Três Palavras

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Lynae estava errada. Recebeu as cartas nos dois dias que se seguiram e, elas mantiveram a mesma paixão de todas as outras, descrevendo as qualidades de Lynae de forma poética e os sentimentos de Ryland lindamente detalhados.

Houve muita repercussão depois do Dia da Paz.

Jornais falavam da vacina com entusiasmo, havia páginas inteiras dedicadas ao assunto e a doutora Gabrielle dera várias entrevistas para diversas redes televisivas. E, todas as vezes, ela deu os devidos créditos a princesa Lynae, mantendo sua palavra.

Óbvio que, a repercussão maior fora devido ao anúncio da rainha. Muitas pessoas questionavam a honestidade de Emilie por ter demorado tanto para dizer a verdade, outros se perguntavam se todas as decisões dela haviam sido lúcidas, havia ainda aqueles que lamentavam a doença da rainha.

Muitos jornais se questionaram se um garoto de dezoito anos era a escolha certa para governar um país. Alguns noticiários deram a notícia do novo rei de forma mais animada e otimista. O povo estava confuso e inseguro, mas ainda amava, ao menos a maioria, seu príncipe Ryland.

Havia também aqueles que comentavam sobre a atitude de Ryland, de se ajoelhar perante Lynae. Muitos ficaram emocionados com a atitude e, de um modo geral, teve uma repercussão totalmente positiva. Ela finalmente parecia ter sido aceita, de alguma forma. Graças ao seu próprio esforço, mas também a Ryland.

Era muita coisa para os grão-franceses processarem. Era muita coisa para Lynae processar. E, certamente, era muita coisa para Ryland processar também.

Quando Lynae estava se dirigindo à mesa para almoçar, encontrou Mitchell de braços cruzados, em frente a porta do quarto de Ryland.

– O que está acontecendo, Mitch?

– Já faz dois dias que ele não sai do quarto. Quando entrei, ele jogou isso em mim. – Mitchell ergueu uma colher, que segurava em sua mão.

Lynae havia levado o conselho de deixar Ryland se acalmar à sério. Mas também tinha se oferecido a rainha para ajudar com os preparativos da coroação e, ao menos por um segundo, pareceu que ela ficou feliz com isso, de forma que concedera permissão para que ela assim fizesse. Desde então, ela estivera ocupada com os cerimonialistas, para organizar o evento.

Sentiu-se mal por não ter reparado que Ryland estava sumido há dois dias.

– Eu posso tentar falar com ele.

Mitchell suspirou.

– É, talvez ajude. Obrigado.

Lynae balançou a cabeça e sorriu para ele.


Ela se posicionou em frente a porta, respirou fundo, aprumando a postura, como se fosse travar uma batalha. Bateu à porta rapidamente e anunciou que entraria, antes de fazê-lo.

Assim que estava dentro do quarto, fechou a porta atrás de si.

As janelas do quarto estavam fechadas, assim como as cortinas, de forma que o cômodo estava bastante escuro, mas não demorou muito para os olhos especiais de Lynae se ajustarem a pouca luz.

A mesa do quarto do príncipe estava uma confusão de papeis, envelopes e canetas. Várias bolas de papel amassadas cobriam o chão. As fotos que costumavam enfeitar a parede já não estavam mais lá. As roupas que Ryland usara no Dia da Paz estavam jogadas no chão, o que indicava que ele não permitiu que ninguém entrasse em seu quarto para limpa-lo. A cama estava uma confusão de lençóis desarrumados e travesseiros espalhados.

– O que você quer? – Ryland se sentou, seu torço estava nu e o cabelo bastante bagunçado, além dos pelos que despontavam em seu queixo e mandíbula.

A Ascensão do ReiOnde histórias criam vida. Descubra agora