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MALVADO

Ódio desse filha da puta, sei nem porque dou trela pra ele, odeio atrasos, bagulho me deixa mais que irritado.

Vi a porta se abrir e o mesmo entrar na cara de pau, viado do caralho.

PEIXINHO: Porra irmão tava resolvendo uns bagulhos- falou levantando as mãos em rendição.

MALVADO: Odeio atraso porra, tu tá ligado, eu ia te deixar sozinho nessa porra- falo ajeitando o boné na cabeça e saindo puto, o mermo vinha atrás.

PEIXINHO: Tu tá muito estressado pow, só demorei uns minutos- falou se encostando na moto, subi e dei partida.

Chegamos na boca do Santuário pra vê os armamentos que chegou, deu toque com o Picasso e ele foi logo ajeitando os fuzil na mesa.

PICASSO: Nos vai tá pesado agora, quero vê a bope tentar subir de novo- falou gargalhando, a pouco tempo teve uma invasão do caralho no meu morro, perdemos uns 10 parceiro do crime.

MALVADO: Agora vai ser sangue nos olhos, ninguém toma o meu lugar nessa porra.

PEIXINHO: Os cu azul não vai subir mais, vai ser só trocação de qualidade.

Viajei legal agora, quem diria que pegaria o reinado dessa favela, o crime sempre teve na minha veia, avó traficante, pai, filho e vai ser assim quando eu tiver um herdeiro, se eu tiver né.

Nunca quiz ter família não, nem mulher pra encher minha cabeça, o único emocionado aqui é meu irmão, sangue do meu sangue tá ligado.

PEIXINHO: Tá ligado que a mãe quer voltar pra cá né- disse mudando de assunto, dona Fátima é do caralho, vive bem na barra e quer voltar pra favela.

MALVADO: Ela é foda porra, teimosa- falei passando a mão na cabeça.

PEIXINHO: Disso tu puxou a ela, pelo menos uma coisa- deu gargalhada.

Isso era verdade, eu puxei todo o Diniz, meu pai, se aquilo era pai né. Bicho ruim pra caralho, tinha muito ódio e descontava sempre na gente. Já passei o pão que o diabo amassou tá ligado?

Neguei com a cabeça, odiava pensar nessa fase da minha vida, eu era um fraco, hoje eu sou um rei.

Me lembro de quando eu era menino, meu pai era um viciado do caralho, minha mãe apanhava muito dele, antes de mim ela perdeu uma cria também só por conta das surras. Cresci revoltado com o meu pai, e quando fiz a maior idade matei sem dó pegando o que tinha de direito, o morro da Mg.

Minha infância foi fudida pra caralho, com 5 anos ele me botava pra vê ele comer puta, dizia ele pra eu não virar viado, ele me batia e me obrigava a cheirar, isso tudo com 5 anos.

Meu corpo é todo cheio de tatuagem pra esconder as marcas da tortura, fazia de tudo pro Miguel não passar por isso, mais era em vão.

Fiquei no ódio puro, a única pessoa que tem meu respeito é minha coroa, aquela eu mato e morro, Peixinho também, meu irmãozinho caçula, o resto é bala nessa porra.

Fiz os toques com o cara e sai com o Peixinho pro morro, o baile mais tarde ia comer solto, toda sábado tinha um, e domingão claro era o baile da Arábia, conhecido pra caralho aqui em Caxias.

Fiquei resolvendo uns b.os na boca, contabilidade, a carga que tava pra chegar, a venda de drogas, no baile a gente vendia muito, a boca ficava pequena com tanto playba cheirador.

Avistei o horário no relógio e fui pra goma tomar um banho, me ajeitar cheiroso pra elas, me produzi todo de preto, passei os cordões de ouro no pescoço e meu malbek, deixa as piranhas doidas.

ARABIANA⚡️Onde histórias criam vida. Descubra agora