| conversa |

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Joaco Piquerez | CT do Palmeiras

O novo técnico já havia chegado. Eu fiquei muito surpreso de ser o Abel Ferreira novo técnico do Palmeiras. Não acreditava que depois de anos, estaríamos juntos novamente. Logo pensei nela, na dona do sorriso mais lindo que eu já vi, do jeitinho mais tímido e engraçado que só ela tem. Que saudades da minha Martina. 

Abel avisou que iria até um lado do CT para nos apresentar uma pessoa que veio com ele. Depois de dois minutos ele voltou com a pessoa. É uma moça, de cabelos escuros, alta, aparentemente tem um 1,70 de altura…

Não, só pode ser loucura. Eu a atraí  com meus pensamentos ou o que?

É a Martina. Ela veio com ele… Não, não, ou melhor, sim, sim. 

—Quero apresentar a vocês a Martina, nova fisioterapeuta do Palmeiras e também é minha filha. —Disse ele. 

—Bem vinda, Martina. — Nós dizemos.

—Agradeço as boas vindas de vocês e, muito prazer. Vim com o objetivo de ajudar vocês a evitar lesões e orientá-los na parte física. Espero que tenhamos uma ótima convivência e um ótimo trabalho em equipe. —Sorriu.

Que vontade de falar com ela, abraçar, beijar… Só que infelizmente alguns acasos nos fizeram terminar e agora ela nem deve mais lembrar de mim. Por que as coisas tinham que ser assim?

Saio dos meus pensamentos quando ouço alguém me chamar.

—Despierta, Uruguaio. —Disse Scarpa o seu falso sotaque Uruguaio.

—O que foi?

—Vamos, o Abel já nos chamou para treinarmos. 

—Quem? —Digo confuso.

—Cara, para de olhar pra filha do Abel, ele mata você. —Gargalha.

—Ok, vamos. —Disse indo em direção ao campo.

Foi impossível não pensar nela durante o treino. Ver ela ali sentada sozinha, e saber que não poderia sair do treino para falar com ela…

Calma Joaquín, calma.

Após o treino, vi Gustavo Gómez indo em direção a sala da Martina, confesso que fiquei muito curioso pra saber o que ele foi fazer lá mas, tentei não dar bola pra isso.

Após longos minutos ele saiu da sala dela.

—Joaco, Joaco… Não se ilude, ela já namora.

—O que? —-Digo incrédulo.

—É. Vi o Abel comentando com o Gómez que ela namora a dois anos com um português.

—É sério isso?

—Sim, ele permanece em Portugal e agora ela tá aqui no Brasil.

—E mesmo assim eles estão juntos?

—-Sim e estão muito bem juntos.

—Pelo visto ela não me ama mais. —Digo cabisbaixo. 

—O que você disse?

—Nada. Por acaso o Abel comentou algo sobre mim?

—Não. Por que ele comentaria?

—Esquece. Bom, eu já vou indo. Até amanhã.

—Então tá. Tchau ídolo.

—Tchau. —Digo rindo e logo saio.

É bom ter um amigo que te faça rir nessas horas.

 Dois anos juntos… Pelo visto eles devem se amar muito para estarem namorando mesmo com essa distância toda.

Esquece isso Joaco, esquece isso!

Passo por um dos corredores do CT e logo ouço uma voz familiar me chamar. 

—Piquerez?

 Me viro rapidamente e vejo quem eu já imaginaria encontrar. 

—Oi... —Digo sem jeito.

—Pensou que eu não te reconheceria? —Disse.

—Bom…

—Pode vir à minha sala? Quero falar com você.

—Claro.

—Quanto tempo... Como você está?

—Bem. E o senhor?

—Me chame como sempre foi… Claro, não de sogro mas sim de Abel. —Sorriu.

—Claro, Abel. —Sorri.

—Não imaginava te encontrar aqui, de verdade. —Disse ele.

—Como são as coisas, não é?

—Exatamente. Por que está tão tenso?

—Pensei que estivesse com raiva de mim.

—Por que eu teria raiva de você?

—Pelo o que aconteceu no passado..

—Você não traiu a minha filha nem nada do tipo. Só infelizmente aconteceu que vocês terminaram. Eram jovens, não digo que ainda não são mas, vocês infelizmente não conseguiram manter um namoro a distância. Agora são mais maduros. E falando nisso, você já falou com a Martina? —Disse curioso.

—Não, não nos falamos. Acredito que ela não lembra mais de mim. 

—Claro que lembra, mas você mudou desde aqueles anos pra cá. —Disse rindo. 

—Ah sim. —Ri.

—Fico feliz que estejamos trabalhando juntos. Admiro muito você como jogador e pessoa também. 

—Eu que o diga. Lhe admiro muito como técnico e pessoa. É um exemplo pra muitos.

Antes que ele pudesse falar, alguém bateu na porta.

—Entra. —Disse ele. 

—Pai, eu… Ah, desculpa. Pensei que estivesse sozinho.

—Não, imagina. Só estávamos aqui conversando.

—Oi, tudo bem? —Disse ela, de uma forma simpática.

—Oi, tudo e você?. —Sorri.

—Bem, obrigada. —Sorriu.

Nosso primeiro cumprimento depois de anos.

—O que precisa, Ma?

—É.. Eu só vim avisar que eu já organizei tudo na sala e já está tudo pronto para os meus trabalhos se iniciarem amanhã.

—-Que rápido. —Sorriu ele.

—O Gustavo Gómez me ajudou, aí foi mais fácil. —Sorriu. —Era só isso mesmo. Eu já vou indo pra casa. Desculpa por atrapalhar vocês. —Disse ela.

—Ok. Até logo. —Disse Abel.

—Boa conversa a vocês. Tchau. —Sorriu.

—Tchau. —Dissemos.

Ela não mudou nada… Como ela consegue ser mais linda do que já é? Como?

Após mais alguns minutos da nossa conversa, que por sinal foi boa, nos despedimos e fui embora.

Necessito de um banho gelado pra tentar assimilar tudo isso. É muita informação em um dia só!

        .        ||Continua||


I will always love you | Joaquín PiquerezWhere stories live. Discover now