Sapatilhas Douradas - Beauany

os trinta minutos.

Any Gabrielly

Depois de pendurar meu casaco no braço do sofá e pedir para Josh ficar a vontade, fui em direção ao meu quarto e comecei a procurar a jaqueta dele. Sabia que estava em algum lugar no meu armário, pois eu havia usado mesmo depois daquele dia em que a levei embora.

Procurei por alguns segundos no meio dos vestidos - os quais eu precisava fazer uma limpeza grande - e finalmente puxei dali a peça de couro que estava ainda com o cheiro do meu perfume. A encarei por alguns segundos, pensando se ele não iria se importar com o meu cheiro impregnado naquela peça, mas não havia muito o que fazer por agora. Assim que saí, dei de cara com o loiro prestes a entrar, me dando um susto muito grande.

— Me assustou — Falei, e ele sorriu de canto.

— Me perdoe. Estava prestes a bater, estava demorando.

— É, estava procurando. Aqui está — Entreguei a jaqueta para ele, que assim que a pegou, ficou a encarando por alguns segundos antes de erguer o olhar para mim — Não consegui lavar, me desculpa. Está com cheiro de…

— Cerejas frescas — Completou, me deixando estática ali. Pelo visto, eu não era a única mulher que usava aquele perfume.

— Você reconheceu bem. Alguma mulher já usou perto de você? — Perguntei estreitando os olhos para ele, tentando soar como uma provocação infantil.

— Fui numa loja de perfumes uma vez, e experimentei este, que por coincidência é o mesmo que você usa — Me olhou por alguns segundos, e seu olhar desceu para os meus lábios e ali ficou por instantes — É um ótimo perfume.

— Obrigada. Não vejo muitas mulheres usarem perfume por aqui, e tive sorte de achar este, na verdade — Falei, saindo do corredor e indo em direção a sala, sendo seguida por ele — Quer ficar para jantar? Posso fazer massa para nós dois. Você gosta?

— Adoro massa. Acho que não posso recusar este pedido, então.

— Ok, hm… acho que me esqueci de trocar de roupa. Não é confortável cozinhar de couro. Se importa de esperar alguns minutos?

Ele negou como quem realmente não dava a mínima de ficar alguns minutos esperando no sofá, e eu voltei para o meu quarto, pegando a primeira combinação que minhas gavetas ofereciam. Uma calça leggin preta, e um casaco de moletom branco o qual eu adorava, e era extremamente confortável. Coloquei meias e corri de volta para a sala, vendo Josh concentrado em algo no seu celular, e eu fui até a cozinha.

— Você bebe? — Perguntei enquanto enrolava o cabelo no topo da cabeça, e o olhava, aguardando sua resposta.

— Todo tipo de bebida. Usará vinho na receita? — Sua atenção saiu do celular, e foi direto para mim, analisando cada parte do meu corpo, principalmente as pernas ressaltadas pela leggin.

— Sim, como sabe?

— Eu gosto de cozinhar, faço isso quando posso — Joshua respondia cada pergunta com convicção do que estava falando, mas seus olhos em momento algum estavam no meu rosto. Estavam bem abaixo, na verdade.

— Talvez eu possa comer algum dia.

Respondi sem dar muita bola sobre o que ele iria pensar, e então peguei o livro de receitas da minha mãe, que ficava bem escondido num dos armários da cozinha. Abri em uma das páginas já amareladas, e comecei a procurar a receita de massa fresca, pretendo fazer um macarrão para jantarmos. Os ingredientes deveriam ser de ótima qualidade, e eu tinha todos aqui, e o que mamãe costumava dizer era:

"Todos são essenciais, mas a receita só vai ser bem apreciada, se for servida com um bom vinho."

Ela costumava dizer isso quando me tornei maior de idade, mas ouvi ela soltar essa frase com as minhas tias quando fomos para lá algumas vezes. Minha adega era bem recheada com vários tipos de vinhos, e todos prontos para serem degustados, e de vez em quando eu me atrevia a abri-los para tomar sozinha enquanto apreciava a lua no céu bem na minha sacada.