Enquanto eu ainda amar você

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O sol se levantou preguiçoso no dia seguinte, e uma brecha na janela acordou Adele com a claridade. Ela se remexeu na cama, antes de sentir um peso ao seu lado e parar. Imediatamente lembrou dos eventos do dia anterior e sorriu ainda mais ao ver o rosto de Carla pacífico, sonhando. Adele fez esforço para não acordá-la, mas Carla sentiu a luz do dia e abriu os olhos, confusa por um instante, até sorrir de volta pra ela.

Adele beijou a testa de Carla e tentou se levantar da cama, mas foi puxada de volta e as duas ficaram abraçadas.

— Gostaria de te relembrar sobre bafo matinal. — Adele falou baixinho, ansiosa para escovar os dentes, mas sem pressa de sair daquele ninho.

— Foda-se. — Carla a abraçou mais forte e fechou os olhos, antes de abri-los novamente com espanto. — Ei, e sua colega de quarto?

Adele riu, percebendo que também havia esquecido desse detalhe.

— Julia é minha nova colega de quarto, e ela só volta de tarde. Você veio num momento fenomenal.

Carla acariciou o braço de Adele mais um pouco antes de sentar na cama e se espreguiçar.

— Eu não vim com segundas intenções. Foi apenas uma coincidência. — Ela esclareceu. Não era um acidente infeliz, de qualquer forma. Adele era uma visão e tanto mesmo com o cabelo desarrumado e remelas nos olhos. A visão mais agradável de se ter após acordar.

— Eu sei. Quer ficar pra um café? — O pedido era mais uma súplica que um convite. Adele sempre sentia que Carla ia escorrer pelos seus dedos e ela iria se perguntar se foi tudo um sonho.

— Por que não? — Carla respondeu colocando a blusa após fisgá-la do chão. Ela levantou da cama bocejando e se apoiou na soleira da porta, virando o rosto pra Adele com um sorriso.

— O que foi? — Adele perguntou após uns segundos, sorrindo de volta.

— Nada.

Carla balançou a cabeça e entrou no banheiro, deixando Adele para se recompor. Ela vestiu uma roupa limpa e esticou os músculos antes de bater de leve na porta do banheiro.

— Tem escovas de dente lacradas dentro do armário da pia. Se precisar de qualquer coisa me avisa.

Adele foi até a cozinha quase pulando, preparando um café enquanto assobiava. Elas teriam que conversar sobre muita coisa e processar muita bagagem, mas tudo isso podia esperar. O café ficou pronto assim que Carla desocupou o banheiro, e Adele correu para escovar os dentes, ansiosa para se livrar de qualquer mau hálito que a impedisse de beijar a amada.

Carla não resistiu a roubar um selinho quando Adele passou por ela na porta do banheiro, deixando a loira desconcertada. Ela sorriu satisfeita e se encaminhou até a sala enquanto aguardava.

Após um tempo recorde, Adele se juntou a ela no sofá, ergueu o queixo de Carla em sua direção e depositou um beijo de língua demorado. Carla segurou o cabelo de Adele pela nuca, retribuindo, porém foi a primeira a interromper a demonstração de afeto.

— Bom dia pra você também. — Ela disse em tom de provocação e riu. — Cadê o café prometido?

As duas comeram em silêncio e profunda admiração, desgrudando os olhos uma da outra apenas para ocasionalmente passar manteiga em uma torrada. De vez em quando riam, mas não conversaram sobre nada. Carla ajudou a lavar os pratos e foi para o quarto terminar de se vestir.

— Já vai embora? — Adele perguntou, mesmo sabendo que ela precisava ir.

— Meu pai deve estar surtando. Eu não avisei que iria dormir fora. — Carla coçou a cabeça e corou um pouco. — Eu te mando mensagem quando chegar em casa, tudo bem?

Quando Eu Ainda Amava VocêWhere stories live. Discover now