Um Segundo de Clareza

313 34 9
                                    

Depois que Mitchell saiu da piscina, alegando que estava cansado demais e que queria dormir umas vinte horas, Ryland permaneceu ali.

Havia algo de estranho quando dois homens choravam enquanto se abraçavam, mesmo que fossem irmãos. Uma demonstração de vulnerabilidade atípica do gênero. Considerando que eram da realeza, isso era ainda mais atípico. Ryland sequer se lembrava da última vez que vira Mitch chorar, era insano.

Quando Mitchell foi embora, Ry permaneceu sentado na beira da piscina, com as pernas pra cimas as abraçando e com o queixo apoiado no joelho. Sentiu-se como se estivesse a um milhão de quilômetros dali, alheio à tudo ao seu redor. Seu irmão, Lynae, que deveria estar no quarto, Alessa, que estava em algum lugar daquele castelo e sua mãe, que estaria no escritório, certamente.

Ryland pulou na piscina alguns minutos depois, nadando loucamente até não saber mais que horas eram e se estava escuro ou claro lá fora. Quando saiu da água, suas extremidade estavam enrugadas, água escorria de seu corpo e as pontas molhadas de seu cabelo se enroscavam com seus cílios.

O príncipe tomou um banho demorado no vestiário, a água gelada atingindo seus músculos cansados, esfriando sua pele quente.

Ele vestiu uma calça folgada e camiseta branca, uma toalha apoiada ao redor do pescoço, que ele usava para secar o cabelo. Ryland andou descalça pelos corredores até chegar naquele onde ficava o seu quarto.

Ficara tanto tempo na piscina matando o tempo para não correr o risco de esbarrar com Lynae. Não estava pronto para vê-la, já que não sabia mais como agir perto dela. Eles tinham terminado sabe-se-lá que tipo de relacionamento que tinham antes e, sua dama, Anneli, pedira que ele se afastasse dela, para que Lynae pudesse superar tudo. Mas ainda tinham que viver sobre o mesmo teto, trabalhar juntos. Não seria tão fácil quanto era na teoria.

Ryland achara que um mês separados faria o estranhamento entre eles sumir, mas ele ainda se sentia estranho. Porém, não mais confuso. Agora, Ry sabia exatamente o que tinha que fazer.

Ry deu uma passada rápida em seu quarto, para trocar de roupa, depois desceu as escadas e foi para a cozinha, descendo mais escadas até o subsolo. Foi até o corredor do dormitório feminino dos empregos, andando o mais silenciosamente que conseguia, para não acordar ninguém. Esperava que ela estivesse acordada.

Ryland bateu à porta e recebeu a resposta logo em seguida, um "entre", que fez seu coração disparar.

Alessa estava sentada em frente à uma mesa, estava inclinada sobre ela, escrevendo uma carta. Apenas a luz da luminária acima da mesa iluminava o local.

– Espera um pouco, Anne, que eu estou terminando... – Ela olhou por cima do ombro e, quando viu Ryland sobre a soleira da porta, Ally pulou da cadeira ficando em pé. – Ryland!

Ela estava usando uma camisola azul marinha que ia até pouco acima do joelho.

Ryland percebeu, com uma certa tristeza, que também sentia uma estranheza com Alessa. Ele revirou a carta que segurava na mão, incerto de como começar aquela conversa.

– É... bom te ver – Ela sorriu, depois avançou pelo quarto e o abraçou. – Senti sua falta.

O príncipe aproveitou aquele momento para abraça-la, porque não sabia se ela deixaria que ele fizesse isso depois. Ele a envolveu com os braços, apertando-a contra seu corpo. Ryland enfiou o nariz contra o cabelo de Alessa, inalando o cheiro de seu xampu, um cheiro doce de ervas e frutas. O calor de Ally o envolveu e ele sentiu quando os braços finos dela o apertaram.

Lentamente, Ry se forçou a solta-la, afastando-a gentilmente.

Ela o olhou com seus grandes olhos castanhos brilhantes e um sorriso no rosto.

A Ascensão do ReiWhere stories live. Discover now