Rebeliões Internas

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O Alto da Francia sempre foi uma região indomável, sobretudo a região mais fronteiriça, mais ao norte de Paris. Fora um dos locais mais atingidos durante a Terceira Guerra Mundial, onde ocorreu a famosa batalha de Le Havre, que durou sete dias, tendo mais de cinquenta mil mortos durante o processo, a maioria civis. Foi depois dessa batalha que os inimigos da França tiveram livre passagem pelo Canal da Mancha e massacraram o Reino Unido, em seguida. Antes de se separarem, o país que hoje é a Nova Bretanha, tinha alegado que os franceses perderam a batalha de Le Havre apenas para destruir seu país, aproveitando-se de sua fraqueza para, anos ais tarde, anexarem-no no território que se tornaria a Grã-Francia.

Além da Terceira Guerra, houve também a guerra contra Snöland e, o local das batalhas mais sangrentas, dos maiores massacres, foram justamente nas fronteiras do Norte. Tudo pela posse do Estreito de Dover e o Canal da Mancha. Há cerca de quarenta e três anos, durante essa guerra, houve o que se chamou posteriormente de O Massacre de Calais, onde ocorreu uma das lutas mais barbaras que qualquer guerra testemunhou. As águas da costa de Calais permaneceram vermelhas por semanas, a cidade ficou em ruinas e era assim até os dias atuais. Aquela foi uma grande vitória para Snöland, o dia que tomaram o Estreito de Dover. E, pouco tempo depois disso, os separatistas britânicos agiram.

Por causa desses acontecimentos históricos, os nortistas jamais foram simpatizantes da Coroa, sempre acharam que eram postos no front de batalha como peões, seres descartáveis a serem sacrificados. Não estavam totalmente errados, durante a guerra, os governantes franceses de fato priorizavam a proteção do território central e da capital, Paris, quando percebiam que as fronteiras estavam perdidas. Mas como explicar estratégias militares para civis? Eles não se importavam em ganhar guerras, se importavam em sobreviver, em não virarem estatística de mortalidade na guerra.

Esses rebeldes nortistas costumavam permanecerem silenciosos durante os períodos de paz, aqueles que sucederam as guerras, quando o povo estava mais interessado em reconstruir cidades, planejar funerais e seguir a vida, do que pensar em política. Mas, depois da separação da Nova Bretanha, esses movimentos políticos, antimonárquicos e separatistas italianos tinham ganhado força. Sobretudo depois da oficialização da aliança com Snöland, o antigo inimigo, aqueles que mancharam Calais de sangue.

E, agora, uma rebelião, não como a de sete anos atrás, menor, mas ainda assim preocupante. Pelo que os informantes haviam dito, tudo começou na cidade de Amiens, pessoas começaram a botar fogo em carros, quebrar o concreto das estradas, fechar as saídas com pneus em chamas, depredar comércios e casas. Um policial morreu, quatro manifestantes e cinco civis. A mensagem era clara, gritada em alto e bom som, queriam a democracia e o fim da monarquia. Além, claro, da saída dos snöleses de seu território e do fim da aliança.

Ryland conseguia entender o apelo. Cinco anos após da Terceira Guerra Mundial, a monarquia retornara na França, e nos países que se tornaram parte de seu território, e o país foi rebatizado de Grã-Francia. A monarquia foi um jeito de tonar tudo menos burocrático, já que o poder residia em uma pessoa, o rei, na época. A Coroa não era apenas um modo de governo, mas algo para as pessoas se inspirarem, o rei era um símbolo forte, representando todo um país e trazendo a admiração do povo, uma forma de fazê-los crer e amar o governo. Foi uma forma de reconstruir o país, de torna-lo inabalável após a Terceira Guerra Mundial. Agora, em tempos de paz, o povo queria sua democracia de volta.

A Coroa já tinha cedido parte do poder a cerca de duas décadas atrás, quando restituiu o Parlamento, onde parte de seus membros eram escolhidos pelos cidadãos pelos votos, assim como os prefeitos e governadores de estados. Porém, o monarca, Chefe de Estado, ainda era a maior voz, o detentor de maior poder e era ele quem daria, com ou sem Parlamento, a palavra final. E, o rei em questão, ainda podia escolher certos membros do parlamento, além de alguns governantes. Ainda assim, o Poder Judiciário não estava nãos mãos de monarcas, podendo submeter até mesmo o rei ou a rainha as Leis.

A Ascensão do ReiOnde histórias criam vida. Descubra agora