Prólogo - Grande Merda.

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Sinto como se todo o meu corpo estivesse em total alerta e ao mesmo tempo, anestesiado. Eu estou com meus sentidos mais aguçado que nunca. Meus olhos estão vidrados nos pilares do enorme galpão, no qual me encontro. Meus ouvidos mais concentrados possíveis á todo mísero som que sai em um perfeito eco no longo e extenso local. Minhas mãos, que seguram uma Glock G19 com um silenciador, estão rente ao meu rosto, em posição de observação.

Observo os seguranças do local. Dois estão em frente ao grande portão do galpão, dois em minha frente, de costas para mim, e vários espalhados por cantos aleatórios do galpão vazio. Ambos com um fuzil em mãos, fardados e com fone no ouvido esquerdo. Todos parecem uns robôs que só obedecem ordens do seu criador, achando que estão fazendo a coisa certa.

Bando de idiotas.

Observo minha situação. Eu entrei aqui fácil. Como entrei? Não direi. Esses palermas que ele chama de seguranças, não me ouviram entrar, não me ouviram andando, só estão cumprindo horário e esperando o seu grandioso e idolatrado chefe chegar.

Grande merda.

Escuto o grande portão de metal se abrir e direciono meu olhar até lá. Uma Range Rover preta blindada entra, com seus faróis brancos e fortes pelo local, seguido de um Tesla Preto com rodas em prata, dando destaque ao carro de luxo, que logo atrás aparece mais uma Range Rover, igual a primeira.

Falando no diabo.

Ele chega com seus cachorrinhos metidos a guarda-costas. Aposto que tem uns cinco seguranças em cada Rover e apenas ele e seu fiel motorista no Tesla.

Os carros estacionam de qualquer jeito no galpão. O motorista desce e vai abrir a porta para o grandioso chefe. Que frescura do caralho. Só para mostrar seu poder e insignificante porte, após descer, arruma seu terno totalmente preto e dá um meio sorriso para seu motorista, que devolve o sorriso e faz um certa "reverência" com a cabeça e fecha a porta.

Olhe, um nanico metido a chefão.

Ele anda em direção ao fundo do galpão, que não arrisquei a me aventurar por lá.

Eu sei o que devo fazer, é só subir no segundo andar do galpão, que é aberto no meio e só tem uma espécie de passarela com grades firmes em volta do galpão inteiro. Totalmente desnecessário.

Vamos lá, Harry, é só subir, mirar e atirar na testa do filho da puta, que, convenhamos, você já deveria ter feito isso a muito tempo.

Com passos contados e respiração quase zerada, subo as escadas com o maior cuidado para não chamar atenção. Quando estou quase no fim da escada, o maldito degrau range. Num momento rápido, rolo no piso de ferro, me escondendo no grande pilar. Olho de relance e vejo que um segurança olha pra trás, mas dá de ombros e se vira para frente, parando em sua antiga posição.

Ando calmamente, me esquivando de pilar em pilar, até estar bem em cima dele.

E mais uma vez, observo minha situação. Eu dou um tiro nele, chamo a atenção de todos os seus seguranças pra mim, e eles me bombardeiam com seus fuzis. Eu morro mas pelo menos levo o desgraçado comigo.

Não tenho nada a perder mesmo.

Miro a Glock em sua cabeça. Como ele está de costas pra mim, tenho que mirar no meio de sua cabeça. Se eu errar, eu estou fodido.

Espera, eu me esqueci, eu não erro meus tiros.

Respiro fundo, levo meu dedo até o gatilho. Eu não estava tremendo, mas de um segundo pra outro, minhas mãos ficam trêmulas. Sinto um frio na barriga e sinto uma gota de suor descer por minha têmpora.

Porque diabos estou nervoso?

Respiro outra vez, tentando controlar meu nervosismo inútil. Quase aperto o gatilho, quando meus ouvidos são tomados por vários barulhos estúpidos de tiros. O galpão é oco por dentro, é um barulho insuportável causado pelo eco.

O enorme galpão é tomado por muitos disparos, todos vindo da entrada do galpão.

Observo ele, que rapidamente é levado ás pressas para atrás de um pilar grande por seus seguranças. Ele fica de frente comigo agora, mas ele está no andar de baixo, não é possível que ele vai me ver aqui.

Como se fosse uma praga lançada pelo universo, ele olha pra cima, com a respiração pesada, esperando os tiros cessarem. Seus malditos olhos azuis me encaram. Ele franze a testa e arregala os olhos, mas rapidamente muda a expressão pra sua normal, fria e calculista. Eu o vejo buscar sua arma no coldre em baixo de sua calça, no tornozelo. Ele aponta pra mim e sorri.

Ele atira.

Resiliência - L.SWhere stories live. Discover now