Lock & Key (Chaelisa)

The Shaman

Graças ao conselho de Jisoo, Lisa evitou adoecer e no dia seguinte ela correu para Snowdrop, ansiosa para ver Honey. Para seu alívio e decepção, Jennie a informou que Roseanne tinha vindo buscar Honey ela mesma depois que Jisoo a avisou sobre o ocorrido.

"Ela vai ficar bem, Lisa," Jennie assegurou. "Felizmente, o veneno não se espalhou muito. Ela tinha engolido um pouco de água também, acho que foi ainda mais perigoso, então você salvou-a em cima da hora. Ela precisará de alguns dias para se recuperar, mas logo estará de pé novamente.

"Obrigada, obrigada", disse Lisa, "como você fez isso?"

Jennie piscou e colocou um dedo nos lábios. "Segredo. Há mais sobre mim do que apenas fazer pães e encomodar você e Jisoo para trabalharem."

"Pobre Honey... ela deve ter levado um susto", disse Lisa, "e Roseanne... o que os meninos vão fazer agora quando descobrirem que ela está viva? Se eles tentarem alguma coisa, eu vou... Eu vou..."

Jennie foi rápida em descansar a mão no ombro de Lisa. "Eu odeio dizer isso, mas agora, não há muito que você possa fazer."

"E aquele velho, o xamã. Ele está sempre falando sobre proteger a vila do mal. Isso é muito bom, mas quando se trata de alguém sendo assediado, ele de repente fica cego?" Lisa zombou. "Eu pensei que ele tinha alguma autoridade aqui? Ou o pessoal do conselho? E quanto a eles? Ninguém se importa? Tudo o que eles fazem é sentar e girar os polegares e culpar Roseanne. Hipócritas."

Jenny suspirou. "Sim, parece que o mundo inteiro está contra ela. Mas, felizmente, ela é uma mulher forte. Ela aguentou todos esses anos"

"Por que ela simplesmente não vai embora?"

Jennie riu enquanto pegava a fita que Lisa passou para ela e amarrava o pacote de pães que ela estava preparando. "Pergunte a ela você mesmo."

"Como as pessoas não podem ver o quão banal tudo isso é, todos eles a perseguindo assim?" Lisa meditou, mais para si mesma do que para qualquer um.

Jennie lhe deu um olhar estranho enquanto colocava o pacote de lado e se ocupava em limpar o balcão. "Acho que todos nós temos momentos em que ficamos cegos demais para perceber que nossas ações foram longe demais e estão causando danos."

"Você está dizendo que não devo culpá-los, então?" Lisa perguntou indignada. "Deixar Chanyeol e seus amigos persegui-la até que talvez se cansem dela?"

"Estou dizendo para não se sentir superior, porque tenho certeza que você já esteve em uma posição semelhante antes. Ou estará. Os humanos têm essa tendência de perder a cabeça e ficar totalmente obcecados." Jennie disse significativamente.

Lisa rapidamente se calou porque as palavras de Jennie finalmente atingiram seu alvo e ela não acrescentou mais nada.

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Alguns dias depois, a caminho de casa, Lisa fez um desvio.

Ela raramente vinha a este lado da aldeia, a menos que fosse para recados e entregas. A floresta assomava atrás da cabana solitária e surrada que estava na beirada. A torre de fumaça subindo da chaminé deixou Lisa saber que seu ocupante estava em casa, exatamente como ela esperava.

Preparando-se, ela bateu na porta. Que logo se abriu e o dono espiou, apertando os olhos, antes de sua boca se abrir de surpresa.

"Ah... a ajudante da padaria? Eu não sabia que tinha feito um pedido..." disse o xamã. Ele usava um medalhão simples esculpido com símbolos obscuros, mas suas roupas eram simples, ao contrário das vestes mais cerimoniais que ele usava quando pregava na praça.

"Não, eu só... queria conversar, se você estiver disponível. Isso não vai demorar muito... é sobre Roseanne."

