∿ 𝟏𝟒º 𝑪𝒂𝒑𝒊́𝒕𝒖𝒍𝒐 - 𝟕

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Engoli seco e coloquei o Noah sentado numa mesa que tinha ali. Respirei fundo e comecei a me despir morrendo de vergonha e super nervosa. Ela mascava um chiclete e estava de frente pra mim. Quando fiquei em pé novamente e apenas com as roupas íntimas ela deu um sorriso e disse mais uma vez "pelada" seguido de um "total". Ruborizei mais - se é que era possível - e então, tirei tudo. Engoli a seco e ela se aproximou me mandando fazer seguidos abaixamentos com as mãos esticadas pra frente. Ela observava tudo como se estivesse procurando algo - e ela estava - Quando já estava bom ela vestiu uma luva, afastou minhas pernas e me dedou. Eu olhei pra cima com os olhos fechados e tentando segurar o choro. Essa com certeza fora a pior humilhação por qual eu já me sujeitei. Quando já estava vestida e as bolsas tinham sido revistadas ela foi até o Noah e começou a mexer nele; ele já estava fazendo beicinho pronto pra chorar. Ela deu um pirulito pra ele antes que ele abrisse o berreiro. Assim que terminamos a parte torturosa e humilhante, entramos de vez e eu segui até uma mesa que tinha uma senhora. Cumprimentei-a e perguntei se podia me sentar ali; ela me deu uma olhada dos pés a cabeça e então, concordou. Agradeci e sentei colocando o Noah sentado na mesa e as bolsas também, na mesa. Abri o pirulito pra ele e lhe dei um beijo demorado na testa; Passei os dedos nos olhos secando as lágrimas que desciam sem autoridade.

Eu entendo o porquê da tia Sônia não querer minha vinda aqui. Ela tem razão e agora faz total sentindo. Eu não mereço me expor a isso. O Formiga não merece que eu me sujeite a isso. Eu chorava e chorava e notava a senhora ao meu lado a todo tempo me olhar. Não ligo. Noah estava distraído com seu pirulito e eu agradeci por isso... ele não precisa presenciar minha dor. Uma sirene soou e então, dois portões foram abertos. Meu coração disparou e eu passei a mão no rosto mas, não adiantou muito. Prestei atenção em cada preso saindo e em cada reação; a senhora ao meu lado levantou e seguiu até uma outra mesa que acabara de vagar. Agradeci em pensamentos. Abaixei a cabeça respirando fundo e então, voltei a encarar os portões até que o Formiga apareceu atrás de um cara. Ele olhava por todo o lugar buscando um rosto conhecido. Minha vontade era sair correndo e agarrá-lo pra nunca mais soltar. Beijar e dizer o quanto eu senti saudade... a única coisa que fiz foi agarrar meu neném e suspirar pesado. Ele estava mais magro que o normal e com hematomas. Fumava e usava uma camisa cinza maior que ele e uma calça comprida preta de poliéster. Ele deu uma tragada funda olhando tudo e então, quando nossos olhos cruzaram ele soltou a fumaça sem sair do lugar; Ficávamos nos encarando tentando decifrar um ao outro. Sai do transe quando o Noah agarrou meu rosto e eu o encarei. Dei um selinho nele e voltei a olhar pra onde o Formiga estava. Ele já vinha em nossa direção. Engoli seco e passei pela milésima vez a mão no rosto secando o mesmo. Ele jogou o cigarro fora e então parou de frente pra mim. Ele olhava de mim pro Noah e do Noah pra mim. Ele chamou o Noah que virou e quando o viu começou a bater as perninhas e esticar os braços pra ir no colo do Formiga. Eu sorri e então o Formiga o pegou no colo abraçando apertado e distribuindo beijos por todo seu rosto e corpo. Notei os olhos do Formiga marejarem e meu coração parou por uns instantes rs era a primeira vez que eu via o Formiga se emocionar com o Noah. Ele veio até o meu lado e estendeu a mão pra mim me fazendo levantar e me abraçando pelo pescoço. Ficamos assim por algum tempo até o Noah resmungar rs Eu parecia uma cachoeira de tanto que chorava. Sentei novamente e o Formiga sentou ao meu lado.

