[Obra original] [Ficção pós-apocalíptica] [+18]
Reorganizando-se após o fim do mundo conhecido, a humanidade segue em sua luta para sobreviver. As Cidades se tornaram os maiores refúgios conhecidos, protegidas pelos Guardiões, guerreiros de elite qu...
Oops! Această imagine nu respectă Ghidul de Conținut. Pentru a continua publicarea, te rugăm să înlături imaginea sau să încarci o altă imagine.
Ruínas.
Tudo o que restava do que um dia fora o vilarejo onde Kai cresceu, agora não passava de ruínas.
Ainda estavam sobre os cavalos, observando as construções queimadas e destruídas, consumidas pelo incêndio que acabou com toda a vida que ali existia. Num canto ou outro, Kai ainda podia ver as ossadas daqueles que um dia foram seus vizinhos.
Sarah foi a primeira a descer do cavalo, guiando o animal pelas rédeas enquanto caminhava na frente dele, observando o que antes era o centro do vilarejo. Uma pequena praça que tentava recuperar a vida após os danos. O chão de terra batida estava úmido e a lama chapiscava as botas, sujando também as patas dos cavalos.
— Aqui era o centro do vilarejo — Kai falou, ainda em cima do cavalo, melancólico e enjoado. Sentia o estômago dar inúmeras voltas, e tinha medo de pisar novamente naquele solo. — Era aqui que a maior parte da vida acontecia.
— Aquilo é um pelourinho? — Sarah perguntou, apontando para a coluna de pedra no local mais visível da praça. Os ganchos ainda estavam lá, assim como as correntes.
— Sim. Os castigos aqui eram muito severos. O Senhor desse vilarejo adorava punir as pessoas por qualquer coisa — Kai falou, engolindo em seco ao se lembrar de todos os castigos que ele mesmo levou.
Daniel desceu do cavalo e caminhou até a coluna de pedra, tocando-a com a mão e enrijecendo o semblante.
Outrora fora escravo, e aquilo ainda o lembrava dos cruéis momentos que tinha vivido num passado que parecia tão distante. Olhou para Sarah e se lembrou de todas as vezes em que a viu sofrer o mesmo. Não viu Kai, mas pode imaginá-lo.
— Thomas...— Daniel sussurrou.
O brutamontes não precisou de mais nada. Desceu do cavalo e caminhou até a coluna de pedra. Kai, observando o que aconteceria, se juntou com o Guardião. Juntos, começaram a empurrá-la até que começou a ficar frouxa, em seguida, o que antes fora um pelourinho, agora não passava de uma pilha de pedras lascadas e poeira.
— O incêndio destrói tudo, mas as lembranças do inferno resistem — Daniel falou, pisando num pedaço menor da pedra.
— Vamos destruir cada uma delas — Thomas pontuou, concordando com a cabeça.
Daniel deu uma olhada de soslaio para Thomas, numa advertência silenciosa, fazendo o brutamontes desviar o olhar.
— Vamos destruir cada lembrança — o Guardião sussurrou ao vento. — Menino Kai, por onde começamos?
Notando o clima tenso por um instante, Kai respirou fundo e colocou a mente em ordem. Existiam três coisas naquele vilarejo: o que os Guardiões queriam, o que Kai queria, e o que Kai deveria fazer. A última era muito semelhante a dos Guardiões, embora recebesse um pouco mais de verdades reveladas.