𝐓𝐇𝐄 𝐒𝐎𝐔𝐍𝐃 𝐎𝐅 𝐘𝐎𝐔𝐑 𝐕𝐎𝐈𝐂𝐄 || 𝐈𝐙𝐀𝐍𝐀 𝐊𝐔𝐑𝐎𝐊𝐀𝐖𝐀

11 ➤ 𝐋𝐢𝐛𝐞𝐫𝐝𝐚𝐝𝐞.

Izana' voice

Tentei ir atrás da Chihiro mais cedo, infelizmente não consegui muita coisa porque Kizune me impediu dizendo que ela deveria querer um tempo sozinha. Não acho Chihiro queria estar sozinha porque estava tudo bem até os dois chegarem. Ela estava tremendo…É claro que levo em consideração sua fobia, mas era diferente. Parecia realmente assustada com algo, ou melhor…Com alguém. 

Passo o resto do dia com meus amigos porque eles sentiram minha falta. Kizune comentou sobre eu estar com Chihiro e Jun apenas ficou quieto. Já Hiroshi falou algumas coisas bem desagradáveis e acabamos nos desentendendo. Não sei porque não gostam da Chihiro, mas isso está começando a me irritar e o fato deles sempre se referirem a ela como "aberração" me tira do sério. Sho me trouxe para uma sala que só terá aula daqui meia hora. Ele disse que queria conversar comigo.

— O que você quer?_Pergunto com cara de tédio com as mãos nos bolsos do uniforme. Ele fecha a porta balançando a cabeça.

— Muito bem…Você vai me contar o que pensa que tá fazendo?_Pergunta erguendo as sobrancelhas enquanto descansa as mãos sobre os quadris.

— Tá falando de que?_Franzo o cenho e ele perde a paciência. 

— Eu não sou cego! Vocês dois, lá em cima!_Aponta e então me dou conta que ele se refere a Chihiro e eu.

— O que tem?_Me encosto no balcão cruzando os braços.

— Como assim o que tem?! Você…Tá realmente ficando com ela?_Ele parece curioso e chocado.

— Isso não é da sua conta._Respondo e ele leva a mão até o peito.

— Você já teve mais consideração comigo!_Parece magoado.

— Era isso que queria me perguntar?_Preciso ir atrás dela rápido.

— Izana cara…Qual foi? Somos amigos faz tempo. Será que não pode me dizer o que tá rolando e…_Eu o interrompo para que cale a boca e pare de fazer discurso.

— Tô apaixonado por ela._Respondo diretamente com uma voz mansa e sua boca acaba aberta. 

— V-você…Apaixo…Q-quando isso aconteceu?_Está totalmente perdido.

— Faz algum tempo._Suspiro. — É só isso que você tem que saber e se tiver a mesma opinião do Hiroshi é melhor ficar longe de mim e dela._Aviso e sua expressão torna-se séria.

— Calma aí…Não concordo com o que Hiroshi disse. Mas a parte que ela é estranha…_Faço uma expressão de raiva e ele coça a nuca. — É que eu não conheço ela, sabe? Mas talvez…Entende?_Pergunta já nervoso.

— Sai da minha frente._Digo simples.

— Beleza._Ele caminho e sigo até nossa turma.

Chihiro' voice 
Escola: Banheiro.

Algumas meninas estão conversando em frente ao espelho e suas vozes ecoam pelas paredes. Corri para cá depois de testemunhar minha morte certa. Sentada no vaso encolho minhas pernas ainda mais junto ao meu corpo e repouso minha cabeça sobre elas. O que faço agora? Não tenho ideia se estou sendo observada ou marcada. Izana não deve ter entendido absolutamente nada. Talvez esteja me procurando, mas não tenho a menor vontade de sair desse banheiro até chegar o momento de voltar para casa.

Narradora' voice 

O medo é capaz de fazer alguém isolar-se de tudo por completo. Pode fazer perder a sanidade, inventar histórias e até mesmo machucar pessoas. Mas Chihiro sempre escolhe manter-se invisível até que toda poeira baixe. As aulas tiveram fim faz meia hora e mesmo assim ela continua no banheiro. Seu celular permanece em casa e como sabe que já faz tempo desde que a escola está vazia ela finalmente toma coragem para sair de sua zona de conforto. 

