| sonha |

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Martina Ferreira |

Não acredito que o Joaquín está aqui. Pensei que eu só o veria em janeiro do ano que vem. Eu juro que não estava preparada para vê-lo novamente.

Eu sei que fui grossa com ele, mas não consigo ter outra reação sem ser essa. Estou triste, magoada com ele. 

Realizei todos os exames necessários dele, e finalmente, ele está liberado. 

Ok, eu não vou negar que lá no fundo eu estou com uma extrema vontade de abraçá-lo, beijá-lo,  de ver o sorriso dele novamente, mas por fora eu só preciso que ele vá embora.

—Está tudo ok, você já pode ir. —Digo olhando para os resultados dos exames.

—Você não vai mesmo olhar na minha cara? —Pergunta o Uruguaio.

—Pra quê? —Pergunto.

—Por que está tão grossa comigo?

—Nossa, ainda pergunta. 

—O que eu te fiz, Martina? Não era eu que deveria estar chateado com você? 

—Onde você fez aula pra ser cínico? —Pergunto e acabo olhando para ele.

—Nossa, agora você lembrou de olhar pra mim. —Disse ele.

—Joaquín vai embora.

—Não.

—Vai embora agora. —Digo irritada.

—Não, Martina, eu não vou. —Disse e trancou a porta. 

—O que você tá fazendo? Me dá a chave.

—Eu vou ficar aqui com você até você parar de ser fria.

—Então espera sentado. —Digo e viro de costas, olhando para a janela.

Ouço o Joaquín suspirar. 

Ficamos alguns minutos calados e logo depois senti uma respiração em meu pescoço.

Não faz assim!

—A gente pode conversar como dois adultos? —Disse o Uruguaio com um centímetro de distância do meu ouvido, me fazendo arrepiar.

—A gente não tem nada pra conversar. —Digo.

—Você tem certeza? —Disse pegando em minha cintura e me virando para ele.

Só agora eu reparei que… Eu não acredito que ele está sem camisa desde quando realizei os exames. Acabo perdendo totalmente o foco olhando para aquela paisagem perfeita que há na minha frente.

Por que ele é tão gos…

Eu já me encontro extremamente nervosa.

—Por que está fazendo isso? Eu já falei que não temos mais nada para conversar. —Tento falar normalmente, mas minhas palavras saem como um sussurro.

—Bom, se não quer se sentar, então conversaremos assim mesmo. —Disse ele. —Você já se casou?

—Não, não casei, e se tivesse casado, eu não estaria no Brasil. 

—E por quê não? —Pergunta.

—Oras, porque eu estaria em lua de mel. —Sorri de canto.

—Você? Em lua de mel com aquele cara? —Solta uma risada nasal.

—O que tem? Ele me pediu em casamento, não pediu?

—E por quê não está com ele então?

—Porque não estamos juntos.

—Se não estão juntos, por quê está com esse anel de noivado?

—Vai que eu volte pra ele. —Dou de ombros e ele se afasta de mim.

—Sonha. —Disse irritado saindo de perto de mim.

—O que foi? A vida é minha, não é? Eu posso fazer o que eu quiser.

—Não é tão simples assim e você sabe muito bem disso. —Disse ele.

—Por que não é simples? O que me prende? 

—Você quer mesmo que eu te diga? —Pergunta destrancando a porta.

—Já vai embora? Não era você que queria conversar?

—Minha hora já deu. —Disse batendo a porta. 

O que é isso? Ciúmes? 

Sentei na cadeira e quando olhei para o lado… 

Nossa que legal, ele esqueceu a camisa dele aqui.

Saio da sala rapidamente e acabo esbarrando em alguém no corredor.

—Des… 

—Descul… Ah, é você —Digo.

—Eu estava indo atrás de você agora. —Disse e só agora eu percebi que nossos rostos estão por um triz de se grudarem.

Eu esqueci completamente o que eu ia falar e em um piscar de olhos, nossos rostos já estão grudados.

Quando fui desviar, acabei encostando minha boca na dele.

Por que esse Uruguaio faz isso comigo? Por quê?

—V-você esqueceu sua blusa lá na sala. —Digo me recompondo.

—Era por isso que eu ia atrás de você. —Disse ele. 

—Está aqui.—Entrego a ele e ando para frente. Mas ele me puxa levemente pelo braço. 

—Você não vai ficar com aquele cara. —Disse segurando meu braço.

—Quem vai me impedir? 

—Eu não preciso te responder. —Disse e saiu.

|| Continua ||

I will always love you | Joaquín PiquerezOnde histórias criam vida. Descubra agora