Em 1968, um estudante britânico chamado Porchay entra para o mundo dos irmãos Kim e Macau. Os três compartilham o mesmo amor pelo cinema e participam de movimentos revolucionários da época, contudo, a relação deles se funde a sensualidade cinematogr...
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- Macau! Cuidado! Você quase derrubou o filtro quente - encontrei ele na cozinha lutando para fazer um café.
- Eu sei o que estou fazendo Kim, não tenho cinco anos - disse bravo fingindo saber fechar a garrafa.
- Onde está o Chay? - perguntei.
- Saiu, a mãe dele faz aniversário hoje ele disse que iria comprar algo e enviar pelos correios, só volta mais tarde.
- Deixa que eu termino isso - disse puxando a garrafa e afastando ele do fogão, Macau sabia cozinhar mas era muito desleixado no processo e sempre acabava com um corte ou uma queimadura, por isso eu preferia cozinhar - Vou fazer os ovos mexidos que você tanto gosta.
- Você sabe como me deixar de bom humor - falou selando meus lábios.
Comecei a preparar as verduras para cortar e Macau agarrou minha cintura descansando o queixo no meu ombro me assistindo cozinhar, era um hábito dele.
- A casa parece meio estranha. Sem o Chay - comentei.
- Ele sempre é agitado de manhã - sorriu ao dizer - Parece meio vazio sem a presença dele.
- Não faz tanto tempo assim que ele chegou mas sinto como se a gente se conhecesse há muitos anos.
- Eu também, ele é especial, gosto de tê-lo por perto.
- Pelo menos agora você terá companhia quando eu precisar viajar.
- Sabe, antes, quando você saia para resolver alguma coisa sozinho, o silêncio que ficava era torturante, eu sentia sua falta no segundo seguinte em que colocava os pés pra fora, poderia durar uma hora mas para mim era um eternidade, eu tinha medo de…você sabe - Macau Interrompeu sua fala mas eu sabia o que ele queria dizer: "eu tinha medo de você ir embora como nossos pais".
- Sente isso em relação ao Chay também? - ele suspirou me abraçando mais apertado.
- Sempre acho que alguma hora ou outra vou ficar sozinho - confessou.
- O Chay não posso garantir que ele vai ficar ao seu lado pra sempre porque isso depende dele, mas da minha parte, pode ter certeza, não vou te deixar, nunca.
- Eu sei, mas é bom ouvir isso, tenho mais medo de te perder do que de morrer - sorri pela sua fala dramática apesar de saber que ele falava sério.
- Posso te perguntar uma coisa?
- Sempre.
- Você sente ciúmes de me ver na cama com o Chay?
- Ciúmes? - perguntou em um tom de surpresa - Achei que essa palavra não existia no nosso vocabulário.
- Eu sei que conversamos muito sobre tudo isso, mas quero que me responda diretamente.
- Kim eu confio nos seus sentimentos por mim, sei que o Chay não está aqui pra dividir e sim pra somar, respondendo diretamente, não, eu não sinto ciúmes - disse me virando e pegando meu rosto com ambas as mãos - Eu só me apaixono por vocês cada vez mais todos os dias.
