27 - É Aqui, Nesse Abraço.

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Harry Styles

As vezes eu acho que vim nesse mundo somente para ser feito de trouxa. Fui feito de trouxa a minha vida inteira, só não queria enxergar. Agora, estou me sentindo o mais idiota possível.

Eu sei que Louis estava errado em falar aquelas palavras horrorosa para mim, mas ele só estava jogando na minha cara o que eu fiz de ruim e só me lembrando o quanto o meu passado me condena.

Por anos, eu tive crises de ansiedade e raiva. É horrível quando as duas se juntam. Uma raiva descomunal preenche o meu corpo quando a ficha cai que sou um idiota de mão cheia. E claro, junto com a raiva, vem a ansiedade. Eu começo a tremer muito, meus pulsos começam a coçar e sinto uma grandiosa vontade de meter um soco em cada coisa que está na minha frente.

Como aconteceu após eu chegar no meu quarto após a discussão com Louis.

Passo as mãos nervosamente pelos cabelos, puxando com força, me causando uma dor no couro cabeludo que não é maior que a dor que está no meu peito. Minha respiração está desregulada, sinto falta de ar e moleza nas pernas. Mas ao mesmo tempo, sinto raiva. Sinto meu sangue ferver e deixo a raiva tomar conta, me fazendo ter forças nas pernas novamente e andar até a mesinha de canto da cama, onde tem um porta-retrato com uma foto minha e de Louis, que tiramos em uma das vezes que fomos no jardim de trás.

Pego aquele porta-retrato nas mãos, olhando aquele casal que deveria estar feliz, deveria estar se sentindo bem. Mas não, está tudo uma merda, como sempre foi. Nós só passamos um pano por cima pois estamos quebrados. Nós só queríamos tentar esquecer o que aconteceu e começar novamente. Mas Louis estragou tudo. Como da primeira vez.

Em um momento de raiva e já sentindo as lágrimas descerem nas minhas bochechas, jogo o retrato com toda a minha força na parede, fazendo o vidro do objeto se estilhaçar no chão e a foto ficar debaixo nos cacos.

Coço meus pulsos, que já mostram a vermelhidão, indo em direção ao banheiro, já tirando a camisa branca. Apenas de shorts, entro embaixo do chuveiro quente, tentando fazer esse sentimento de raiva passar e deixar somente a tristeza pois com a raiva, eu consigo fazer coisas que eu não gosto de fazer. Me encosto na parede fria, sentindo a ducha quente bater nos meus cabelos e descer por todo o meu rosto, se juntando com as lágrimas que insistem em cair.

Eu choro.

Eu simplesmente choro por tudo. Pela minha vida que eu perdi a anos atrás, pela minha vida que eu tentei viver por quinze anos e pela vida que eu comecei a viver no momento que fui trazido para essa casa. Eu choro por Louis, por ele ter ficado todos esses anos num casamento de merda, choro pelos filhos dele que perderam a mãe, choro pela criança que está na minha barriga por ter uns pais tão fodidos mentalmente.

Choro por mim.

Choro por eu ter me tornado isso, um ser humano que mata para ganhar dinheiro, um cara que mata sorrindo ao ver que a pessoa merece morrer. Ou será que eu julguei por mim mesmo e descontei minha raiva em pessoas que achei que mereciam morrer?

Eu nem me importo mais.

Abro os olhos e tudo o que vejo é uma névoa branca por causa do chuveiro quente. Minha visão começa a ficar turva, minha cabeça começa doer muito e minhas pernas estão fracas novamente. Mas a única dor que realmente me preocupa, é a da minha barriga.

Uma dor descomunal me invade e sinto como se um órgão meu estivesse saindo de mim. Dói como nenhum ferimento que tive em anos, doeu.

O meu filho não está bem.

Me apoio nos joelhos, não deixando me levar pela dor e pela fraqueza, mas meus pés escorregam no chão do box e me desequilibro e caio no chão. Minha coluna começa a doer e a dor na barriga aumenta. Tudo está piorando. Tudo está doendo.

Resiliência - L.SWhere stories live. Discover now