"É deveras intrigante — e no mínimo estranho — ser culpada por ser exatamente quem sou".
Lady Joan Morrison
Na manhã seguinte, tanto Joan quanto Albert, amanheceram todos sorridentes. Trocando carícias, ambos completamente apaixonados, tal como deveria ser. Porém, por mais que quisessem permanecer ali, naquela cama, e se esquecerem do resto do mundo, havia responsabilidades os aguardando. Joan tinha um cavalo para adestrar e Albert necessitava ir a Manhattan, tratar de negócios com o senhor Vanderbilt. Por tal razão, os dois, em um acordo mútuo, deixaram a cama.
— Santo Deus! — Joan exclamou, nervosa, ao se deparar com uma evidente mancha vermelha no lençol branco. — Acho que estou nos meus dias de sangramento! — Arregalou os olhos apavorada. — Não, isso não é possível! O ciclo se encerrou semana passada. — A cor sumiu da face quando ela exclamou: — Jesus! Acho que estou com defeito! Estou sangrando de novo! É Deus me punindo por meus pecados! É por isso que só pode ter relações sexuais após o casamento! Oh, meu Deus! Eu sangrarei para sempre! — Lamentou, quase chorando, mantendo a atenção fixa na incriminador mancha vermelha.
Albert, esforçando-se muito para não rir de todo aquele drama, explicou com toda paciência:
— Jô, meu amor. Isso é apenas a prova de que era virgem. Quando o hímen se rompe, geralmente ocorre um sangramento. Isso não quer dizer que está sendo punida por Deus, ou que seu ciclo de sangramento desregulou. É só um sangramento completamente normal após a primeira relação sexual. Não haverá sangue nas próximas vezes.
— Certeza? Acho que minha mãe me rogou uma praga. Lá do outro lado do Oceano, ela deve ter sentido que eu pequei. — Era nítido o pavor na voz dela.
— Absoluta, meu amor. — A senhorita está completamente normal, livre de qualquer maldição, com exceção, é claro, do fato de que já não é mais virgem.
— Ufa! — Ela respirou aliviada. — Por um momento achei que estava sendo punida por ter relações antes do casamento. Achei que ia sangrar para sempre. — Voltou arregalar os olhos, novamente em pânico, quando afirmou:— Albert! Eu posso estar grávida! Santo Deus! Eu com certeza estou grávida. — Lançou um olhar para a barriga despida. — Tem uma criança aqui dentro. — Apontou para o ventre.
Davies caiu na gargalhada. Aquela mulher era uma criatura única.
— Acredito que não. Deve ter de tudo aí dentro, fezes e ácidos gástricos , menos um bebê. Tenho certeza de que tirei antes.
Joan franziu o cenho confusa.
— Não estou entendendo, você tirou o bebê quando?
Albert suspirou profundamente e tentou explicar de uma forma que ficasse muito claro para ela, sem que ele próprio risse da situação deveras singular.
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Como Domar Lorde Devil
Historical FictionNo final do século XIX, a sociedade britânica passava por significativas mudanças, todavia um fato continuava imutável: mulheres eram pressionadas a se casar. Na década de 1890, lady Katherine Morrison, mãe do importante duque de Hereford, decidiu q...