Quando vi você naquela festa

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Julia e André estavam começando a se preocupar. Adele não havia dito uma só palavra em mais de meia hora. Ao invés disso, encarava o teto com cara de mosca morta e, ocasionalmente, dava longos suspiros. Eles já não aguentavam mais tanta morosidade.

— Você quer falar sobre o que tá te incomodando? — André arriscou, mas Adele apenas balançou a cabeça negativamente.

— Ok, quer saber? Nós vamos sair essa noite — Julia declarou enquanto se levantava — E eu vou me arrumar.

Adele grunhiu. Ao menos estava emitindo algum som. Ela se sentou para encarar os amigos com uma expressão de derrota em seu rosto que era francamente deprimente. Com certeza tinha algo a ver com a tal da Carla, pra variar.

— Eu não vou a lugar algum.

André a empurrou de leve.

— Com todo o respeito, mas pelo menos tome um banho — Ele prendeu o nariz para a dramatização.

Nesse momento, a campainha tocou e os amigos de Adele deram uma pausa na missão de convencê-la a parar de agir feito um zumbi. Atrás da porta estava ninguém menos que Marina, outra amiga do ensino médio, segurando uma caixa de coxinha e uma garrafa de vodka. Ela entrou cumprimentando os amigos, parando apenas para observar Adele murchar no chão do apartamento.

— Ela tá doente? — Marina perguntou.

André segurou as coxinhas e a vodka, e Julia conduziu a amiga para o quarto, onde fechou a porta para que pudessem conversar sobre Adele sem que ela ouvisse.

— A gente acha que isso tem alguma coisa a ver com a Carla — Julia começou, com a voz baixa.

— Carla? Aquela maluca do vôlei?

— É. Elas estão cursando uma matéria juntas na faculdade — André continuou — E isso parece estar afetando muito a Adele.

— Pior que eu não entendo — Julia se sentou na cama, gesticulando exageradamente — Depois do que a criatura aprontou no dia da formatura, como é que ela continua se deixando afetar?

— Hum... O que exatamente aconteceu na formatura, hein? — Marina levantou a mão como se pedisse permissão para falar — Ninguém nunca me explicou isso direito.

Marina não era tão próxima assim de Adele, exceto pelos breves dois meses do terceiro ano quando elas meio que eram ficantes. Depois do que rolou na formatura, Adele não quis contar muita coisa pra ninguém, e era até bem justificável, considerando tudo que veio em seguida com a família dela.

— Eu não sei se a Adele iria querer que a gente contasse. — Julia respondeu com uma expressão de desculpas.

— Por favor. Só por cima. Eu não ligo muito pros dramas dela. Só não quero ficar boiando — Marina juntou as mãos como se implorasse. — Não é como se eu fosse espalhar, né?

Julia e André se entreolharam e deram de ombros. Ela respirou fundo antes de falar:

— De certa forma, a Carla meio que...

— Tirou a Adele do armário pros pais dela — André terminou a frase por ela, com a velocidade de uma metralhadora.

— André!

— Foi mal! Você tava demorando.

Marina deixou eles se encararem enquanto abria a garrafa de vodka em silêncio. Só então eles a olharam enquanto ela dava um gole na bebida, quase engasgando.

— Puuuxa, que merda isso — Marina respondeu, visivelmente desinteressada — Eu não a perdoaria se fosse ela.

— Pois é. Não entendo porque ela ainda liga pra Carla — Julia suspirou.

Quando Eu Ainda Amava VocêOn viuen les histories. Descobreix ara