Acordo

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“  Όταν ένας άνθρωπος ξυπνά από ένα μεγάλο όνειρο και βάζει όλη τη δύναμη της ψυχής του σε αυτό, ολόκληρο το σύμπαν συνωμοτεί υπέρ του.”


  Todo sonho possui um ponto de origem, sendo ele uma lembrança, uma ideia ou um simples desejo. Dizem que os sonhos mais poderosos podem se transformar em realidade, mas, é muito mais seguro acreditar que sonhos são apenas sonhos. Talvez, em uma realidade alternativa distante da razão comum, os sonhos possuam tal capacidade, de sair do subconsciente de uma pessoa, e criar uma existência real por conta própria.
  Sabendo o ponto de origem de um sonho específico, se torna mais do que possível resgatá-lo de volta, até mesmo do mar do esquecimento; resumindo, as verdadeiras raízes de certas árvores, sempre vão se encontrar embaixo da terra batida.
  E o que seriam então as nossas mais íntimas lembranças, e as mais profundas memórias? Seriam origens para futuros sonhos? Ou algum tipo de sonho que já vivemos? Quanto mais próximo da resposta certa, mais perguntas irão surgir a partir desse ponto. Mais uma vez, podemos resumir as lembranças em dois conjuntos: origem de sonhos e sonhos do passado.
  De uma maneira simples e simultaneamente complexa, os dois conjuntos de lembranças coexistem em perfeita harmonia, sendo um dependente do outro para sua própria existência. Enquanto um sonho necessita de um ponto de origem, da mesma forma, essa origem precisa de um sonho anterior a ela, para que se torne “real” na mente de cada ser.
  Humanos possuem o péssimo costume de escolherem suas próximas ações, baseando-se em sonhos ou ideias, que, na maioria dos casos, não possuem uma origem fixa; ou seja, que surgiram do nada em suas mentes, mas, que com a mesma velocidade, desaparecem para sempre de seus pensamentos.
  Enquanto o ser humano “racional” age por impulsos emotivos durante quase a sua vida inteira, outros seres desse mundo, aproveitam tal “racionalidade” para se fortalecerem... adquirir sabedoria... E para se alimentarem...
  Por muito pouco, o jovem Diaz não virou mais uma refeição para aquele espírito esfomeado.

 
  O espírito já estava em seus últimos momentos. Enquanto Sísifo o mantia erguido, pressionando seu pescoço contra uma das paredes de escuridão, a névoa que cobria o seu corpo absorvia e dissolvia todo aquele sangue que formava o corpo do ser na sua frente.
  _Me larga! Eu posso... Te transformar em algo mais poderoso... Me solta que eu te ajudo... No que for preciso!
  _A minha força vem da Morte. Como você poderia me ajudar, se ainda estivesse “vivo”?
  _Só me solta, Caçador! Eu prometo... Que não toco mais no garoto... Eu vou deixar ele em paz!
  _Você não havia dito que ele não voltaria mais?
  _Eu pensei que sim... Mas, eu tenho a sensação de que ele está... Voltando... De pouco em pouco... Você não consegue sentir isso?
  _Talvez... Mas, como posso ter a certeza de que você não está tentando me enganar?
  _Pergunta para a Morte... Ela... Deixaria a si mesmo morrer?
  _Você tem um pouco de razão, mas, infelizmente, você já perdeu a sua chance de sair “vivo”. Últimas palavras?
  _VOCÊ NÃO VAI CONSEGUIR, ENTENDEU? MESMO QUE THANATOS VOLTE, A NOVA DEUSA QUE ESTÁ EM SEU LUGAR, NUNCA VAI PERMITIR QUE ELE SUBA PARA O REINO DOS DEUSES... – O ser parecia desesperado, mas, nos seus últimos segundos de vida, permitiu que uma raiva reprimida guiasse as suas palavras.
  _Achei que você seria um pouco mais sábio do que isso... É uma pena mesmo... Nos veremos novamente no inferno...
  Por fim, a névoa finalmente consumiu completamente ao espírito, deixando apenas uma leve mancha vermelha na parede negra.
  _E agora?
  Sísifo olhou em volta, procurando por alguma saída, mas, percebeu que estava preso naquele pequeno cubículo formado por uma escuridão inexplicável.
  _Como essas paredes não se desfizeram após a morte dele? Ainda tem mais o quê para ser feito dentro desse lugar?
