Terceira Sala

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  A terceira sala... chamada assim, obviamente, por ser a terceira das três grandes salas que se situam dentro da grande masmorra de Kentros, localizada no subterrâneo da grande cidade. Das três salas, essa era a maior entre elas, tendo quase mil metros quadrados de área total. Móveis não haviam no local, e apenas seis pilastras de sustentação moldavam a decoração da sala. As paredes, todas esculpidas em pedra bege, pareciam brilhar com a iluminação do local, que também refletia nos pisos brancos no chão. Cinco metros de altura, era a altura máxima do teto, também da cor branca.

  Diaz olhava para aquele ambiente, surpreso e encantado com a beleza que aquelas duas cores proporcionavam, mas, o que mais lhe intrigava, era o fato de não enxergar nenhum cristal de luz, e mesmo assim, existir uma iluminação forte e confortável.

  _ Bem... Você está preparado, Diaz? – Júpiter deu um tapa nas costas dele, indicando que mesmo se a resposta fosse negativa, não havia mais forma de voltar a partir dali. – Nós só temos que chegar até o outro lado da sala, e, assim como entramos, vamos sair de uma forma “mágica”!

  Ela começou a caminhar em direção ao outro lado, seguindo pelo meio das pilastras que formam um longo corredor aberto. Diaz começou a acompanhá-la, mas, ao quinto passo dado, sentiu um toque leve em seu ombro. Assustado, ele pensou em se virar, mas, felizmente, a mão pesada de Fenrir impediu o movimento de sua cabeça.

  _ Ela só se esqueceu de dizer uma coisa, Diaz. – a voz dele era séria, e, por algum motivo, também parecia um sussurro lento, dito por alguém que tentava se esconder de algo – Aqueles que não possuem autorização para passar por aqui, não podem escolher voltar atrás, então eu recomendo para você que, em hipótese alguma, não olhe para trás!

  A advertência atiçou a curiosidade de Diaz, o fazendo imaginar o que aconteceria se desobedecesse e se virasse para trás, mas, felizmente, o medo que também foi provocado pelo aviso, impediu que colocasse sua própria vida em risco.

  Diaz voltou a andar, agora acompanhado por Fenrir, que se matinha ao seu  lado e não tirava os olhos deles.

  _ Não... Foi.. Dessa... vez...

  Uma voz seca e sem emoção surgiu na cabeça de Diaz, como se alguém tivesse dito algo no fundo da sala, e o som das palavras fazia uma breve pausa entre uma e outra.

  _ Você ouviu isso? – ele perguntou assustado a Fenrir, evitando mexer sua cabeça para o lado.

  _ Não! – a resposta fez Diaz ter um arrepio, e a continuação, o fez ter outro – Mas, infelizmente, você não está louco!

  _ Como assim?

  _ A voz que você ouviu, parecia apenas um leve vento certo? – a expressão de Fenrir não se alterou, mantendo se sério o tempo todo.

  _ Sim...

  _ Essa é uma das vozes dos atáphois que morreram nesse local, por conta de motivos diversos.

 (Atáphoi: sem túmulo; referência as pessoas que morriam na Grécia Antiga, e por não ter um ‘enterro’ decente, retornavam para o mundo dos vivos, cobrando o que mereciam por direito.)

  _ Todos eles morreram por que não podiam passar por aqui? 

  _ Alguns... Mas você é capaz de imaginar, né? No começo, não existiam essas almas presas aqui, então como isso começou de verdade?

  _ Execuções?

  _ Isso. E a maioria dos executados, nem mesmo eram os verdadeiros culpados pelos crimes que eram acusados.

Fragmentos Da MorteWhere stories live. Discover now