𝐘𝟔: Falling Apart

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Algumas semanas se passaram desde que Draco e eu voltamos a conversar, e notei várias vezes que Harry estava um pouco distante. Não um distante físico, porque estávamos perto o tempo todo, mas às vezes eu sentia que ele não me contava as coisas.

De vez em quando, Draco me chamava depois das aulas para que pudéssemos falar sobre alguma coisa, e eu percebia que meu namorado ficava com um pé atrás quanto a isso. Mas a cara que ele fazia quando eu anunciava que iria atrás de Draco era ainda pior, porque parecia que parte dele estava murchando. E quando eu fazia perguntas, Harry apenas balançava a cabeça, dizendo que não era nada.

Alguma coisa mudou entre nós naquele dia em que chorei em seus braços até adormecer, e embora eu lutasse para entender, minha mente era uma folha de caderno em branco.

Vazia.

Era como se tivéssemos envelhecido meses em apenas algumas semanas. Tudo parecia mais complexo do que antes, nossas vontades nítidas. Harry e eu estávamos lá um para o outro e sabíamos de todos os segredos que aos poucos cravaram-se nas profundezas de nossa carne; mas as palavras nas pontas de nossas respectivas línguas estavam presas, emaranhadas. E era tudo culpa minha.

Era culpa minha porque eu devia ter contado a Harry a respeito de como eu estava me sentindo antes, antes de que tudo se transformasse numa enorme bola de neve. Era culpa minha porque eu sabia que devia ter insistido mais para que Harry se abrisse comigo, mesmo sabendo que provavelmente brigaríamos no final. Acho que ambos estávamos adiando nossas confissões porque tínhamos muito medo de que as coisas entre nós ficassem complicadas. Quero dizer, Harry e eu nunca tínhamos nos desentendido de verdade, do tipo que a raiva nos faz perder a cabeça. Não, éramos unidos demais para isso; e o medo, o simples medo do que poderíamos nos tornar caso algo mais sério acontecesse, estava nos destruindo aos poucos, de dentro para fora.

Então, guardamos nossos sentimentos até que não pudéssemos mais. Como pequenos segredos obscuros e muito sujos.

Assim, fingi que tudo estava bem quando saímos da aula de Poções do Slughorn, tentando não ficar chateada quando notei que algo não estava certo naquele entrelaçar de dedos que a mão de Harry fazia com a minha. Estava fria, e não quente, como de costume. Ou seja: ao invés de confortável, Harry estava nervoso.

Meu Harry, nervoso perto de mim. O pensamento me fez recolher minha mão quando voltei-me para meus amigos.

— Ei, hã, escutem — falei, meio sem jeito, tentando ignorar a carinha triste que Harry fez quando soltei sua mão. A verdade era que eu queria desesperadamente segurá-la de volta, mas não suportava pensar que Harry poderia estar se sentindo desconfortável perto de mim. — Eu tenho que ir. É rapidinho, juro que vai durar poucos minutos, mas prometi que...

— Prometeu que se encontraria com Draco — disse Harry, travando o maxilar. Deus, eu quase conseguia sentir o gosto dos ciúmes dele.

— É — afirmei.

Ron e Hermione trocaram olhares, gerando um silêncio constrangedor. Atrás deles, apareceu Draco, que me cumprimentou com um leve aceno, porém sem se aproximar. Chegava mesmo a ser estranho.

— Tudo bem — disse Harry.

Assenti, mais para mim que para ele.

— Vejo vocês na próxima aula.

Passei por eles, em meio ao corredor lotado, mas a mão de Harry envolveu meu pulso. Sua pele não estava gelada, como antes: me pareceu que os níveis de determinação de Harry subiram até quase incendiar.

Ele segurou minha cintura possessivamente e me beijou. Seus lábios estavam tão quentes e macios que por um momento esqueci-me de quem era e de onde estava.

𝐌𝐀𝐒𝐓𝐄𝐑𝐏𝐈𝐄𝐂𝐄, harry potterWhere stories live. Discover now