Triângulo (Taeyoonseok)

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   "Estou sem fôlego
Preso na escuridão, vagando e caindo
Caindo cada vez mais fundo
As direções estão bloqueadas em todos os lugares
Não consigo nem escolher a direção certa, tenho medo
Estou ficando cada vez mais com medo" - Take me home, Ateez

    Yoongi corria pela mata com vigor, mesmo que a cabeça estivesse bagunçada, ele ainda sabia o que era fugir, ele se lembrava da sensação de sentir o vento batendo contra o seu rosto. Mas no momento só haviam galhos e árvores.
   Ao contestar estar longe o suficiente, se abaixou e respirou fazendo o mínimo de barulho possível, viu um corte na perna feito pelas árvores, e sentiu seu corpo doer, seu corpo inteiro doía e o pior eram as partes íntimas, tentava não pensar muito nisso e queria se concentrar em chegar em casa.

    Tirou os tênis de seus pés e amarrou os cadarços, se levantou e continuou a caminhar, tomando cuidado por onde pisava.
    Não se aconselhava a andar pela estrada, mas pela floresta também não era bom, porém seria mais fácil se esconder. Não sabia ao certo a quantidade de dias em que esteve preso naquele local e não sabia nem a hora mas julgava ser de madrugada.

     O tempo estava de certa forma um pouco denso, além do frio que fazia, sua cabeça doía e tinha a certeza que desmaiaria se andasse mais um pouco, então ele parou mais uma vez. Em um ritmo com pausas e longas caminhadas ele chegou a cidade mais próxima, Daegu. Sua cidade natal, de onde precisou fugir, e dessa vez trataria de ir embora de forma definitiva.

     Caminhou até a sua antiga casa, lugar que não queria ter lembranças mas elas inundavam sua cabeça. Ser novo não determinava o quanto você esqueceria.
    Mancou dolorosamente por todo o caminho, sua cabeça começava a doer, mas o importante era chegar em casa.

     Parando de frente a residência de muro marrom, pensou muito em entrar ou continuar andando até o seu lugar. Suspirou e mancou até a entrada e bateu na porta.
     Parecia não haver ninguém na residência, mas continuou batendo na porta, até ela ser aberta pela senhora de cabelos grisalhos, uma pessoa que Yoongi reconheceria mesmo sem memória.

      A expressão da senhora não foi nem um pouco agradável, ao notar o estado do jovem, seus olhos transbordaram preocupação.

- Me dê dinheiro para uma passagem por favor. - Yoongi pediu.

    A indignação transbordou na face da senhora.

- Entre. - deu espaço para o jovem passar.

   Yoongi desconfiou mas qualquer coisa era bem melhor do que estar do lado de fora. Entrou e tentou não observar a estrutura, aquele casa ainda era um lugar difícil para si, principalmente todas as memórias.

- Achei que nunca voltaria. - foi rude.

- Eu também, acredite, eu não estaria aqui se eu tivesse outra opção. - ele até tinha mas era a pior. - Você vai me emprestar ou não?

   Ele não tinha tempo, ele tinha que ir rápido, não se sentia bem ali.

- Tome um banho. - A senhora rumou a cozinha.

- Não! - Yoongi disse alto - Eu não tenho direito algum de falar alto aqui, mas eu preciso ir para casa, você pode me ajudar, por favor? - Seu estômago estava embrulhado.

- A sua casa é aqui! - Foi a vez da senhora revidar - Como você vai voltar para um lugar onde você já está?

     Yoongi tinha vontade de chorar.

- Por favor! - gritou de novo. - Não é a primeira vez que eu estou implorando, não é a primeira vez que eu quase fico de joelhos para você e você ainda insiste em me ver humilhado, isso aqui é uma casa para você?

     Sua visão estava quase embaçando, e sua voz estava falha, sua cabeça doía como o inferno. Ele precisava de um telefone.

    A senhora não o respondeu e caminhou para a cozinha. Yoongi pegou o telefone residencial e discou um dos seus números conhecidos.

- Jin! - chamou ao telefone - me busca por favor.

- Como você está? Aonde você está? - Duas perguntas cruciais.

- Eu estou na casa da minha família em Daegu, vem me buscar, por favor.

- Me diz o endereço.

   Yoongi passou o endereço e ouviu Jin o dizer para não sair do lugar e assim ele fez. Sentou no chão e chorou ao lado do telefone.
    Até ouvir a porta abrir, Seu pai. O senhor entrou na residência e o avistou no chão, Yoongi sentia estar em um terremoto, teve quase a certeza de não ter chão abaixo de si.

    Levantou e secou o rosto com o punho, caminhou até a porta, tendo o olhar do mais velho em si por todo o caminho, e o senhor deu espaço para o filho.

- Acho surpreendente a sua aparição. - mais velho disse - Esteja a vontade para decidir o que fazer.

   Yoongi soltou mais lágrimas, e quis abraçar o pai e foi isso o que fez, ao mesmo tempo em que seus braços envolveram o corpo idoso, o mais velho se certificou de envolver o filho.

- Desculpa, se eu te forcei e não te aceitei, eu peço desculpas. - o mais velho disse entre o abraço.

- Eu tô com muito medo - disse trêmulo - muito medo mesmo.

    Sua garganta havia começado a doer, e na sua cabeça a dor havia piorado.

- Está tudo bem, antes de você ir embora, tome um banho. - o mais velho aconselhou - imagina você sujar a sua casa assim.

   E assim Yoongi chorou mais. Ele se sentia sujo e tinha certeza que nenhuma água lavaria isso, tinha a impressão de ter a alma suja. Ele não queria largar o pai, mas ele queria ir embora, então segurou o mais velho ali até a chegada de Jin.

   
  E quando Jin chegou, o mais velho o levou até a saída, e ao ver Jin o questionando sobre várias coisas, questionou.

- Vocês namoram? - perguntou.

   Jin não queria dar esperanças, então foi ouvido um murmúrio de Yoongi falando não.

- Sei - o mais velho disse desconfiado - por favor cuide dele, me mande notícias. - pediu.

- Sim senhor.

    Jin tinha o rosto vermelho e as bochechas rosadas.

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   Mais tarde naquele mesmo dia, depois de ouvir Yoongi contar tudo e sentir as lágrimas molharem o seu ombro ele ouviu mais uma coisa. Uma promessa em meio a tanta tristeza.

- Eu não quero nunca mais ouvir sobre pessoas que passaram pelas mesmas coisas que eu, eu quero poder ajudar essas pessoas, e eu quero principalmente destruir esse desgraçado.

   Foi com aquelas palavras que Yoongi suportou por todos os anos, foi com aquelas palavras que ele subiu os seus negócios e nenhum deles de fachada.
   Foi durante anos o seu próprio consolo, assim que ele suportou antes de ter Taehyung e Hoseok.

    São essas palavras que vão mantê-lo até o final.

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