  Ele colocou o Noah sentado na mesa e me encarou. Ele abriu um sorriso e eu o segui, abaixando a cabeça logo em seguida. Ele tocou meu queixo e me fez levantar a cabeça e o encarar. Ele alisou todo meu rosto e eu fechei os olhos sentindo seu toque; suspirei e voltei a abrir os olhos o encarando.

Formiga: Não acredito que estão aqui. - Ele disse, baixo -
Joyce: Feliz aniversário! - Desejei e toquei o rosto dele, também. Ele segurou minha mão e direcionou até sua boca onde deu um beijo demorado -
Formiga: Não tem presente melhor. - Eu sorri e ele também. Deu um beijo na testa do Noah e se aproximou pra me beijar e eu abaixei a cabeça fazendo-o beijar minha testa; Eu o encarei e sorri, logo ele também sorriu - Ele tá enorme... - Olhamos pro Noah que brincava com o prendedor da chupeta. Formiga mexeu no cabelo dele que o encarou e sorriu esticando os bracinhos. Formiga pegou ele no colo e o abraçou. Eu sorri - E você ficou rebelde e decidiu furar o nariz. - Ele tocou meu nariz e eu ri - Ficou linda... mais! - Eu abaixei a cabeça. Ele alisou meu braço até chegar em minha mão onde cruzou nossos dedos. Eu o encarei; ele sorria -
Joyce: Você está todo machucado... - Fiz careta e toquei os machucados em seu rosto - Para de se meter em briga. - Pedi -
Formiga: Eu tento. - Ele torceu a boca -
Joyce: Sua mãe só me entregou suas cartas esse mês... - Disse, de uma vez e ele arregalou os olhos - Eu não sabia que tinha me escrito e eu nunca disse que não queria vir.
Formiga: Por que ela faria isso? - Eu abaixei a cabeça e depois o encarei -
Joyce: Porque ela queria evitar que eu passasse por essa humilhação. - Dessa vez ele quem abaixou a cabeça - Eu a entendo... agora.
Formiga: Eu sinto muito, Joyce. - Ele me encarou com o olhar caído - Sinto mesmo. - Ele tocou minha perna - Eu só fiz merda, só aprontei e tu tá aqui... Aturou caô pra caralho e tá aqui. - Ele subiu me alisando e pousou a mão na minha cintura - Aqui a gente pensa pra caralho, reflete e se não tiver controle, fica maluco mas, pode ter certeza que eu nunca pensei em fazer direito com você como tenho pensado. - Eu abaixei a cabeça novamente e ele me fez encará-lo - Sério! A gente começa a dar valor... depois dessa sua atitude, ainda mais. - Ele deu um sorriso de lado e eu também, sorri - Eu quero muito começar de novo com você. - Ele alisou meu rosto e eu engoli seco -
Joyce: Olha o que eu trouxe pra você. - Disse, mudando de assunto e virei pra mesa e abri a bolsa -  

Comemos conversando sobre as coisas que eu vinha fazendo. Contei como tinha sido o aniversário do Noah e da gravidez da Maria; Eu não sei se devo ou não contar do Renan... tenho medo da reação dele e das consequências que ele pode sofrer. Ele não tentou me beijar em nenhum momento o que eu agradeci mentalmente mas, eu confesso que estava com saudades :/ A sirene tocou e ele abaixou a cabeça negando com a mesma. Passei a mão no rosto dele, ele deu um beijo na minha mão e me encarou. Alisou meu braço e tocou minha nuca, me aproximando dele. Tocou sua testa na minha e roçou seu nariz no meu.

Formiga: Você tem outro, né? - Perguntou, baixo de olhos fechados e eu arregalei os olhos. Ele abriu os olhos e me encarou. Respirou fundo e se afastou passando a mão na cabeça -
Joyce: Po... - Ele me interrompeu -
Formiga: Eu sei que tem. - Ele disse, sério me encarando - Eu não vou brigar, gritar, xingar e nem nada. Você mesmo assim veio aqui. Passou pelo o que passou. Eu não to em condições de pedir nada e nem de impor. Você era solteira quando eu vim parar aqui. - Ele suspirou - Eu te entreguei pra outro. - Ele sorriu sem humor - Você merece um cara melhor, mesmo.
Joyce: Form... - Ele me interrompeu -
Formiga: Não precisa se explicar. - Ele segurou minha mão e levou até sua boca onde depositou um beijo - Me dá um selinho? - Ele pediu enquanto alisava minha mão - O Noah não vai contar. - Ele riu e eu também - Você é maravilhosa. - Ele disse, alisando meu rosto - Eu amo você. - Disse e então, me deu um selinho demorado -  

