Capítulo 4

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Kimhan

Dedilhava as cordas do violão, em mais uma tentativa fajuta de compor algo que não tenha o garoto como tema principal.

Facilmente conseguiria fazer um álbum inteiro de músicas dedicadas à ele. Talvez devesse.

Será que com um álbum inteiro para ele, consigo ganhar ao menos um perdão?

Por aquela tarde, estava em meu apartamento. Precisava focar um pouco mais em meus próprios problemas. Teria que me apresentar em um evento para a faculdade no próximo mês, e como já deu para ver, não há nada de novo para ser apresentado.

Por mais que eu tente me manter focado, meu consciente e inconsciente me obrigavam a lembrar que Porchay pode correr perigo em minha ausência. Mesmo que eu tenha ameaçado os delinquentes  daquela região, não era suficiente para que meu garoto estivesse totalmente seguro.

Passei a tocar algumas notas aleatórias, buscando algum som que seja de meu agrado. Mesmo que a letra não me venha em mente, talvez ainda exista alguma esperança para a melodia.

Passaram-se alguns, ou talvez vários minutos.

Como não tive nenhuma evolução que se preze, apenas larguei o violão na cadeira ao lado, soltando um suspiro pesado.

Me levantei, pronto para pegar um cigarro e espairecer a mente na varanda, quando escuto o som de batidas na porta. Batidas nada amigáveis, eu diria.

Estranhei aquilo. Desde que eu me lembre, não pedi para ninguém vir até mim.

Não estão aqui para me matar ou sequestrar, pois teriam arrombado a porta, ou atirado contra ela há um bom tempo.

Me aproximei da mesma lentamente, me preparando para quaisquer situações que aquilo possa gerar.

Desde que Big morreu durante o sequestro de Porchay, meu pai não me enviou nenhum guarda costas. Também não me rebaixei ao ponto de pedir por outro.

Escutei novamente as batidas frenéticas na madeira.

Encostei a mão na maçaneta, ainda incerto sobre aquilo.

- Será que dá para abrir logo de uma vez?! Eu sei que você tá aí! - Essa voz...

Automaticamente, abro a porta, pairando minha vista no garoto de cabelos pretos e ondulados, que me encarava aparentemente com raiva, com seus olhos escuros, mas ao mesmo tempo tão brilhantes.

Estava paralisado diante daquela situação. Nem sabia sequer o que meu rosto estava expressando. Surpresa, talvez?

- Chay? - Foi a única coisa que consegui ditar, antes do mais novo me empurrar apartamento à dentro.

- Qual o seu problema?! Estava batendo há horas! Ficou surdo ou o quê?! - Ele realmente parecia bravo.

Mas... O que diabos ele estava fazendo aqui?

Tampo meus olhos com a mão por alguns segundos, na tentativa de processar aquele acontecimento. Ou talvez na opção de aquilo ser alguma alucinação ou sonho.

- Só... - Início, voltando a minha realidade aos poucos. - Me explica. Como veio parar aqui?

- P'Kinn me disse o número desse apartamento que você mora.

For You, I'll Stay [Kinnporche the Series: KimChay]Where stories live. Discover now