  Buscando em sua memória, nas centenas de anos de puro conhecimento armazenado em sua mente, ele acabou por se lembrar de uma vez em que vivera uma situação semelhante. Poucos anos após ser enviado para sua missão “eterna”, o caçador teve de matar uma criada mítica que era capaz de efetuar ataques mentais, e mesmo com a resistência que ele possui para esses golpes, um movimento inesperado da criatura mandou a sua mente para um “reino” vazio aonde os seus pensamentos pareciam caminhar na sua frente, o guiando para o nada.
  _A única diferença é que naquele lugar, tudo era completamente vazio... não dá nem para dizer que havia uma cor, já que até o branco era vazio...
  Dentro do vazio no qual ele se viu preso em uma época passada, Sisifo pôde aprender na pele que ataqueis mentais precisam de um certo gatilho para atingirem o êxito esperado (com as ultimas gotas de vitalidade que ainda existia em si, a criatura mítica transformou todas as suas forças em um ataque psíquico que o caçador não foi capaz de bloquear), e, em contra partida, também são necessários outros gatilhos para desfazer o efeito desses ataques (após alguns dias preso no vazio, o caçador finalmente conseguiu reunir todos os seus pensamentos andarilhos, e assim, se livrar daquela tortura vazia).
  _O que exatamente eu vou ter que fazer dessa vez? – um tanto frustrado, ele socou uma das paredes, mas, a escuridão que a formava nem sequer tremeu com o impacto.
  Para a infelicidade dele, aquela “prisão” não possuía uma saída visível aos olhos, e nem mesmo a sua névoa era capaz de desfazer aquilo que ele interpretou como uma “magia rara”.
  Alguns minutos se passaram enquanto o corpo de Diaz caminhava em círculos dentro daquela sala, ao mesmo tempo que a mente de Sisifo pensava em alguma maneira de sair daquele lugar.
  Um pressentimento... ou melhor, um frio na espinha fez com que ele detivesse seus movimentos por alguns segundos, ansioso pelo que havia de acontecer logo em seguida. Não era como se ele soubesse o que ia ocorrer, ou por que aquilo ia acontecer, mas, algo lhe disse que sua liberdade estava próxima; talvez tenha sido o lado humano do dono daquele corpo, ou simplesmente o seu instinto de caçador que resolveu assumir o controle de seus pensamentos.
  _Isso é realmente sério? – um sorriso surgiu no canto de sua boca, ao mesmo tempo em que sentia a sua existência sendo arrancada daquele corpo – Quando aquele espirito irritante disse que você estava voltando, eu nem pude acreditar...
  _Pra mim, tudo também parece muito irreal...
  _Como você conseguiu voltar, garoto?
  Diferentes das outras vezes em que assumira o controle de seu corpo novamente, Diaz agora se sentiu forte; pelo menos não estava prestes a desmaiar por causa de um cansaço desconhecido.
  Sisifo também estava diferente. Dessa vez... ele não sumiu, ao menos não por inteiro. Quando perdeu o controle do corpo do garoto, a nevoa que o cercava também se afastou dele, se reunindo em um ponto na frente de Diaz, até formar uma forma semitransparente e acinzentada, que servia como um corpo para o caçador.
  _Primeiro, como você ainda está aqui? – Diaz caminhou em volta daquele ser à sua frente, intrigado com aquele corpo peculiar.
  _Por que você não parece assustado comigo?
  _Depois de um breve encontro com a Morte, você parece não me assustar.
  _Você se encontrou com Thanatos?
  _Sim. Mas, você não respondeu a minha pergunta!
  _Essa sala parece ter sido criada por aquela criatura para facilitar os ataques diretos em sua alma. Pelo que parece, isso também influencia na minha existência, já que basicamente vivo no mesmo corpo que você.
  _E?
  _Se você quer saber o porque desse corpo, infelizmente não terei uma resposta sobre isso.
  _Pensei que você possuía um conhecimento dos deuses, caçador! – o deboche na fala dele era tão evidente que chegou a incomodar levemente a Sisifo.
  _Existem algumas coisas que nem mesmo os deuses sabem. E, você acha mesmo que pode ser tão arrogante assim na minha presença?! Você é só MAIS UM FRAGMENTO!
  _Será?
  _O que Thanatos falou para você?