Pés no chão e postura amedrontada ela destranca a porta com receio. Sente-se em perigo no instante em que Kizune pôs os olhos nela. Mas pode-se evitar o amor? O sentimento de ânsia? Como deixar alguém que te faz bem de lado? Chihiro pode não ser comunicativa ou presente, mas não significa que não goste de companhia. Especialmente a do Izana.

Chihiro'voice 
Caminho para casa.
18:40 𝑷𝒎

A noite já se instalou sobre o céu faz um tempo. Caminho devagar e pensativa sobre o que vou fazer agora que Izana me viu simplesmente fugir dele e de seus amigos. Eu não quero mentir novamente para ele, mas sinto que não tenho muita escolha. Não há quase ninguém nas ruas a julgar pelo horário é bem óbvio do porquê. Não me lembro de ter tantos cadernos na mochila, ela está um pouco mais pesada que o comum. Mexo um pouco nela e ainda está me causando desconforto nas costas, ao parar para tirá-la ouço uma voz mais que familiar.

— Você é muito desobediente, Chihiro._Pisco algumas vezes estática e no mesmo instante meu corpo torna-se frio demais. Engulo em seco e me viro dando de cara com Kizune e o mesmo garoto que o acompanhou no dia, mas agora existe mais um.

— Você é surda?_Pergunta o outro e não parece tão calmo como Kizune. Eu deveria correr, certo? Mas não consigo me mexer e minha visão está falhando.

— Você conseguiu realmente fazer a cabeça dele, não é?_Um passo à frente, em minha direção e não sinto mais minha respiração fluir. — Eu avisei que haveria consequências caso não me ouvisse._Mais dois passos e me sinto encurralada. 

— Você quis bancar a amiguinha dele? Ou melhor…_Diz entre risos e se aproxima junto a Kizune. O terceiro não se mexe, apenas observa quieto, mas não é Sho. — Queria que alguém lhe desse atenção?_Pergunta com uma sorriso e as lágrimas caem rapidamente por minhas bochechas.

— Não chore, você sabia que tinha uma tarefa e conseguiu não cumpri-la._Kizune já está próximo o suficiente para que eu possa sentir seu corpo junto ao meu. Eu quero que isso acabe. 

— Vamos ensinar você a não agir por conta própria, sua coisa quebrada._Não seguro as lágrimas quando sou empurrada por Kizune e caiu sentada no chão. Ouço risadas e meu corpo inteiro treme sem tempo para parar.

— Eu avisei!_Grita ele perto de mim e choro mais ainda porque sinto tanto medo que apenas quero fechar meus olhos e fingir que nada aconteceu. E simplesmente faço isso quando vejo ele aproximar-se para me bater.

Mas ao invés de sentir suas mãos em mim ouço um som de algo se chocar contra o chão. E alguns gritos, sons de soco e alguém correndo para longe e outro para mais perto. Sinto a brisa de suas mãos e punhos velozes atingirem a pele e mais uma vez o chão. Não quero abrir os olhos porque estou ocupada demais chorando totalmente amedrontada. Por favor, acabe! Eu não quero estar aqui, eu não quero viver com medo. Por favor, vão embora. Alguém senta em minha frente, meus olhos ainda estão fechados, mas sinto um cheiro que já senti antes. As lágrimas quentes descem livremente e sinto dedos limpá-las. Meu coração acelera e não quero olhar. 

— Eu tô aqui._Diz uma voz cansada. É o Izana. Uma onda de lágrimas me envolve e abro meus olhos devagar vendo seu rosto machucado com um sorriso de canto me analisando. — Oi, Chi. Desculpe a demora.

O abraço tão forte que sinto que estou lhe machucado. Mas ele não faz diferente e seus braços me envolvem como se nunca mais fosse me soltar de novo. Minha visão está totalmente embaçada por conta das lágrimas, mas apenas quero senti-lo, abraçá-lo e não quero mais voltar para aquele momento.