capítulo IX

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Vitória

Me afastei, não é que eu não queria aquilo. Mas eu ainda estava confusa e com medo de tudo isso! Não quero me envolver agora.

Corro para o quarto o deixando parado ali, como uma estátua. Fecho a porta me certificando que está trancada, me jogo na cama tentando lembrar quando eu deixei os meus sentimentos ficarem confusos. Quando eu deixei de ser eu mesma.

Isso não poderia estar acontecendo novamente, ele está me fazendo enlouquecer e me fazendo pensar demais. Eu tenho que ficar calma e relaxar para não ter outro ataque de ansiedade daquela vez. Não quero isso novamente. Os remédios estão fazendo efeito não estão?

Bato a mão na coxa tentando pensar mais rápido, não quero ver o seu rosto por agora, estou envergonhada demais para fazer isso e com medo também.

Amanhã eu tenho que estar na creche, mas como sem a minhas roupas e minhas coisas? Estou usando suas roupas que eu mexi ontem a noite. Mas não poderei trabalhar assim, então hoje eu terei que ver a sua cara. Por que o mundo é tão injusto comigo? Eu sou tão azarada em todos os sentidos!

Fecho os olhos, fico alguns minutos assim mas que pareciam uma eternidade. Quando vejo já estou dormindo e tendo mais outro flashback do meu passado, que está voltando com tudo agora.

Sonho on

Visto o vestido que mamãe escolheu ele era justo e muito decotado, nada parecido comigo. Em um tom vermelho sangue que não me deixava nenhum pouco de uma aparência mais nova.

Me deixava com uma aparência estranha, uma adolescente rebelde com um vestido que era para ser usado numa mulher de 20 anos. Tentava não chorar enquanto o meu coração batia mais forte, tentava não me matar toda vez que ia para aquele lugar.

Me olho no espelho engolindo o choro, o batom vermelho destacando os meus lábios que parecia ter ficado maiores, os meus olhos com delineado e cílios postiços e o meu cabelo solto alisado com a chapinha. O maldito vestido e um salto alto preto. Alguém bate na porta do meu quarto e pela a batida sei bem quem é. Mamãe.

- Vamos logo Vitória!_ fala quando abre a porta- Está belíssima, vai arranjar muitos homens está noite!_ falava com orgulho, eu sentia nojo dela e de todos- Bom vamos, seu pai nos espera impaciente._ me puxa, pelo o jeito que ela fala nem parece que está me levando direto para a morte igual fez com minha irmã. Eles eram psicopatas, bipolares e sei mais o que! Não tinham empatia alguma com nenhuma vida, quem dirá da minha.

Eles me vendiam para ser escrava sexual, achando que estava certo aquilo. Achando que estava cumprindo a lei, eu não podia chamar a policia ou qualquer outra pessoa. Certeza que ela iria morrer junto, ninguém fica livre. Minha irmã tentou chamar alguém para nós "salvar" mas eles descobriram e matou a moça na nossa frente e logo depois deu uma boa surra na gente de deixar várias feridas no nosso corpo.

Saímos da casa e encontramos pai ali na frente de paletó e um cigarro na boca, ele sorri para nós. Engulo em seco, ele nunca sorri.

- Vamos?_ mãe pergunta pegando o seu cigarro e jogando no chão, não gosta de ver pai fumando mas ama ver a sua filha ser estrupada por estranhos. Hipócrita.

- Claro!_ ele abre a porta do carro para ela entrar e logo abre para mim entrar- Se comporta boneca, não queremos ver você machucada!_ tenta passar a mão no meu rosto mas eu me esquivo, recebo um tapa na cara em troca- Nunca se esquiva do meu toque!_ ele passa a mão nos meus lábios lambendo os próprios.

- Vamos logo, não queremos chegar atrasados!_ minha mãe buzina de dentro do carro, entro no carro rapidamente quando ele manda. E logo estamos no salão de leilão, somos acompanhetes deles por uma noite.

Saio do carro e sou levada para os fundos, minha mãe me deixa depois de me dar uns trinta sermão e de não chorar na frente.

Quando é a minha vez, eu tomo coragem e subo no palco de cabeça baixa e com as mãos tremendo.

- Vitória King Parker, 14 anos! Experiente e o troféu desta noite!_ ele passava a mão no meu corpo, ele pegou na minha mao e me obrigou a girar. - Com um corpo excelente para tudo que os senhores desejarem. Quem vai querer essa belezura por uma noite? Dolle uma! Dolle duas.

- 15 mil!_ um cara velho e barbudo fala trás, ergo a cabeça olhando, mas logo abaixo quando vejo o olhar dos meus pais.

- Alguém da mais? Eu acho que ela vale muito mais né?_ ele passava as mãos nos meus peitos o apertando fazendo quase pular do decote.

- 50 mil!_ um mais novo mas não tirava a sua cara de homen nojento no rosto.

- Alguém da mais?_ engulo em seco quando ele pega na minha perna e vai subindo o meu vestido para cima. - Dolle uma!

- 500 mil!_ um no fundo grita alto.

- vendindo para aquele homen com um charuto na mão! Venha buscar o seu prêmio._ não ergo a minha cabeça em momento algum, quando sinto o seu toque áspero no meu queixo eu levanto fazendo os meus olhos transbordar em lágrimas. É o meu pai.

O que ele faz aqui? Que merda ele pensa que está fazendo?

- Venha, hoje você será minha!_ sussurra no meu ouvido, tudo que eu sinto é medo, raiva e nojo. Muito nojo.

Sonho off

Acordo toda suada e ofegante, por que tudo está voltando agora? Por que, que tinha que ser agora? Eu estava indo tão bem, os sonhos e flashbacks haviam parado. Mas depois de umas semanas pra cá tudo voltou.

Eu não posso cair nesse abismo novamente, eu não posso voltar a ser aquela mulher de antes, que ficava remoendo as coisas do passado e deixava de viver. Que ficava trancada dentro de casa e só saia para trabalhar, as vezes nem isso eu fazia. Não quero ela de novo.

Me levanto sentindo minha cabeça latejar de dor, passo a mão no rosto ignorando a minha tontura. Abro a porta do quarto saindo do mesmo, encontrando a casa vazia. Respiro pesadamente olhando pela a janela como o dia ficou fechado e não havia nenhum requisito de sol ou calor.

Vou na cozinha dele para beber uma água, preciso ficar hidratada e tentar esquecer a porra do sonho. Não posso ficar paranoica pensando muito nisso, preciso voltar o meu foco e aqui, nesta casa tenho certeza que não conseguirei.

Termino de beber a água e enxago o copo o colocando no secador de louças, ando até a sala me sentindo quentinha. Me sento no sofá amarronzado e ligo a televisão para assistir algo e distrair a mente perturbada.

Estava passando shrek, gosto bastante deste desenho mas não consigo me concentrar nele. Minha mente esta perturbada com os flashback que está me ocorrendo, estou com medo de tudo volte a ser como era a 12 anos atrás. Que meus pais me achem novamente.

Essa é para ser a única cidade que não tem nenhuma máfia no meio, nem russa, japonesa e nem italiana. Aqui foi o único lugar mais fácil para se esconder deles, eu não quero ter o mesmo destino de minha irmã.







































Depois daí é ladeira a baixo! Tem mais revelações sobre o passado da vitória, e tem mais coisas sobre o Stefan para serem também revelado. Comentem e votem para mim voltar mais rápido!

A besta- Série, Cosa NostraOnde histórias criam vida. Descubra agora