  _Um segredo! Brincadeira, acho que eu passei muito tempo no meu corpo de criança!
  _Como assim?
  _É uma história engraçada, que você só vai entender quando se juntar a mim novamente, tendo assim acesso as minhas memórias.
  _Então esse é o seu plano? Fazer o que aquele soldado disse, e tentar fazer um acordo comigo?
  _Meio que se eu quiser continuar vivo eu preciso fazer isso.
  _E?
  _O quê?
  _O outro motivo... Quando você percebeu o que a Morte te deu, outra parte da sua personalidade começou a despertar novamente... Me diga, Diaz, o que você quer fazer com a benção de Thanatos?
  Antes que a resposta saísse de sua boca, uma risada arrogante fez contraste com o olhar afiado que agora decorava os olhos do garoto.
  _No início, eu só tava aceitando que ia ser morto sem motivo, e, de pouco em pouco, fui desistindo de tudo. Mas, contra aqueles bichos da terceira sala eu me senti um pouco mais forte do que normal, só que aquilo não durou muito tempo. Novamente, essa sensação de força me tomou por inteiro mais algumas vezes e eu não consegui resistir a vontade que cresceu dentro de mim...
  _...
  _E, aqui nessa sala, novamente eu tive que ver a memoria mais dolorosa da minha vida! Várias e varias vezes... De todas as formas possíveis eu fui obrigado a ver a minha irmã morrer, morrer e morrer cada vez mais... sempre diante dos meus olhos...
  _Quem matou a sua irmã?
  _Eu quis esquecer... fiz tudo o que me mandaram e parei de buscar por aquele homem, mas, aquele sorriso... aquele maldito sorriso arrogante... aquele olhar demoníaco... aquelas mãos sem calos, mas, que fizeram meu rosto doer... aquele monte de merda em forma de homem... Eu finalmente me lembrei quem fez isso com ela... quem fez isso comigo!
  _Qual vai ser o nosso trato Diaz? Qual é o acordo que você quer fazer com o emissário da Morte?
  _Sísifo, eu farei o que for necessário para trazer o seu deus de volta a vida, custe o que custar, e eu só te peço força! Eu farei qualquer coisa se, em troca, você me der o poder necessário para me vingar daquele desgraçado!
  _Faz muito tempo que eu não faço nenhum tipo de acordo, e, sinceramente, não gosto de sentir que estou sendo usado como uma ferramenta, mas, não existe nada melhor do que a morte para trazer a Morte de volta. Então eu aceito o trato, Diaz.
  Como um costume antigo, Sisifo esticou sua mão para o garoto apertá-la, assim selando o acordo formado entre os dois.
  _Isso é até engraçado!
  Assim que ambas as mãos se encostaram, aquela nevoa começou a ser lentamente absorvida pelo corpo de Diaz, até que ambos voltaram a existir em um único corpo.
  _E agora? Como a gente sai daqui?
  “Usa o poder que você tem em suas mãos!”
  _Agora você vai me responder quando eu precisar?
  “Não fica se achando, as minhas interações com você vão depender muito da minha paciência!”
  _Ok, ok. Então o que exatamente eu tenho que fazer?
  “Primeiro, a gente precisa que você consiga invocar a nevoa da maneira correta, sem consumir a sua própria energia vital.”
  _Espera! Todas as vezes que essa fumaça saiu de mim, isso tava meio que me matando?
  “Você acha que os poderes da Morte surgem a partir do quê?”
  _Meio que faz bastante sentido... Mas, tem algum jeito de eu usar isso sem assinar meu suicídio?
  “É isso que eu quero te ensinar agora!”
  _Ok, sou todo ouvidos.
  “Agora que posso ver suas memorias de novo, estou entendendo porque você está agindo assim. E, sinceramente, é um pouco vergonhoso ver Thanatos agindo igual a uma criança humana.”
  _Podemos focar no meu treinamento?!
  “Ok. Bem, voltando ao que eu estava falando, se você não quiser morrer de exaustão, é melhor controlar a névoa corretamente.”
  _Desculpa, mas, por que tinha de ser uma nevoa? Não podia ser uma espada? Uma lança? Ou uma armadura?
  “Primeiro, Thanatos sempre gostou de fazer entradas triunfais! E, segundo, você ainda não percebeu, né? Assim como a água, a nevoa também consegue se moldar em qualquer forma já que não possui um corpo físico.”
