Sapatilhas Douradas - Beauany

prólogo.

Eu nunca tive medo da morte. Nem mesmo quando estava perto de me afogar numa praia vazia, e sem ninguém para me ajudar, ou quando levo uma pontada no peito, geralmente causada pela tristeza que me consumia todos os dias. Mas naquele momento, eu sentia que eu realmente tinha medo de dar meu último suspiro, e abandonar tudo para trás. Mas era reconfortante sentir que tudo iria parar de doer, finalmente.

Conforme o ar ia se esvaindo do meu corpo, eu sentia a água cobrir meu rosto, finalmente tampando minhas narinas e impedindo-me de respirar. Não era como se eu quisesse fazer isso de novo, afinal. Eu sabia que se voltasse a respirar, iria sentir uma dor descomunal, tanto física quanto emocional. A porta estava trancada enquanto alguém a esmurrava pelo lado de fora, Minhas pálpebras aos poucos iam perdendo as forças, e eu sentia meu coração parar de bater, enquanto a água cobria meu rosto cada vez mais. Achava que aquelas memórias que rondavam sua mente era coisa de filme, e que não tínhamos isso quando estávamos perdendo nosso sopro da vida, mas era real.

Pena que tudo aquilo não durou, e eu sentia meu coração desacelerando aos poucos, e meu último suspiro se esvaiu por meus lábios secos e machucados, finalmente me deixando descansar em paz.