001 party rock

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NORA.

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Passei uma, duas, três camadas de gloss brilhoso em meus lábios, sempre achando que não era o suficiente. A cada vez que o pincel se arrastava pela minha boca, eu pensava mais em fingir uma gripe e não ir mais nessa festa. Eu amo festas da mesma forma que eu amo passar minhas tardes de sábado jogada no sofá da sala, assistindo qualquer filme de ação e comendo pipoca temperada.

Logo que terminei de passar o gloss, retoquei o iluminador em minhas têmporas, toquei a ponta dos dedos de leve nos lábios e depositei na foto dos meus pais que deixava presa ao espelho da penteadeira. Nada explica como eu senti falta deles nesses últimos 3 anos. Doeu muito quando, no primeiro Natal sem eles, eu fui visitar a lápide e percebi que minha vida continuaria mesmo sem eles. Respirei fundo olhando para os sorrisos deles e saí do quarto, dando de cara com Rafe falando sozinho no espelho do corredor segurando um bloco de papel.

— Tá fazendo o que?

— Treinando para essa reunião de hoje. Aqueles velhos cretinos nunca me levam a sério. — esse é um dos maiores problemas para Rafe. Desde que assumiu a empresa, os sócios que ali já estavam não confiam em uma palavra que sai da boca do rapaz, o considerando incapaz de ocupar a cadeira mais importante do prédio. — Nada nessa vida se compara às riquezas de se ter uma família. Acha bom?

— Acho horrível. É cafona e parece falso. Esses filhos da puta...

— Olha o palavreado.

— Esses filhos da mãe — dou um sorriso irônico. — só querem saber de dinheiro e mais dinheiro. Você tem que falar a língua deles.

— Genial, NJ. — ele dá um beijo estalado na minha testa e entra em seu quarto, batendo a porta em seguida.

Continuei andando até as escadas, encontrando as malas de Dylan ainda espalhadas pela sala. Por um momento esqueci que minha querida irmã voltaria a morar conosco depois de ter sido "convidada a se retirar" de Princeton por um pequeno incidente.

Peguei a chave do meu carro e fui em direção a ele, ligando o ar logo que dei a partida no BMW iX vermelho que havia ganhado logo que tirei minha carteira de motorista. Meu irmão achou um carro bacana e Katie aprovou muito ele por ser elétrico. A garota tinha certa mania de ser eco-friendly.

Parei o carro na frente da casa de Rowan, que já contava com som extremamente alto e pessoas espalhadas por todos os cantos. Tranquei o carro e segui até a entrada, tendo que parar pra falar com várias pessoas, muitas que eu nunca nem vi.

— Nora! — a voz do garoto me fez sorrir involuntariamente, sendo recebida de braços abertos e um selinho do moreno.

— Oi, Rowan. — dou mais um selinho nele e me afastei um pouco de seu rosto. — Não sabia que ia estar cheio desse jeito.

— Você sabe como é, eu convido gente e essa gente convida mais gente. — o mais alto dá de ombros e dá mais um gole da cerveja que eu nem vi que estava segurando. — Quer?

— Eu pego pra mim, pode deixar. — vou até o bar que foi montado perto da porta perto do quintal dos fundos. Enquanto me servia dum copo de algum destilado barato misturado com suco de morango, senti uma presença atrás de mim.

— Reed, quanto tempo sem te ver. — o loiro fala passando seu braço musculoso pelos meus ombros.

— Green. — dei um sorriso forçado. — Parece que não foi tempo suficiente.

BLANK SPACE ─ cobra kaiWhere stories live. Discover now