  _Entendi.
  “Prosseguindo, a nevoa transforma a energia vital em energia de morte, liberando essas habilidades sobre-humanas que você já experimentou um pouco. Mas, como você mesmo já percebeu, a nevoa também faz a função contraria, transformando a morte em vida, podendo curar ferimentos que levaria para o outro lado no mesmo instante. Felizmente, para executar o processo de cura, a nevoa precisa absorver uma energia vital vinda do exterior de seu hospedeiro.”
  _Ou seja, pra me curar, eu tenho que roubar a vida de outras pessoas.
  “Exato. E você também pode usar essa energia roubada para invocar a nevoa, com uma potencia maior, já que assim ela não vai consumir as forças... pelo menos, não enquanto existir energia roubada. Então, aqui vai um conselho, ou você arruma um aliado que seja capaz de restaurar a sua energia vital com alguma magia raríssima, ou você só usa a benção de Thanatos quando tiver energia de sobra, entendeu?”
  _Acho que sim. Então... agora eu posso usar esse poder?
  “Sim. Enquanto você não estava aqui, eu absorvi toda a energia daquele espirito, e, foi bom, porque ele tinha mais vida do que parecia. Provavelmente essa energia vital veio dos fragmentos da sua alma que ele conseguiu ‘comer’.”
  _Espera, então quer dizer que ainda estão faltando pedaços de mim?
  “Não precisa se preocupar porque são pedaços tão pequenos que você nem vai sentir falta. Você está pronto?”
  _Sim!
  “Primeiro, você conseguir esse calor diferente no seu interior? Essa é a energia que eu absorvi. Você tem que focar nela, ao ponto de se imaginar segurando-a...”
  _Isso é um pouco confuso, mas, acho que tô entendendo!
  “Já é um começo...”
  _Acho que deu certo. O que eu faço agora?
  “Ao mesmo tempo em que segura essa energia, você tem que invocar a nevoa usando-a como fonte poder para ela. Você já invocou por conta própria, então acho que isso não vai ser tão difícil pra você...”
  Alguns minutos se passaram enquanto Diaz falhava várias vezes em manter a concentração naquelas duas coisas, que, obviamente, eram muito mais complicadas do que Sisifo fazia parecer.
  _Finalmente, consegui. – Quando aquela fumaça cinza começou a sair de seus dedos, Diaz já estava até suando frio por causa do grande esforço que aquilo demandou dele.
  “Bom trabalho. Agora só mais uma tarefa simples. Enquanto você mantém a concentração para a nevoa não se desfaça ou comece a usar a sua energia vital, você tem que usá-la para sentir o ponto fraco dessa sala, e atacar com toda a força que conseguir.”
  _Atacar com a nevoa também?
  “Sim. Obvio.”
  _Você não pode me dar uma ajudinha?
  “Você não consegue fazer isso sozinho?”
  _Você consegue?
  “Se eu estivesse com meu corpo verdadeiro, talvez...”
  _Papo furado. Anda logo e me dá uma ajudinha!
  “Às vezes você acaba sendo muito arrogante, garoto. Você tem sorte que também estou preso aqui com você!”
  _Achou o ponto fraco?
  “Felizmente sim. Eu já estava procurando o ponto fraco desde o primeiro momento que você invocou a nevoa.”
  _Por que você não fez tudo isso desde o começo?
  “Você quer ou não o poder da Morte?!”
  _Sim, eu quero.
  “Então chega de perguntas. E, também, existe um limite para o quanto que eu posso gastar do seu corpo. Literalmente, só você pode usar o potencial completo do seu corpo.”
  _Então eu sou mais forte que você?
  “A sua arrogância vai acabar te matando!”
  _Eu tô, mentindo?
  “Você tem acesso as memórias das suas encarnações passadas, né? No mínimo, você já sonhou com isso. Mas, você sabe muito bem que, contra o meu corpo verdadeiro, você nunca me derrotou!”
  _Eu espero nunca ter que te enfrentar!
  “Também espero...”
  _Então, vamos sair daqui?
  “Você já sabe o que tem que fazer?”
  _Eu só tenho que socar a parede que você apontar, usando tudo o que tenho.
  “Pronto?!”
   _Sim. Vamos embora dessa escuridão!

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⏰ Última atualização: Dec 03, 2023 ⏰

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