Um Conto Sobre Uma Princesa e Dois Duques

318 37 2
                                    

– Sente-se, por favor, Ryland.

O príncipe ficou em choque pela palavra "por favor" expressada por sua mãe. De forma cambaleante, ele se sentou, em uma cadeira em frente à mesa da rainha.

– Vai me contar?

– Me parece que você sabe de tudo. Vincenzo quem te contou? – ela estava séria, mas Ryland podia ver a vulnerabilidade dela, algo que Emilie não costumava demonstrar tão escancaradamente.

Ryland balançou a cabeça.

– Não, ele não contou. Eu descobri e ele apenas confirmou. – Se Ryland estava esperando uma reação de surpresa, naquele momento, não a obteve. Tudo que Emilie fez foi arquear levemente as sobrancelhas, esperando ele continuar. – Ele é a cara de Mitchell, mãe, realmente idêntico. Eu pensei... Mitchell nasceu de sete meses, sempre foi diferente de todos nós, com aqueles olhos... Depois, quando perguntei ao duque se vocês se conheceram pessoalmente, ele me disse que sim, quando você tinha vinte anos. Exatamente na idade em que você teve o Mitchell.

Emilie apenas emitiu um suspiro.

– Isso foi muito frustrante pro seu pai. Digo, Mitchell ser tão igual a Vincenzo. Na verdade, foi frustrante para todo mundo. Quase como se Deus esfregasse na nossa cara constantemente. – Emilie respirou profundamente – Eu só queria te dizer que, independentemente de quem fosse o pai de Mitchell, Edward o amava como se fosse dele, sempre o amou e nunca houve qualquer dúvida quanto a isso. Sei o que você leu na carta e o que pareceu, e como foi chocante pra você descobrir que nosso relacionamento não começou... exatamente como um conto de fadas que todo mundo achava que era.

Ryland cruzou os braços e desviou os olhos para a janela, vendo o céu azul de Nice. Estava com saudades de casa quando estava no Palácio do Quirinal, mas agora que estava novamente no castelo d'Mers, quis voltar para a Itália.

– Quero ouvir, quero saber de tudo, por você.

– Muito bem então – a voz de sua mãe soou firme.

Quando olhou para Emilie, ela já o encarava, profundamente.

– Conheci Vince quando eu tinha dezoito anos. – Ryland não pôde deixar de reparar na afetuosidade com que Emilie pronunciava o apelido do duque, Vince, igual ele próprio fazia ao chamar Alessa de "Ally". – Ele e o pai dele, que na época era o Duque, passaram um verão no Palácio de Lys em Paris, onde eu costumava morar. Eu não gostava quando as pessoas se hospedavam no castelo, porque me obrigavam a sorrir e conversar, a fingir que eu era um doce bibelô a mostra, a fingir que tinha uma vida dos sonhos, em um castelo de princesa. Fora que todos sempre queriam algo de mim, não naquela época, claro, mas quando eu fosse rainha. Mas você conhece a sensação."

"Então, conheci o Vince. Ele era tão diferente de todo mundo. Otimista, engraçado, divertido, sonhador. Costumávamos caminhar juntos toda a manhã, conversando sobre tudo. Era ótimo conversar com alguém tão entusiasmado e cheio de vida. Ele me fazia me sentir viva, me fazia me sentir eu mesma como ninguém nunca fez. Eu me apaixonei e, pra minha sorte e eterna surpresa, ele se apaixonou por mim também."

"Vince deu um jeito de trabalhar no castelo e, acabamos ficando cada vez mais próximos. Eu o amava muito, como achei que jamais poderia amar outra pessoa. E era perfeito, porque ele era filho de um Duque, um nobre e ninguém ousaria dizer que ele não estava à minha altura."

"Quando fiz vinte anos, eu e Vince começamos a falar de oficializar a nossa relação, nos mostrar para o mundo. Tínhamos que falar com o meu pai, mas ele sempre comentava o quanto gostava de Vince, então jamais pensei que isso fosse se tornar um problema. Eu sabia que queria me casar com Vince, que queria passar o resto da minha vida com ele. Eu sabia, tinha certeza que ele era a pessoa certa pra mim."

A Ascensão do ReiDonde viven las historias. Descúbrelo ahora