Cap • 13

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- Quando eu vi o estado que deixaram minha cozinha tive uma dúvida, se vocês tinham transado que nem selvagens ou se tinham começado uma guerra, porque sério vocês destruíram aquele lugar - disse Macau bebendo mais um gole do seu café

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- Quando eu vi o estado que deixaram minha cozinha tive uma dúvida, se vocês tinham transado que nem selvagens ou se tinham começado uma guerra, porque sério vocês destruíram aquele lugar - disse Macau bebendo mais um gole do seu café.

Após todo o sermão que recebemos e horas gastas pra arrumar tudo ou ao menos uma parte da bagunça, resolvemos sair e tomar café na cafeteria da esquina, não tínhamos muitos lugares para ir, depois que fecharam o cinema, tudo parecia meio sem graça em Paris, por isso ficávamos mais tempo em casa, e por enquanto estava bom daquele jeito.

- A ideia foi inteiramente sua Macau, não nos culpe - disse Kim.

- Ainda bem que não tranquei vocês no banheiro, iriam destruir meus perfumes caros - rimos com seu drama gratuito.

- Pelo menos estamos todos em paz agora - proferiu Kim.

- Fale por você - provoquei vendo ele me olhar de relance fingindo indignação.

- Deveríamos jogar essa noite - disse Macau com um tom malicioso - Em dois dias estaremos indo a um protesto perigoso, não sabemos o que nos espera, devemos aproveitar um pouco. Dessa vez todos pagam a punição, então rezem pra não errar.

- Vai ser divertido - falei encarando Macau, fazendo ele sorrir de lado.

No começo esses jogos me assustaram, eu não tinha certeza se estava mesmo fazendo aquilo porque queria ou porque tinha medo de parecer uma criança assustada com tudo, desde que me mudei para Paris eu tentei ter um espírito mais aventureiro, descobrir coisas novas, me encaixar em algo e encontrar meu lugar no mundo, mas só quando conheci eles foi quando me dei conta de que eu não havia conhecido quase nada ainda, foi uma mudança inesperada, mas que com toda certeza me transformou muito, e eu gostei.

Já havia escurecido, se passava das dez e ainda estávamos na rua, perambulando e rindo de coisas aleatórias, o céu dava indícios de chuva, mas aquilo não nos assustava, encontramos uma praça um pouco distante com um belo gramado, deitamos sentindo a grama fofa, o céu não tinha estrelas, estava todo cinza por conta das nuvens densas e pesadas.

- Se o céu estivesse estrelado daria uma bela cena daqueles filmes clichês de romance - comentei ouvindo a risada deles ecoando - Se a cinemateca estivesse aberta essa semana provavelmente seria a reprise de Casablanca - falei desapontado, era um dos meus filmes preferidos.

- Sinto falta da Panopticum - disse Kim em um suspiro.

- É uma merda que esteja fechada agora, eu amava aquele lugar - lamentou Macau - Mas pelo menos teve algo de bom no meio dessa confusão toda, conhecemos o Chay - sorri com seu comentário, e percebi que quase todas as minhas boas memórias começaram quando me encontrei com eles pela primeira vez.

- Queria ter conhecido vocês antes, em alguma sessão de um filme bom, iríamos conversar e debater como pessoas que amam cinema, devo ter passado por vocês um milhão de vezes e não notei que estavam ali o tempo todo - desabafei - Poderíamos ter assistido a todos os filmes do Nicholas Ray juntos, e ter discutido o quanto as comédias românticas são repetitivas, eu e Kim estaríamos ali brigando que nem crianças, e o Macau provavelmente estaria se divertindo com nossa discussão, e falando coisas que só ele é capaz de dizer, não sei porque demorei tanto tempo para me apaixonar por vocês - suspirei após minha pequena confissão. 

Senti ambos pegando minha mão, Macau de um lado e Kim do outro, ficamos uns minutos em silêncio apenas olhando para aquele terrível céu de Paris, meu coração queimava, eu nunca fui tão honesto com eles e comigo mesmo em toda a minha vida.

- Não importa que não tenha nos conhecido antes Chay, tudo acontece por um motivo, fiquei muito feliz de ter pedido para um certo garoto britânico para me ajudar a me livrar do cigarro naquela tarde, eu poderia ter chamado qualquer outro, e olha que loucura nada disso teria acontecido, mas foi você, tinha que ser você, acho que estava destinado a ser parte do clã dos lunáticos de Paris - disse Macau me fazendo sorrir.

- É o pior clã para se fazer parte - completou Kim sorridente.

- Tem razão, é o pior de todos - brinquei, ouvindo a risada dos dois, aquele era o melhor som para se ouvir.

Levantei encarando ambos, e de modo sutil deixei um selar nos lábios de Macau sentindo sua boca aveludada e lábios fartos, depois que encerrei aquele toque, me aproximei de Kim, também deixando um selar em sua boca, me afastei vendo os sorrisos deles iluminarem aquela praça tão escura e por fim senti que finalmente havia encontrado meu lugar.

- Eu amo vocês.

Panopticum • PORCHAY/KIM/MACAUOnde histórias criam vida. Descubra agora