007 hottie

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NORA.

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Depois do que aconteceu com Eli no dojo, eu fiquei com ódio. Ele não me conhece para falar aquelas coisas sobre mim. Eu estava tentando ajudar e ele me tratou como se eu fosse lixo. Geralmente sou eu quem trata os outros dessa maneira. Angelina me disse que ele estava bem, mas do que isso me interessa?

Hoje foi meu dia de detenção e não sei como faria para ir no treino. Eu sei que ninguém fica vigiando os detentos o tempo todo, então resolvi fugir. O que seria mais uma mancha no meu histórico escolar? Ao chegar no dojo, vi que mais três pessoas haviam desistido. Eli estava entre eles e eu fiquei aliviada por isso.

Depois que eu vesti meu quimono no vestiário, me olhei no espelho que tinha preso na parede. Peguei minhas vitaminas no bolso da minha mochila e engoli elas junto da água que sempre carrego comigo. Ao voltar para o tatame, parei ao lado de Miguel, colocando as mãos atrás das costas, assim como ele.

— Saíram mais três, sensei — Miguel fala ao meu lado.

— Bando de mulherzinhas. — Aisha fala e eu olho estranho pra ela. Nós somos mulheres, onde foi parar o feminismo dela?

— Não, a culpa é minha. Desde que entraram para o Cobra Kai, eu tenho sido duro com vocês. Inventei apelidos. Humilhei vocês. Até bati em alguns. E, por isso, não peço desculpas. Cobra Kai é sobre força. Se não forem fortes por dentro, não serão por fora. E, nesse momento, são fracos. Eu sei disso, já fui como vocês. — nunca pensei que ele pudesse falar coisas legais. — Eu não tinha amigos, era o esquisito. Não tão esquisito, eu ainda saia com garotas. O negócio é que eu nem sempre fui esse sensei durão. Assim como uma cobra, eu troquei a pele de fracassado e achei a força. E vocês também vão achar.

Discurso legal. Sempre fui a garota que tinha muitas pessoas por perto. Não amigos, pessoas. A primeira amiga de verdade que tive foi Angelina. Acho que a única. Sempre tive pessoas por causa dos meus pais, não de mim. Nunca foi sobre mim. Me tornei o que sou hoje por isso. Não uma vilã.

— Seja bem vindo ao Cobra Kai. — o sensei fala.

Um garoto de moicano azul passa pela porta e eu solto uma risada. Quem ainda usa isso hoje em dia?

— Eli, o que aconteceu? — Miguel pergunta. Ai. Meu. Deus.

— Eu tô sendo radical. — vejo que ele levou o conselho de Johnny bem a sério.

— Ei, você é o garoto do lábio? Belo corte, irmão — o mais velho fala — Estão vendo? Não importa se você é um nerd, um fracassado ou uma aberração. o importante é virar casca grossa. Em formação, ô do moicano.

Ele vai para o outro lado de Miguel e é inevitável que eu o siga com os olhos. Como ele foi daquilo para isso tão rápido? De certa forma é perturbador saber como as pessoas podem mudar tão rápido. E a mudança dele é, sem dúvidas, a mais estranha que eu já vi.

— Medo não existe nesse dojo, existe? — Sensei direciona a pergunta para Eli.

— Não, sensei.

— Dor não existe nesse dojo, existe? — ele pergunta para Miguel.

— Não, sensei.

— Derrota não existe nesse dojo, existe?

— Não, sensei. — respondo com confiança.

— Turma, estão preparados para aprender o método do punho?

— Sim, sensei. — respondemos todos juntos.



O treino de hoje correu extremamente bem. Surpreendente. Não houve brigas ou desistências e a hora até correu mais depressa.

Depois de tirar o quimono e vestir minhas roupas normais, comecei a ajeitar minha maquiagem e o cabelo na frente do espelho, até que alguém apareceu atrás de mim.

— Quer fingir que eu não existo? — Eli pergunta se encostando na parede do lado do meu reflexo. Olhei nos seus olhos, peguei minhas coisas e fui embora. — Você não vai poder fingir que eu não existo!

— Aí que você se engana. Eu posso ficar séculos sem olhar na sua cara pelo jeito que você me tratou. Acho que não merece minha simpatia.

— Desculpa se eu vacilei com você ontem. Eu fiquei nervoso e você apareceu na hora errada...

— Então a culpa é minha? — solto uma risada seca. — Vamos fazer o seguinte, gatinho: eu finjo que você não existe e você faz o mesmo comigo. Pode ser?

— Que tal, gatinha, se eu te levar pra sair? — ele sorri um pouco com sua própria ideia.

— Ah, claro. Para vocês, homens, tudo se resolve assim. — reviro os olhos. — Nunca, presta atenção, nunca que eu vou me submeter a tortura de sair com sua espécie.

— Achei que você gostasse da minha espécie. Não para de sair com o Lutz.

— Aquilo é bem diferente e, pasme, não é da sua conta. Agora se me dá licença. — passo por ele sem encostar um fio de cabelo e me calço. Só agora percebo como o dojo já esvaziou e somente Miguel e Johnny continuam aqui. Bom, eles estão no escritório e tenho certeza de que prestaram atenção em cada palavra dita.

— Você ainda vai mudar de ideia, Nora! — ele grita quando já estou do lado de fora. 

a voz da autora:

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a voz da autora:

primeira interação sem lágrimas de eli e nora. vai ter demais gnt

BLANK SPACE ─ cobra kaiOnde histórias criam vida. Descubra agora