011 - Vislumbres II

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O sol estava no ponto mais alto do céu quando finalmente avistaram o portão de entrada para o vilarejo

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O sol estava no ponto mais alto do céu quando finalmente avistaram o portão de entrada para o vilarejo.

Apesar de não estar tão quente, Caleb sentia como se a pele estivesse derretendo. Parte da culpa era o sol, outra parte era o sangue que começava a secar sobre a pele dele. Estava nojento.

Caminhava ao lado de Orlo e tentava não olhar para trás. Somente o som das correntes que prendiam os escravos eram suficientes para fazê-lo ter pesadelos naquela noite.

— Aí, Caleb. Hoje à noite nós vamos sair para mais uma missão.

O rapaz não respondeu verbalmente, apenas assentiu com a cabeça e seguiu pelo caminho discreto que eles possuíam. Chegaram então nos fundos da casa de Ary. Orlo guiou os escravos para longe e Caleb foi até os estábulos.

Ele estava com nojo de si mesmo. Alguns escravos tinham lutado contra ele para não serem pegos, mas foi em vão. Caleb era mais forte e conseguiu dominá-los. Não foi uma cena bonita.

Pegou um balde e roubou um pouco de água do bebedouro dos cavalos. Em seguida, começou a lavar o sangue do corpo, tentando ficar o mais apresentável possível. "Limpo" era impossível, mas não queria nenhum tipo de sujidade que pudesse assustar sua família.

— Já mandei parar de espiar — Caleb falou, lavando os braços. Notou a pequena aproximação vinda pela copa das árvores algum tempo antes e suspirou, pensando que o garoto estaria em apuros se algum filho de Ary estivesse por ali.

Sorrindo, o atrevido moleque de canelas finas e olhos grandes surgiu num dos galhos mais robustos, sorrindo sem vergonha para o rapaz.

— Você não devia estar aqui, Kai. Se um deles te pega, você vai pro pelourinho — Caleb advertiu, mas o menino parecia não se importar.

— Difícil vai ser eles me pegarem. Ninguém sobe nesses galhos como eu — falou, todo convencido e exibido.

— Não pode morar na árvore. Uma hora você ia ter que descer — o sequestrador encarou a própria camiseta e estalou a língua no céu da boca. Estava cheia de sangue, não tinha como continuar usando-a. — Merda...

— Vai ter que ir sem camisa, ou vão descobrir a verdade — Kai advertiu, recebendo um dedo do meio em resposta.

Caleb respirou fundo e balançou a cabeça negativamente.

Contar a verdade não era uma opção, nem nos piores pesadelos dele. A vida da família já era difícil demais, e Caleb não queria aumentar ainda mais o grau de desgosto da própria mãe ao se revelar um maldito sequestrador.

— Vamos logo, pirralho — Caleb falou, dando um sorriso. — Vem almoçar lá em casa.

O sorriso no rosto de Kai cresceu três vezes ao escutar o convite.

Sem camisa, Caleb caminhou ao lado do garoto mais novo quando finalmente saíram de perto dos estábulos. Ele já tinha se cansado de dizer para Kai parar de ficar espiando a casa do senhor, afinal, ele sabia muito bem o quanto os castigos no pelourinho eram horríveis.

Depois do FimWhere stories live. Discover now