44 - Paixões

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Severus suspirou vendo Harry ainda inquieto e miserável. O garoto estava com febre desde que acordou naquela amanhã e mesmo com poções a doença parecia não querer ceder. Pomfrey disse que era uma gripe, já que não detectou nada muito alarmante nos exames dele, mas a febre persistente era preocupante. Além da febre a algumas horas Harry começou a chorar quase desesperado com o mínimo toque em suas costas.

— Pequeno... eu prometo... tome o leite e vai se sentir melhor. — O vampiro pediu sentindo a exaustão começar a se infiltrar em seu corpo, sua fome também não estava ajudando na sua própria saúde... fazia quase três semanas desde que ele bebeu sangue. — Eu prometo...

— Dói papai... Dói... — as lágrimas eram de partir o coração e Severus sentiu vontade de chorar ele mesmo.

— Eu sei meu amor, mas prometo que logo vai melhorar se você beber... vamos.

O adulto suspirou de alívio quando o garoto em seus braços finalmente aceitar o copinho de leite morno misturado com poção para febre e sono-sem-sonhos, todas feitas especialmente pra ele... Severus só esperava que funcionasse.

Harry sentiu seus olhos fechando enquanto sentia as últimas gotas descendo por sua garganta. Ele ouviu seu pai agradecer aos céus e sentiu um beijo doce em sua testa enquanto era colocado de bruços na cama. Ele esperava uma noite sem sonhos...

A realidade parecia se dissolver mesmo de olhos fechados, tudo parecia confuso, brilhante e incrivelmente trêmulo. Ele não sentiu mais sua cama, mas as mãos frias de seu pai no seu cabelo eram um lembrete de realidade...

Ele não soube quando dormiu e nem se estava sonhando ou não...

A dor pungente em suas costas o fez se retorcer e gritar... mesmo que não conseguisse ouvir sua própria voz.

Adhuc non capio quomodo id facere proponis iam effectus cognoscens. — Era uma voz familiar, melodiosa... ele parecia ja conhecer, mesmo que a memória falhasse... como a lembrança de um sonho. — Semper tibi duram viam, fili mi...

O carinho em sua cabeça desceu por seus ombros e atingiu suas costas, um toque de dor irradiou e Harry se viu gritando mais uma vez. Seu corpo não se movia mesmo que ele tentasse, seu corpo parecia pesado, controlado, sem movimentos, mas a dor continuava aumentando a cada minuto e até o toque, que antes era reconfortante, agora parecia rasgar sua pele. Ele queria gritar, queria correr, lutar, mas não conseguia fazer nada disso.

Mox fiet, spondeo ... alae tuae cito exibunt.

Harry gritou mais uma vez, suas costas arquearam quando sentiu a carne rasgando, seus ossos estalando, quebrando e se retorcendo... ele sentiu líquido quente escorrer por sua pele, o cheiro de sangue dominou seu olfato, lágrimas caíram de seus olhos e ele sentiu gosto de sangue ao morder a língua.

Seus olhos fecharam pela dor, seu cérebro não mais registrando a sua volta... tudo era confuso...

Parata cara... mox res clariora tibi erunt... intelliges. — a voz melodiosa veio junto ao alívio da dor... foi como um banho gelado de repente... não doía mais, ele não se sentia horrível... foi bom. — fatum furit... cum carissima es cognatio, non dimittet haec transgressio vilis.

Harry quis prestar atenção, ele queria entender que língua era essa, quem era essa pessoa ou ser... parecia tudo confuso e incrivelmente complexo... sua cabeça parecia explodindo em poucos segundos. Seus olhos ardendo, sua pele rastejando incômoda... tudo parecia errado... ao mesmo tempo que parecia certo.

Na manhã seguinte as penas de cor cinza em sua cama só aumentariam sua curiosidade e como um lampejo de conhecimento sua cabeça começou a doer de novo.





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