Capítulo 2

7.7K 745 1K
                                    


Kimhan


Admirava o céu acinzentado pela janela de meu apartamento.

Tentava buscar algum tipo de inspiração para minhas composições, mas absolutamente de nada adiantava.

Não importava o quanto eu tentasse encarar aquele vidro. Aquelas pessoas que passavam por alí embaixo. Aquele céu que não se decidia entre chover ou fazer sol. A única coisa que vinha em minha mente, era meu garoto.

Fecho as cortinas, me sentando em minha poltrona.

A luz amarelada do abajur, ilumina o caderno que usava para compor. Folheio o mesmo.

Nele, haviam várias composições. Várias. Mas em todas elas, a única inspiração era Porchay.

Desde que meu pai nomeou seu irmão, chefe da família, juntamente com Kinn, Porchay tem morado na casa principal. E durante todo esse tempo, eu mantive distância de si.

Sabia mais do que ninguém que o garoto não queria me ver nem pintado de ouro.

Até cogitei que com a primeira música que escrevi para si, o faria talvez aceitar uma conversa para nos entendermos.

Mas a primeira música, se tornou a segunda... A terceira... A quarta... Nem sei mais quantas havia escrito.

E ainda sim, nem uma mensagem de Porchay.

Por isso resolvi me manter afastado.

Eu sei de seus passos. Sei quais são os lugares que frequenta. Sei sobre sua rotina.

Por mais que não pudesse me aproximar, me mantia sempre ao seu redor, para que nenhum mal o aconteça. Não era nem maluco de o deixar andando por aí por conta própria.

Porchay provavelmente acha que tudo está tranquilo, mas ele nem sequer imagina quantas vezes o impedi de ser sequestrado novamente, durante seu trajeto até a faculdade.

Era isso que eu mais queria evitar, quando decidi me afastar dele. Que o mesmo se tornasse um alvo fácil, apenas por ser meu ponto fraco.

Mas por ironia do destino, agora ele é irmão mais novo de um chefe da máfia, assim como eu.

A diferença, é que Porchay não consegue matar nem sequer uma barata sozinho. Inclusive, tem medo delas.

Realmente não sabia se Porsche era tão ingênuo assim, de achar que seu querido irmão estava seguro, só por morar naquela casa. Ou se ele era apenas muito burro.

Escuto o toque de meu celular, vindo de cima da cômoda.

Vejo que era meu pai.

- O que foi? - Pergunto, atendendo a chamada.

- Bem humorado, como sempre. - Escuto sua risada. - Preciso que venha aqui na casa principal. E talvez você fique para o jantar, o que acha?

- Sabe que não gosto de me juntar aos outros para esse tipo de coisa.

- Ok. Não irei lhe forçar a nada. - Ele suspira. - Mas ainda precisa vir aqui. - É minha vez de soltar um suspiro.

- Ok. Logo estarei aí.

Encerrei a chamada.

Respiro fundo, já prevendo a situação em que vou me colocar, ao voltar a dar as caras naquela casa.

Pego as chaves do carro, me direcionando a saída, e a garagem logo em seguida.

Não tinha pressa nenhuma para chegar ao meu destino, então, apenas coloquei uma música suave para tocar, enquanto dirigia. Era uma ótima forma de esquecer que estava prestes a possivelmente ver Porchay cara a cara outra vez.

For You, I'll Stay [Kinnporche the Series: KimChay]Where stories live. Discover now