não tinha tempo, tampouco disposição agora com minha perna machucada para viajar até a cidade grande mais próxima a fim de encontrar uma oferta melhor.

Terminei de comer, lambi os lábios secos saboreando resquícios de gordura que cobriam minha boca, minha língua deslizou pela pele ainda macia mas áspera, então deixei o garfo com as pontas tortas na mesa. Era parte de um faqueiro tosco que Vittório recuperara da ala dos criados enquanto os credores saqueavam a mansão. Nenhum de nossos talheres combinava, mas era melhor que usar os dedos. O faqueiro do dote da Senhora Archeron fora vendido há muito tempo. Minha mãe, altiva e fria com alguns e alegre e deslumbrante entre os conhecidos que frequentavam nossa antiga propriedade, apaixonada por Vittório, a única pessoa que ela realmente amou e respeitou. Um amor decadente.

Mas ela também amava de verdade as festas; tanto que não tinha tempo de fazer nada com as filhas, a não ser contemplar como as habilidades de Nestha com a dança, Elain com sua vida adorável e beleza doce e então Feyre com habilidades de desenho e pintura, ainda por desabrochar, poderiam garantir a todas um futuro marido. Se ela tivesse vivido tempo o bastante para ver a riqueza ruir, teria ficado arrasada. Mais que Nestha, Talvez o fato de ela ter morrido tenha sido um ato de misericórdia.

A Quarta Archeron | ᵃᶻʳⁱᵉˡWhere stories live. Discover now