Início da fuga

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  _ Acorda, escória imunda. Quando eu disse que você podia dormir?

  Diaz acordou desorientado, com aquela voz alta e arrogante o importunando.

  Havia acontecido o que Vênus o alertou. Assim que ele entrou dentro do castelo, um guarda o recebeu com um golpe de porrete no meio da testa, com força suficiente para o fazer desmaiar na hora.

  Sua cabeça estava doendo e suas mãos manchadas com um líquido seco e rubro, o seu sangue, e ao tentar levanta-las, percebeu que seus pulsos haviam sido amarrados nos braços  de uma cadeira feita de um metal enferrujado, com travas metálicas, também em péssimas condições. Uma sensação pulsante em ambos os braços ritmada com as batidas de seu coração, fez com que finalmente olhasse para seu próprio corpo, o que serviu apenas para lhe dar um pouco mais de desespero a sua mente, já que seus braços tinham sidos perfurados por longos pregos prateados coloridos pelo líquido que escorria a partir da ferida.

  _ Onde... eu estou? – sua voz falhou um pouco, e o homem que o vigiava se irritou com aquilo, apertando o cabo de sua espada com mais força.

  _ Me desculpe, Princesa, por interromper seu lindo sono, MAS NÓS NÃO TEMOS TEMPO PARA ISSO AQUI!

  Sua voz aumentou, representando sua raiva e junto de um olhar furioso em meio ao breu da sala, a espada atravessou o ar em um movimento diagonal criando um assobio fino, acertando o rosto do prisioneiro com o lado sem afiação.

  Diaz só não foi derrubado no chão, pois os pés da cadeira estavam enterrados bem firmes no piso de pedra da sala.

  _ Você parece familiar! – após o golpe, o guarda deu um passo para frente, sendo um pouco mais iluminado pela única tocha da sala, que estava atrás de Diaz. Mesmo sentindo uma dor forte que o desorientava, o prisioneiro percebeu um traço familiar no guarda, forçando a sua visão para reconhecê-lo.

  O homem, que não parecia ser muito alto, usava uma touca de pele simples, combinando com a sua roupa, feita ao mesmo estilo. Seus olhos, negros e cansados, apenas emitiam uma raiva razoável. Com exceção de uma cicatriz no pescoço, o homem não possuía nada de especial.

  A cicatriz, a qual Diaz reconhecia perfeitamente, tinha o formato de um raio mal desenhado, e se estendia desde o fim do queixo até a gola da camisa.

  _ Fenrir? – os olhos de Diaz se arregalaram, quando ele finalmente lembrou do nome que procurava.

  _ Há quanto tempo, Diaz! – aquele olhar ameaçador se transformou em algo mais amigável, mas, não menos assustador. – Sinceramente, seria mais simples se você não tivesse me reconhecido!

  A espada novamente se movimentou, dessa vez acertando a mão direita do prisioneiro, quebrando todos os dedos em um estalo agoniante. Diaz queria gritar, mas mordeu o lábio para não fazê-lo, abrindo uma ferida que logo começou a sangrar.

  _ O que aconteceu com você, Fenrir? – o sangue em sua boca possuía um sabor salgado e desconfortável, deixando ele um pouco enjoado.

  _ Por favor, Diaz, não deixa meu trabalho mais complicado! – ele igualou os ferimentos, acertando a outra mão com a espada, arrancando um grito de agonia do prisioneiro.

  _ Não vai mesmo me responder? – a dor alucinante que sentia, diminuiu sua capacidade de raciocínio, o que fez com que perdesse um pouco da noção do que falava. – Ou vai me deixar sozinho mais uma vez, Vermelho?

  O homem largou a espada no chão e sentou-se em um banco de pedra no canto da sala escura. O olhar dele se acalmou, mas ainda se mantinha sério. Suas mãos vacilaram por alguns segundos, e penderam por sobre suas coxas.

Fragmentos Da MorteWhere stories live. Discover now