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BEATRIZ

O frio na barriga me ocorreu depois de descer no aeroporto, meu coração errava as batidas, que saudades daqui, não vejo a hora de chegar na minha favela onde sou cria.

Lembro de quando tive que ir embora, me arrependo até hoje, 3 anos longe da minha família por causa do meu ex marido.

Agora eu voltei e não vou ir embora tão cedo, quero o meu lugar de volta, o lugar que eu nunca devia ter saído.

Pego minhas malas e chamo um táxi, mando ele seguir até a entrada daquele morro, pago o mesmo e desço, vejo uns caras na contenção armados até os dentes.

Vou subindo com a minha mala, até avistar o Corola fumando encostado numa moto, nossa ele ta mais bonito, neguei com a cabeça.

BEATRIZ: Me ajuda a subir aqui o Corola- falo fazendo o mesmo se assustar, ele me olha e me encara.

COROLA: Eu te conheço mina? Tô lembrado de tu não- fala se chegando junto de uns meninos.

BEATRIZ: Bia pow, tô tão diferente assim? - pergunto sorrindo, o mesmo parece que viu uma assombração.

COROLA: Mais tá mermo pow, caralho tu era uma rata magrinha- disse me abraçando, retribuo. A verdade é que eu mudei muito mesmo, eu botei silicone, fiz umas tatuagens, um preenchimento labial, mudei o cabelo, me mudei por completo.

Tudo pra conquistar o meu homem de volta, tudo por isso.

Sai do abraço e vi o mesmo levando minha mala.

COROLA: Vai ficar aonde hein?- pergunta sem graça.

BEATRIZ: Pra minha mãe pow, me conta desse morro- mudo de assunto, mais eu queria mesmo era saber dele.

COROLA: O mermo pow, só que aqui é só paz tá ligado? - diz com poucas palavras.

Ele me deixou no portão e entrei com tudo vendo minha mãe se assustar, ela veio correndo me abraçar, que saudade eu tava.

GERUZA: Aí que saudades minha menina, amém que voltou- falou me apertando.

BEATRIZ: Não vou embora nunca mais velha, vou ficar até a morte- falo fazendo a mesma cruzar os braços.

GERUZA: Vai morrer nada, vira essa boca pra lá menina, vamos matar a saudade- me puxou pra cozinha pra comer.

Falamos de tudo, porra 3 anos é muita coisa né, mais minha curiosidade aumentava a cada fala da minha mãe.

BEATRIZ: Mãe? E ele? Como ele ta?- pergunto fazendo a mesma me olhar negando.

GERUZA: Como sempre né, continuo o mesmo safado- diz revirando o olhar.

BEATRIZ: Ele tá de fiel?

GERUZA: Que eu saiba não, mais não inventa, pelo amor de Deus, esquece aquele traficante Beatriz- fala se levantando me deixando sozinha. Não consigo esquece lo.

Vou pro meu quarto onde passei os melhores momentos da minha vida, tá do jeitinho que eu deixei, arrumo minhas roupas no guarda roupa e vou direto pro banheiro tomar um banho.

Passo meu perfume e o desodorante e ponho um short pequeno mesmo e um cropped bastante decotado.

Saio de casa indo direto pra boca, empino a bunda e jogo meus cabelos, sinto que estou sendo observada, vejo de longe um grupo de mulheres me olhando, ignoro.

O terror desse morro chegou queridas, vi um monte de vapor do lado de fora, muita gente que não conhecia ainda, parei um menino que me olhou com cara de nojo, desaforado.

Iiih dona, o que tu quer aqui?- perguntou me encarando.

BEATRIZ: Falar com o teu patrão, anda- falo vendo o mesmo rir da minha cara.

Patrão não chamou piranha agora não, ninguém entra- fala debochado.

BEATRIZ: Melhor tu me respeitar, tu sabe quem eu sou?- o mesmo da de ombros.

Escuto um barulho de moto atrás de mim, viro e vejo meu cunhadinho.

BEATRIZ: Peixinho, quanto tempo- vou até ele que arregala os olhos.

PEIXINHO: Bia? O que tu tá fazendo aqui?

BEATRIZ: Voltei pra ficar, cadê o Malvado?- pergunto na cara de pau.

PEIXINHO: Sobe aí, vamo- diz entrando comigo, o garoto mal encarando continuou rindo, filha de uma égua, jaja ponho ele no lugar.

Entro na salinha vendo o próprio de costas, quando ele se vira parece vê uma assombração.

MALVADO: Tá maluca? O que tu tá fazendo aqui sua Piranha- falou alto me dando um susto.

BEATRIZ: Eu voltei, e vim pra ficar- falo fazendo o mesmo me olhar de cima a baixo.

PEIXINHO: Vou vazar, vou vê a boca da 13- disse em disparada la pra fora.

MALVADO: Ficava onde tu tava, quero perturbação no meu morro não- falou acendendo um cigarro. Notei que ele tava mais gostoso que nunca, mais tatuado e forte.

BEATRIZ: Voltei pra continuar o que paramos- falo vendo o mesmo rir.

MALVADO: Quem te garante que eu te quero agora Beatriz? Se eu mandei tu vazar, vaza porra- disse grosso. Aiai, não sou de desistir.

BEATRIZ: Eu sou sua fiel ainda Malvado, eu sempre vou ser- falo peitando o mesmo que vem pra perto no ódio.

MALVADO: Você foi até quando eu quiz, agora tu não é nada, sua puta, mete o pé antes que eu estoure sua cara na parede- falou puxando meu cabelo e me jogando pra fora da sala, bufei de ódio. Ele realmente tá diferente, mais não vou desistir agora.

Se ele não for meu de novo, ele não vai ser de mais ninguém, sai puta la pra fora, fui direto pra casa. Minha mãe foi pra igreja, não sei o que ela perdeu la.

Peguei o celular e fui no Twitter, no site de fofoca daqui do morro, explanei que estava de volta na Mg.

Depois que vazar que a primeira dama voltou, já era, essas piranhas vai ficar no sapato de dar pra ele.  Ri da minha cara de pau, voltei pro meu trono da onde não devia ter saído.




ESSA DAÍ VAI DA TRABALHO OU NÃO VAI?

Isso só tá começando...

ARABIANA⚡️Donde viven las historias. Descúbrelo ahora