Ele saiu e fechou a porta. O xamã nunca compartilhou qualquer sinal de simpatia com Lisa, mas, relembrando, ele não fez nada para mostrar a ela que ela era bem-vinda, apesar de ser uma figura pública.

"O que você gostaria de saber?" ele disse.

"Por que ninguém impede os meninos?" Lisa perguntou, indo direto ao ponto. "Por que ninguém defende Roseanne? Ela é uma aldeã como vocês até que um bando de idiotas decidiram que ela era um troféu!"

O xamã a olhou em silêncio depois de sua explosão, fazendo o calor subir até as bochechas de Lisa enquanto o constrangimento a dominava. Mas ela se recusou a pensar em sua mortificação, empurrando-a para a parte de trás de sua cabeça e pensando em Roseanne.

"Você acredita em destino, Lalisa?"

Lisa paralisou. Ninguém a chamava pelo nome completo há muito tempo, e ela não tinha contado a ninguém na vila, nem mesmo Jennie e Jisoo.

"O que importa se eu acredito ou não?" Lisa perguntou eufórica.

O xamã sorriu, seu dentes meio amarelos enquanto acariciava a barba. "Nada. Eu estava apenas curioso. Mas sobre Roseanne... e se eu lhe disser que é o destino dela passar por essa tribulação antes que ela pudesse encontrar a felicidade?"

Lisa olhou para ele, resistindo à vontade de socá-lo.

"Como você sabe? Que tipo de destino estúpido é esse?" Lisa zombou.

"O mundo funciona de maneiras misteriosas, Lalisa, especialmente as forças e deuses caprichosos que governam nosso-"

"Pare de falar bobagem. Eu vejo agora que você é tão inútil  quanto o resto daqueles trogloditas."

O xamã deu de ombros. "Você estava esperando alguma solução fácil?"

"Sim, como uma surra para aqueles pirralhos pretensiosos e mimados."

Ele riu. Até sua risada era calma.

"Você não saberia. No primeiro ano em que os meninos pensaram que seria um bom esporte cortejá-la, algumas famílias até amarraram seus filhos em suas camas por semanas para detê-los. Não adiantou. Devido à sua beleza radiante, Roseanne se tornou um troféu á se conquistar. Em sua defesa, ela tentou sair com garotos que conhecia desde a juventude, quando atingiu a maioridade, mas rapidamente se tornou cansativo... e foi assim que ela acabou usando seu gato. Em um ato de desespero."

"Então você está dizendo que não tem controle sobre isso. Você está dizendo que se ela fosse sua filha, você não a protegeria de alguma forma," Lisa disse sarcasticamente. "Entendi como as coisas funcionam por aqui."

O xamã ficou estranhamente sério. "Você se importa com ela."

"Qualquer um com um coração deveria. Ela é humana, como o resto de nós. E, além disso, ela é uma de vocês", disse Lisa altivamente enquanto se virava enfurecida. "Tenha um bom dia."

"Lalisa-"

"Pare de dizer meu nome! Como diabos você descobriu ele?" Sua irritação estava começando a aumentar.

"Eu sei muitas coisas."

"Sério? Que outras partículas de sabedoria você tem?" Lisa desafiou, cruzando os braços. "Sobre mim, por exemplo?"

Ele a olhou diretamente nos olhos, perdendo qualquer traço de hesitação fazendo Lisa vacilar.

"Perdoe-se. Eu posso ver a culpa que você carrega em seu coração", disse o xamã com seriedade. "Você vai encontrar a felicidade também, eventualmente."

"Culpa? Que culpa?" Lisa explodiu. "Por que eu me sentiria culpada?"

Ela não estava gostando do jeito que o homenzinho estava olhando para ela, como se ele pudesse ver através de sua armadura. Ela se sentia nua e exposta, e seus segredos à vista de todos.

"Por amar", disse o xamã simplesmente.