hospital.

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Josh Beauchamp

Any estava estranha desde que eu a busquei. Não falava nada, mesmo quando Vanessa puxava algum assunto que ela naturalmente ficaria animada para conversar. Seu olhar ficava perdido lá fora, e ela mal tocou na comida.

Coloquei uma mão em sua coxa, não conseguindo atrair sua atenção. Lamar e sua esposa conversavam sobre qualquer coisa, e achei um bom momento para perguntar o que estava acontecendo com ela para se comportar assim. Não queria pressioná-la, mas eu estava muito preocupado com seu estado. Alguém pode ter feito algo para ela.

— O que aconteceu, querida? Mal tocou na comida, e está muito avoada.

— Não aconteceu nada. Só estou cansada — Deu um sorriso de canto, tentando transmitir alguma verdade.

— Tem certeza?

Ela assentiu, e me aproximei do seu rosto, dando um beijo curto em sua bochecha. Continuei com a mão em sua perna, sentindo seu corpo relaxar, e eu me senti melhor quando seus músculos deixaram de ficar tensionados. Any comeu mais um pouco, e começou a dar mais atenção para Vanessa, que falava sobre como a Itália era maravilhosa, e que devíamos visitar o país algum dia. Lamar chamou minha atenção, e apontou lá para fora com a cabeça, e eu assenti.

— Vou conversar com Lamar lá fora, ok? Qualquer coisa pode me chamar — Avisei para a cacheada ao meu lado, que assentiu e continuou conversando com a mulher que continuava a tagarelar.

Fomos para o lado de fora do restaurante, e meu amigo me ofereceu um cigarro, o qual eu neguei. Estava há anos sem fumar.

— Nunca imaginei ver você assim de novo — Ele começou, me fazendo olhá-lo intrigado.

— Assim como?

— Com esse brilho nos olhos. Desde Adelaide, você nunca mais olhou assim pra ninguém — Colocou o cigarro em sua boca, o acendendo em seguida.

— Tenho brilho nos olhos?

— Agora sim. Parece estar feliz, e aparentemente está gostando de Any — Deu uma tragada funda — Estão juntos?

— Não. Estamos apenas tendo algo casual. Combinamos que seria melhor assim — Suspirei, encarando a neve cair na nossa frente. Era bem fina, mas não era o suficiente para nos impedir de andar de carro.

— Você gostaria de algo mais — Afirmou, me fazendo encará-lo fixamente, atento em suas palavras — Any é uma mulher interessante, e Vanessa disse que ela está interessada em você.

— Mas isso já é óbvio, senão não estaríamos dormindo juntos — Falei como se fosse óbvio.

— Sabe bem que não é desse jeito que estou falando. Any parece querer algo a mais com você, isso é fato — Tragou mais uma vez do seu cigarro, soltando a fumaça para longe — Talvez devessem tentar algo.

— Duvido que ela gostaria de ter algo.

— E o que faz você pensar assim?

— A diferença de idade, nossas posições na academia. Sou coreógrafo dela, e ela é minha bailarina. Não sei se ela seria capaz de aguentar tantos comentários ruins que seriam tecidos sobre ela.

— Vocês não precisam revelar para o mundo. Pelo menos não imediatamente — Lamar jogou o cigarro no chão, o pisoteando — Assim que o espetáculo for encerrado, vocês podem viver suas vidas como um casal. Ninguém vai poder opinar em nada.

Olhei para a rua, pensando no que meu amigo acabou de dizer. Seria ruim se mostrassem para o mundo que estamos em um relacionamento, mas não seria ruim se só ficasse entre nós dois. Mordi o lábio inferior, pensativo sobre tudo aquilo, e em uma luta interna se deveria comentar com Any.

De repente, Vanessa apareceu na porta, com uma expressão receosa e se aproximou de nós, mexendo nos dedos. Estranhei Any não estar com ela, então franzi o cenho.

— Desculpa por atrapalhar a conversa, mas achei melhor informar você, Josh. Gabrielly está pálida como papel, e fraca demais. Ficou assim depois de ir ao banheiro. Acho melhor vocês irem ao hospital.

— Obrigada por informar, Vanessa. Com licença.

Entrei no restaurante novamente, procurando pela cacheada, que estava com a cabeça encostada na janela e com os olhos fechados. Me sentei ao seu lado, tocando sua mão para chamar sua atenção, e depois de alguns segundos, ela me encarou. Seus olhos escuros estavam vazios e cansados.

— Está se sentindo bem, meu amor? — Toquei seu rosto, sentindo a pele muito quente, principalmente considerando o frio que fazia lá fora — Você está queimando. Melhor irmos para o hospital.

— Não… eu estou bem, só um pouco cansada.

Ignorei o que ela disse, tendo certeza que seu estado não era apenas cansaço. Tirei meu casaco, e coloquei sobre seus braços, que estavam tremendo. Circulei sua cintura com o braço, fazendo com que ela se apoiasse em mim. Suas pernas vacilaram um pouco, e então eu a peguei no colo, sentindo seu corpo mole e inteiramente quente, e a cobri ainda mais com o meu casaco. Passamos por Lamar e Vanessa, que conversavam sobre alguma coisa.

— Eu vou levá-la para o hospital, ela está muito fraca. Obrigada pelo jantar.

Os dois desejaram melhoras para Any, e mais do que rapidamente coloquei a cacheada no banco de trás, cobrindo seu corpo com o casaco e ligando o aquecedor. Virei o espelho para que pudesse vê-la melhor e liguei o carro, dirigindo rapidamente para o hospital mais próximo. Olhava para ela sempre que podia, vendo que a garota já estava desacordada. Não sei se estava dormindo, ou se ela realmente havia desmaiado, o que me deixava extremamente preocupado.

Chegamos em menos de cinco minutos, e saí do carro rapidamente, pegando o corpo mole da garota que não conseguia nem manter a cabeça parada no lugar. Pedi emergência na sala de espera, e dois enfermeiros vieram até nós dois, e um deles tinha uma cadeira de rodas. O homem enorme pegou Any dos meus braços, e a colocou sentada ali, levando-a para um lugar desconhecido.

— Preciso que preencha algumas fichas na recepção, e aguarde notícias bem ali — Apontou para um corredor vazio, com algumas cadeiras para se sentar.

Assenti começando a sentir um nervosismo esquisito tomar conta do meu peito, e fui até o balcão da recepção. Uma mulher ruiva me entregou uma ficha para que eu preenchesse e assim fiz, tentando distrair minha mente com outra coisa que não fosse que aquela cacheada tão doce estava desacordada e fraca numa sala de hospital. Entreguei a folha novamente para a moça, que me entregou um adesivo que estava escrito "Acompanhante" e eu colei na minha blusa, que parecia estar ficando quente demais.

Sapatilhas Douradas - Beauany Onde histórias criam vida. Descubra agora