[Obra original] [Ficção pós-apocalíptica] [+18]
Reorganizando-se após o fim do mundo conhecido, a humanidade segue em sua luta para sobreviver. As Cidades se tornaram os maiores refúgios conhecidos, protegidas pelos Guardiões, guerreiros de elite qu...
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Vislumbres do passado
A pequena Liz de doze anos já estava cansada de tanto caminhar, mas estavam quase chegando no vilarejo, o que deu forças à ela.
— Ei, quer vir nas costas? — Benjamin ofereceu, esticando os braços para trás.
— Não deixa sua irmã mal acostumada! — Hime, a mãe, puxou delicadamente a orelha do menino, mas ele apenas deu risada.
Liz não pensou duas vezes antes de subir nas costas do irmão. As pernas dela eram bem menores e estavam bem cansadas. Aquelas viagens em família eram longas e exaustivas. Ela que não iria recusar um pouquinho de descanso.
Pendurada nas costas do irmão, observou os pais caminhando à frente. O cabelo preto da mãe preso numa trança bonita e bem feita, e o pai com a postura impecável de sempre.
Eles não se pareciam fisicamente. Liz tinha a pele morena, cabelos castanhos e levemente ondulados. Tinha um nariz arrebitado e olhos cor de terra. Era pequena e magricela demais quando comparada à família.
Benjamin, seu irmão, era negro e tinha os cabelos crespos. Ele também era magro, mas bem mais atlético que ela. Aos dezesseis anos, ele já mostrava bíceps bem definidos.
Os pais, entretanto, tinham a pele amarela e os olhos alongados com pálpebras retas. Ambos com íris escuras como a noite. Hime tinha o rosto redondo e bochechas fofas, mas ficava assustadora quando ficava brava. Kenji, entretanto, tinha a mandíbula bem marcada e um rosto severo, mas oferecia os sorrisos mais meigos do mundo para os filhos.
Hime carregava os cestos de vime mais leves, e apesar de Kenji ajudá-la com os mais pesados, não tirava a mão da empunhadura da espada por nada, como se esperasse um ataque a qualquer momento.
— Pai, eu acho que ouvi algo — Benjamin falou. No mesmo instante, Liz ficou de orelhas em pé.
Os quatro pararam e os pais colocaram os cestos no chão, afiando os ouvidos. Ruídos estranhos vinham de não muito longe à esquerda, entre as árvores. O caminho de terra no meio da floresta pareceu um pouco mais frio.
— Consegue dar conta? — Kenji perguntou e Benjamin concordou com a cabeça.
— Consigo!
Liz lentamente deslizou das costas do irmão e segurou na empunhadura da própria espada. Ele a encarou de soslaio e assentiu com a cabeça.
— Tô com você — Liz sussurrou, transmitindo o máximo de tranquilidade possível para o irmão.
Os dois adentraram a mata em silêncio, sendo minuciosamente observados pelos pais, que estavam prontos para resgatá-los caso fosse necessário. Os irmãos deram passos silenciosos na direção do ruído, até finalmente avistarem o causador.
Um cachorro de porte grande estava infectado e terminava de comer a carcaça de algum ruminante morto. Moscas voavam por todos os lados, e o animal feroz estava coberto de feridas e sangue. Quando avistou os dois humanos, passou a rosnar baixinho, deixando claro que não deveriam se aproximar.