Eu abri a boca dando passagem para ele entrar com sua língua e começarmos a nos beijar de verdade. Beijo pra matar a saudade, beijo de reencontro e de despedida. Ele sabe que eu sou dele. Ele sabe que eu sempre vou estar nas mãos dele mas, ele sabe que eu mereço alguém melhor que ele. Nos separamos quando o Noah começou a nos bater rs Ele deu um beijo demorado nas bochechas e testa do Noah. Abraçou ele apertado e sussurrou alguma coisa em seu ouvido. Levantou e eu também. Nos abraçamos apertado; Ele me alisava e me cheirava. Nos afastamos e eu peguei dentro da minha bolsa um paninho e espirrei meu perfume nele entregando-o para o Formiga que sorriu e cheirou. Me deu um outro beijo feroz, mais um abraço, outro beijo no alto da cabeça do Noah e então foi se afastando. Meu coração ficou em pedaços, minhas lágrimas rolaram e minha vontade de colocá-lo no bolso e sai daqui com ele me tomou. Respirei fundo, sequei o rosto e peguei o Noah no colo. O abracei apertado e ele olhou ao redor e pronunciou "papai". Eu arregalei os olhos e sorri, ainda chorando; chorando agora por Noah ter dito sua primeira palavrinha, pelo Formiga ter ido e por ele ter perdido essa conquista do nosso bebê. Dei seguidos selinhos nele, outro abraço apertado, peguei as bolsas e saí dali. Fui ao ponto de ônibus e esperei algumas eternidades pelo o que me servisse. Cheguei na casa da Nat ia dar três da tarde. A tia dela e ela estavam no sofá. Cumprimentei as duas e segui até o quarto. Deixei as bolsas na cama, coloquei o Noah sentado e deitei ao seu lado. Nat entrou no quarto e me deu um beijo e um abraço e então, tornei a chorar. Ela tirou meus sapatos e eu voltei a deitar. Contei pra ela como tinha sido e ela me ouviu quieta.

Nat: É muito triste essa situação. - Eu assenti - Sinto muito por vocês, amiga. - Ela alisou minha perna e deu um selinho no Noah que, brincava com o controle -
Joyce: Eu o amo tanto, Nat. - Funguei -
Nat: Eu sei, amiga. - Eu coloquei as mãos no rosto - Chora mais não, amiga. - Ela afastou meus cabelos -
Joyce: Como vou segurar o choro? Como vou explicar essas emoções? Como vou olhar pra cara dele? Como eu vou encarar o Renan, agora, Nat?
Nat: Joga limpo com ele, amiga. Termina se preciso for. Não faz ele de otário. - Eu a encarava prestando atenção e por fim assenti com a cabeça - Eu to contigo. Amo você. - Ela me abraçou - Descansem um pouco. - Assenti novamente -
Joyce: Vou tomar um banho rapidinho. - Sentei na cama, soltando o cabelo e logo fazendo um coque -
Nat: Vai lá, eu fico com o Noah.
Joyce: Não, vou tomar banho com ele.

Levantei e peguei o Noah. Tirei sua roupinha, peguei a toalha e segui até o banheiro. Tomamos um banho rapidinho e com choro da minha parte rs voltamos ao quarto e eu o vesti rapidinho, me vestindo logo em seguida. Peguei o celular e tinham algumas chamadas perdidas e duas mensagens do Renan perguntando como estávamos e se estava tudo certo pra mais tarde e a outra era ele dizendo que quase tinha sido atropelado. Neguei com a cabeça e mandei uma mensagem perguntando se ele estava bem. Coloquei o Noah no peito e pedi Nat um remédio pra dor de cabeça; ela trouxe e então, depois que eu tomei esperei o Noah dormir e quando ele fez, eu dormir também.  

𝑮𝒓𝒂́𝒗𝒊𝒅𝒂 𝒂𝒐𝒔 𝟏𝟔Место, где живут истории. Откройте их для себя