002 - Até onde a força é bem-vinda?

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Avisos

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Avisos

Não se assustem caso as informações soem confusas. O intuito é justamente para que vocês se sintam como o Kai. A leitura torna-se cada vez mais clara conforme o desenrolar dos eventos.

Beijinhos e aproveitem ❤️

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Tudo estava escuro quando ele escutou o primeiro grito.

    A noite de lua nova o impedia de enxergar quase qualquer coisa, mas seu olfato já havia captado o cheiro da fumaça. "Fogo" ele pensou. Largando as ferramentas, disparou a correr enquanto escorregava pelo chão lamacento. Respingos de barro molhado voavam violentamente a cada passo apressado, chocando-se contra as panturrilhas do rapaz.

    Quanto mais perto chegava, mais forte o cheiro da fumaça ficava, e ele já podia identificar os primeiros traços do incêndio, avistando as chamas altas de longe.

    "Quem teve a ideia de fazer os estábulos tão longe das casas?" ele praguejava na própria mente, evitando pensar no pior, mas não dava descanso para as pernas, que continuavam correndo o máximo que podiam.

    Quando finalmente alcançou o centro do vilarejo, olhou ao redor e seu coração disparou por um instante. As casas ardiam em chamas altas, era quase impossível respirar por conta da fumaça forte, e aquilo com certeza atrairia muitos infectados. Algumas pessoas que conseguiram fugir corriam e gritavam em desespero, tentando ir para o mais longe possível enquanto ainda tinha tempo. Outras, corriam já com o corpo em chamas, movidos pelo desespero e vontade de sobreviver.

    Kai nunca havia presenciado um terror tão grande, e ele já tinha visto muitas cenas perturbadoras.

    Suas pernas tremeram e ele quase perdeu o sustento do próprio corpo quando finalmente chegou na frente de sua própria casa. Ela queimava mais forte que todas as outras, mas ele ainda podia escutar os gritos de sua família. "Irmão!", "Filho!", "Socorro!". Kai tentava gritar, queria resgatá-las, mas não podia. A porta havia desaparecido e agora só restavam chamas. O fogo havia dominado tudo. Seu corpo todo estava enrijecido, ele queria gritar, queria fazer algo, mas já não podia. Os gritos pararam, ele olhou ao redor e o fogo já tinha consumido absolutamente tudo. Não havia para onde correr ou para onde fugir. O fogo lentamente se aproximou dele até finalmente tocar seu corpo.

    Ao escutar o grito de seu nome, Kai levantou-se abruptamente. Suava feito um porco, os lençóis estavam molhados e o coração batia desesperado no peito, como se fosse rachar a caixa torácica de tanta força. Ele estava com a respiração ofegante, como se realmente estivesse sendo sufocado.

A pequena casa de um único cômodo pareceu claustrofóbica, o que o obrigou a ficar de pé e abrir a janela, empurrando-a com as duas mãos e recebendo a luz e o ar da manhã direto no rosto. Com os olhos fechados, ele colocou a cabeça para fora e aguardou até que sua respiração se acalmasse.

Depois do FimWhere stories live. Discover now