001 - As cores do céu

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"O céu sempre foi azul assim?"

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"O céu sempre foi azul assim?"

A brisa fria soprava o rosto de Liz, refrescando seu corpo ao mesmo tempo que a luz do sol o aquecia. Os olhos castanhos observavam as nuvens que deslizavam pela imensidão azul, numa calmaria pacífica e vagarosa, como uma dança gentil. "O céu sempre foi azul assim?" era a pergunta que não saía da mente da garota, estava encantada com a cor e vez ou outra soltava um riso frouxo e leve. Liz sentiu que poderia passar uma eternidade apenas observando o céu.

"Lá não tem vermelho" os pensamentos sobre as cores continuavam. Liz se lembrava de ver dourado, laranja, às vezes até tons de rosa, tudo isso no nascer ou no pôr do sol, mas nunca tinha visto vermelho. Não esse vermelho vivo e forte que ela tanto via. Sorriu mais uma vez ao pensar nisso, vendo os pássaros voarem tão distantes lá no alto, pareciam tão livres, tão harmoniosos. Tão longes do vermelho e tão próximos do azul.

— Eu só queria ficar aqui pra sempre — suspirou com os olhos fechados, aproveitando a paz momentânea que tinha. Sua mente estava tão cansada e o corpo tão preguiçoso. Ela poderia adormecer a qualquer instante.

A brisa geladinha e tranquila soprava os fios ainda úmidos do cabelo dela, principalmente próximos à raiz, o que aliviava ainda mais o calor que ela sentia. Era tão gostoso, tão reconfortante!

Percebendo que a calmaria profunda começava a preenchê-la, Liz se levantou devagar e respirou fundo uma última vez, abandonando o breve momento de paz que encontrou.

Abriu os olhos e teve a visão do chão ao seu redor, observando a dezena de corpos dilacerados pela espada, jogados em poses estranhas. A grama e os cadáveres estavam cobertos pelo sangue pegajoso que já estava quase seco, e as próprias botas de camurça de Liz se encontravam com as pontas vermelhas. Bateu a poeira das calças pretas e retirou a espada com empunhadura roxa da terra, passando o pano para limpar a lâmina e guardou-a na bainha.

Caminhou lentamente até o cavalo cor de caramelo não muito longe dali. Estava pastando a grama verde e não sangrenta, com sua crina castanha sendo soprada pela brisa fria e a mancha branca na cara um tanto encardida. Ele precisava de um banho, mas ainda continuava lindo. Liz gostava de observá-lo para se lembrar que ainda havia beleza no mundo.

Virou-se para os cadáveres e os reverenciou, abaixando o tronco suavemente e fechou os olhos, mantendo a mão direita sobre o peito.

— Descansem em paz, meus companheiros — sussurrou e silenciosamente pediu perdão por não poder enterrá-los.

Subiu no cavalo e enfiou a mão na pequena bolsa de couro pendurada na cela, sentindo as dez placas metálicas dos colares que antes estavam nos pescoços dos agora falecidos. Deu um sorriso triste e agarrou as rédeas do cavalo com ambas as mãos, dando o primeiro galope para longe dali.

Depois de dar o golpe de misericórdia em dez de seus companheiros, o coração de Liz estava dez vezes mais mergulhado na escuridão sufocante e imensurável do mar de sangue que a perseguia.

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