No final do século XIX, a sociedade britânica passava por significativas mudanças, todavia um fato continuava imutável: mulheres eram pressionadas a se casar.
Na década de 1890, lady Katherine Morrison, mãe do importante duque de Hereford, decidiu q...
"Não há nada mais assustador para um homem do que se deparar com uma mulher munida com uma arma de fogo. Pior ainda, se ela souber atirar".
—Lady Joan Morrison
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Dos três Morrison's, Joan, a filha do meio, sempre foi conhecida como a mais racional entre eles. Poucas foram as vezes em que fora surpreendida por algo, pois todas as ações dela eram meticulosamente planejadas. Entretanto, desde que embarcara naquele navio, tudo havia mudado. Joan, que sempre agira com frieza, passou a demonstrar um comportamento imprudente e por vezes impulsivo. Culpava, é claro, lorde Albert Davies, o homem responsável por despertar o pior que havia nela.
E naquela manhã, após a noite da tempestade, novamente a moça fora surpreendida.
Assim que despertou, meio aturdida, levou um susto ao notar o som de outra respiração no cômodo, e quando tomou coragem para abrir os olhos, deparou-se com Davies, muito tranquilo, deitado junto dela na cama.
Joan teve a decência de ficar estupefata, e por alguns instantes, prendeu a respiração com medo de acordar o homem.
Após o susto inicial, ela finalmente recobrou a capacidade de raciocinar e analisou a situação com frieza, constatando logo a seguir que nada demais ocorrera ali.
Davies, que embora tenha dormido com ela, encontrava-se na outra extremidade da cama, quase caindo, enquanto Joan, espaçosa como era, ocupou todo o resto colchão, jogando as pernas por sobre o pobre homem que teve de se contentar com o pouco do espaço lhe sobrara. Naquele momento, ela teve pena dele.
Então, para o infortúnio de Joan, Albert abriu os olhos.
— AAAAAH! — ela gritou, surpresa, tomando uma distância ainda mais segura dele.
Davies, acometido pelo espanto, acabou caindo da cama e se estatelado no chão.
— Senhorita Taylor, quer me matar de susto? — Levantou-se, meio troncho, coçando os olhos para se habituar a claridade do dia.
— Você não deveria ter acordado. — pontuou sem coerência alguma. — Aliás, nem deveria ter dormido ao meu lado.
Davies abriu a boca perplexo diante da ousadia daquela mulher.
— A senhorita é quem está no lugar errado. Até onde eu me lembro, essa cabine me pertence e essa cama é minha. — rebateu indignado.
Joan, que não era acostumada a ceder facilmente, ao invés de aceitar que estava errada, levantou-se e logo partiu para o ataque.
— Essa noite nunca aconteceu. Nós nunca dormimos juntos. Se me perguntarem algo a respeito disso, eu negarei até a morte. Em hipótese alguma, vou admitir que dormimos juntos, na mesma cama. — Arregalou os olhos ao perceber a gravidade da situação. — Jesus! Nem pense em me pedir em casamento, Davies! Eu juro que me atiro ao mar.
